Juninho, Matheus Bahia, Daniel, Rodriguinho, Rossi e Gilberto. Todos os seis foram titulares na partida decisiva, na final que trouxe o quarto título da Copa do Nordeste de volta pro maior da região. Em comum, ainda que em diferentes graus, todos jogadores que, num passado mais ou menos recente, sofreram fortes críticas da torcida tricolor.
Nada contra as críticas. Inclusive, eu me incluo entre estes críticos, já que, recentemente, disse achar Matheus Bahia pior tecnicamente do que Juninho Capixaba e defender que ele não deveria permanecer no grupo. Continuo achando que o Bahia precisa de um lateral esquerdo pra assumir a “camisa 6” (sou daqueles antigos que se referem à posição pelo número da camisa). Contudo, reconheço a evolução deste jogador jogo a jogo. Longe de ser brilhante, vem a cada partida crescendo. No jogo da semi e principalmente na final de sábado, teve ótimas atuações.
Só acho que as críticas devem ser feitas com cuidado, com algum respeito. E um jogador que, na minha opinião, foi injusta e desrespeitosamente criticado foi Gilberto. Já falei um pouco sobre isso na coluna anterior, mas queria falar de novo, porque alguns marginais foram numa foto da filha de Gilberto com a camisa do Bahia, na página de sua esposa, xingar, ofender, destilar ódio. Isso é inadmissível e todo torcedor de verdade do Bahia deve bradar contra uma atitude dessas. Muito da entrevista que ele deu após o jogo, falando em afunilamento da trajetória dele no Bahia, usando um tom de despedida, com certeza tem a ver com esses bandidos. Gilberto é um dos maiores artilheiros do clube, sempre deu a cara a tapa e ontem coroou sua entrada no hall dos ídolos tricolores, fazendo o gol que, até então, dava o título ao time (e que veio possibilitar que o time fosse pra disputa de pênaltis que culminou na quarta taça regional).
Outro atleta que sofreu críticas pesadas e muitas vezes desrespeitosas foi o zagueiro Juninho. Eu já me irritei com os erros defensivos dele ao longo da temporada passada. Mas, até por se tratar de um zagueiro relativamente jovem, canhoto, de boa velocidade, que representou um investimento alto para os padrões tricolores e que teve seus bons momentos no clube, principalmente em 2019, sempre achei que não era pra rifar o cara. Lá no início da temporada, inclusive, quando ele já estava no olho do furacão, na coluna onde expus quem achava que deveria sair ou ficar, cravei um “fica” para o zagueiro. O fato é que ele entrou numa situação complicada no primeiro jogo e, ao lado do ótimo Conti, já tinha feito boa partida. No sábado fez um jogo irretocável defensivamente e me parece que estar num time mais ajeitado, como é essa equipe de Dado, ao lado de um zagueiro sólido como Conti, fez seu jogo crescer. Como disse um amigo, se esse crescimento e essa solidez de Juninho continuar, significará que temos um ótimo reforço e um quarteto de zagueiros bom para a Série A (que ainda pode se tornar um bom quinteto com o promissor Gustavo Henrique, ou até sexteto, com Ignácio).
Continuando na lista dos outrora humilhados, destacaria Daniel, que teve sua passagem pelo Bahia condenada por muitos. Este é um cara que tem um futebol que sempre gostei, ainda que ressalvando a necessidade de ter mais intensidade e de ser mais aproveitado na posição que gosta, armando o time por trás, dando saída de bola. Na mencionada coluna que fiz o meu raio-x sobre o elenco tricolor foi justamente essa ressalva que fiz, ao cravar que ele deveria ficar em avaliação. Pois seu aproveitamento com Dado até aqui já é suficiente, pelo menos pra mim, pra cravar que ele deve ficar. Pra mim é um dos jogadores que mais cresceu nesta temporada 2021, sempre jogando como segundo homem de meio de campo. É lógico que haverá situações que ele será sacado, para ter alguém com mais poder de marcação, mas este é um tipo de jogador raro, difícil de encontrar por aí. Então não só manteria como acho que a diretoria deveria estender seu contrato, que vence em dezembro/2021, afinal tem apenas 25 anos de idade.
Rossi e Rodriguinho sofreram suas críticas mais pesadas ao longo da temporada passada e já se recuperaram há mais tempo, afinal foram cruciais no fim da temporada 2020 e para manutenção do clube na Série A. Mas salta aos olhos o crescimento de ambos nas mãos de Dado Cavalcanti, principalmente do camisa 10 tricolor. Nas últimas duas partidas (Independiente e Ceará) Rodriguinho teve atuações memoráveis, dando passes, finalizando, até recompondo quando preciso. Rossi, por sua vez, tem sido uma válvula de escape pela direita e muito importante também na fase defensiva. Ainda que ache que o Bahia precisaria de um jogador de beirada mais eficaz na frente, não dá pra rifar o Búfalo do grupo e, em alguns casos, do time titular.
Hoje, já começam críticas mais pesadas a jogadores como Lucas Araújo e Óscar Ruiz, somando-se às críticas pesadas que Juninho Capixaba e Alesson sofreu e ainda vem sofrendo. Eu mesmo já cravei que Alesson não é jogador pro Bahia. Penso que os exemplos acima podem servir de exemplo, inclusive para mim. A lição pode ser que às vezes é injusto cravar premissas como essas. Ou pelo menos servir para fazer a gente pensar um pouco antes de cravar sentenças assim. Ainda acho que Alesson não deve ficar. Com o crescimento de Matheus Bahia e a provável chegada de um lateral esquerdo para a sequência da temporada, já acho que Juninho Capixaba poderia sair ou mesmo ser aproveitado na segunda linha, como um extremo esquerdo, já que vejo qualidades ofensivas nele. Com relação aos recém-chegados, penso ser um exagero cobrar algo deles agora. O primeiro é um jovem jogador. O segundo é um cara que está morando fora do próprio país pela primeira vez, se ambientando a um futebol mais competitivo. Não dá para cravar em poucos meses que o cara não serve pro Bahia.
Não tenho a pretensão que as críticas acabem. O Bahia é um time de massa e está sempre sujeito à paixão de seus torcedores, para o bem e para o mal. A gente é chato pra caramba. Reconheço. Mas, pelo menos de meu lado, vou me esforçar para que minhas críticas futuras se mantenham restritas ao campo e bola, no caso dos jogadores, e às decisões administrativas, no caso da direção (inclusive, este será um tema futuro das minhas despretensiosas e irrelevantes linhas).
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