O campeonato baiano não é parâmetro para testes de clube série A visando o campeonato nacional. Não dá para o Bahia medir a sua condição de competitividade num campeonato doméstico, polarizado por tradição, onde só o Vitória é um bom adversário de modo efetivo. Os demais são meras ilusões. Uma coisa é enfrentar clubes do campeonato baiano, outra é enfrentar times da Copa Nordeste onde existe uma competitividade entre o sofrível e o razoável para o preparo de um time para a série A.
– O Bahia precisa quebrar paradigmas e colocar para a disputa do campeonato doméstico o time sub-20 e fazer da Copa Nordeste e Copa Brasil, em suas fases preliminares, as devidas experiências para a formação do time ideal para o campeonato brasileiro.
Apenas três clubes na Bahia possuem respectivamente infraestrutura: Bahia; Vitória; e Bahia de Feira. Ainda assim, este último sequer conseguiu permanecer na série A visando o campeonato baiano de 2025. Nesse caso me parece que houve falha no planejamento a médio prazo porque times sem capacidade de investimento em jogadores prontos, profissionalmente, porém com uma boa estrutura física, tem de investir tudo que pode na base de formação. A salvação desses clubes interioranos e do próprio campeonato baiano está na formação de valores e não no imediatismo anacrônico.
Não há como se negar o óbvio, existe uma deficiência crítica dos dirigentes de futebol da Bahia. É tristonho vermos a Juazeirense, por exemplo, querendo ser uma força com um plantel de jogadores, em sua maioria, passageiros do ocaso profissional no futebol. O presidente do clube ao invés de tentar montar uma estrutura de razoável para ótima, se contenta, ao que parece, sobreviver com uma estrutura inadequada e ainda usar um estádio em péssimo estado para jogos oficiais num claro intuito de tirar proveito técnico, nivelado por baixo – isso é tão tupiniquim…
A mais tradicional marca de futebol do interior da Bahia, o Fluminense de Feira de Santana, considerado como “Touro do Sertão” ou “o Flu da Princesa do Sertão”, sucumbiu no tempo e espaço por falta de dirigentes capazes de não deixar morrer a única terceira força que a Bahia possuía no futebol – pelo menos nas décadas 60/70.
Agora o Flu de Feira está ressurgindo como SAF e este colunista torce para que haja alguém capaz de encontrar o investidor certo para reconduzir o “Touro do Sertão” aos seus melhores dias de glória. A Princesa do Sertão não para de chorar de saudades do seu mais digno súdito e autêntico representante da princesa sertaneja – a bonita Feira de Santana.
Mas como nem tudo é tão desanimador assim surgiu o Barcelona Futebol Clube – oficialmente Ilhéus Soccer Futebol Entretenimento S/A –, uma agremiação esportiva da cidade de Ilhéus, primeiro clube empresa do sul da Bahia, fundado em 17 de setembro de 2019, filiou-se na Federação Bahiana de Futebol em 22 de outubro do mesmo ano. Atualmente disputa o campeonato baiano e está classificado para os jogos finais.
Os idealizadores do novo clube de Ilhéus, liderados pelo empresário Wellington Nascimento, tem claro objetivo de crescimento e, estar em nível nacional, faz parte de um projeto objetivo a longo prazo. Por ser um clube muito novo, a chamada Onça Pintada ainda não tem um padrão de gestão. Parte da administração e funcionários é de São Paulo, enquanto isso mantém uma pequena equipe administrativa em Ilhéus e de vez em quando um funcionário vai de São Paulo para o Sul da Bahia fazer uma espécie de auditoria nos custos.
Os objetivos giram em torno de um projeto de médio a longo prazo e seu maior destaque fica por conta de uma pousada exclusiva para a equipe de futebol. Lá os jogadores dispõem de fisioterapia, médicos, academia, e se preparam fisicamente com aparelhos modernos e condições adequadas à preparação time, de acordo com o CEO do clube.
Sobre dinheiro, o clube é financiado no momento pela empresa Adilis e o orçamento em 2023 girou em torno de R$ 1,5 mi prevendo chegar nas finais do campeonato baiano, o que de fato se verifica – o Barcelona de Ilhéus efetivamente vem participando dos campeonatos domésticos desde a sua fundação de forma bem planejada, mas a verdade é que precisa de um investimento substancial para chegar aonde deseja.
Afora a novidade sobre o Fluminense de Feira, que na verdade recomeçará todo um longo processo de ajustes à nova realidade e adequação em cada fase de agora em diante, nada mais se espera para o campeonato baiano de 2025, senão a mesmice de sempre. O Atlético de Alagoinha, bicampeão baiano, não consegue se auto alavancar por falta de dirigentes competentes. Então, o que esperar desses que sequer sabem surfar a onda em fases favoráveis? Nada, exceto fracassos.
Os dirigentes das federações de futebol no Brasil apenas funcionam para alimentar ligas interioranas e fazer politicagem para guindar pessoas – sem a representatividade necessária para o cargo – à presidência da CBF, como ocorre desde sempre. As ligas interioranas não passam de currais eleitorais das federações estaduais de futebol, e essas não fazem mais do que alimentar esse sistema apodrecido do futebol no Brasil.
Então chego à conclusão de que para o Bahia não é sensato ter um elenco com valores individuais renomados e caros para usá-lo num campeonato doméstico, em péssimos gramados e sofríveis estádios sem a segurança adequada. Colocar um time sub-20 para disputar o campeonato doméstico pode parecer uma medida antipática, mas na verdade é uma preservação. Em caso de se chegar à final usa-se a prerrogativa de colocar ou não o time principal. Mas que esse paradigma precisa ser quebrado, não resta dúvida.
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