Iludidos pelo Suspiro da Morte

Esse foi um texto difícil de escrever, sobretudo porque não gostaria de ter que abordar esse tema, mas as semelhanças com a situação do Bahia chamaram minha atenção.

Na medicina existe uma situação que intriga muitos profissionais e estudantes, onde um paciente debilitado — já em estado grave e sem expectativa de cura — obtém uma melhora significativa em um curto espaço de tempo, como se um milagre estivesse sendo operado.

O paciente, que estava agonizando em dor, agora está bem, como se nada tivesse acontecido, sorrindo e gerando sorrisos, uma alegria generalizada que, infelizmente, precede uma tristeza difícil de ser superada. Essa reação sobrenatural nada mais foi do que um despertar temporário, a reunião de todas as suas forças para lutar pela vida (ou para se despedir dela).

Muitos chamam isso de “Suspiro da Morte”, a última subida à superfície para buscar o fôlego final antes de se afogar no mar escuro. Temo que esse seja o caso do Bahia.

Sendo assim, o “Suspiro da Morte” tricolor teria sido a sequência de três triunfos consecutivos contra Goiás, Internacional e Fortaleza, depois disso começamos a afogar, mas não havíamos percebido.

Com o triunfo do Cruzeiro sobre o mesmo Fortaleza, fora de casa, na noite de ontem (18), o Bahia voltou para a zona de rebaixamento e agora está a dois pontos de sair (pode chegar a três). O time que dependia somente de si para permanecer na primeira divisão, agora necessita de um verdadeiro milagre para não ser rebaixado.

O que me conforta em todo esse cenário desagradável, é que mesmo com o iminente rebaixamento, sei que o Bahia não morrerá de fato. Clubes de massa não morrem, muito pelo contrário, eles possuem o combustível necessário para, como uma fênix, renascer das cinzas e voltar a brilhar com toda intensidade. 

Somos o exemplo perfeito disso. Morremos inúmeras vezes, mas renascemos em todas e, caso isso realmente aconteça, dessa vez não há motivos para que seja diferente. O processo de morte-renascimento é doloroso e demorado, ninguém gosta disso, mas às vezes é inevitável.