Esse famoso bordão, consagrado na voz do locutor Galvão Bueno, serve bem para exemplificar o sofrimento do torcedor tricolor durante as finais do campeonato baiano. Nem vou falar das emoções das duas partidas em si ou dos problemas com as arbitragens. Essas são águas passadas e já não mais movem os nossos erráticos moinhos. Sofremos mesmo por ver um time com tantas expectativas positivas render tão pouco em campo, se deixando abater sem oferecer maiores resistências ao adversário que, diga-se de passagem, portou-se muito bem.
Sofremos também porque não vislumbramos nos dois combates a liderança e o espírito vencedor que costumamos associar ao nosso comandante em campo, Rogério Ceni. Em quatro meses, desde a triunfante partida contra o Atlético-MG que garantiu nossa permanência na série A, perdemos a identidade vencedora que acreditávamos haver recuperado. O que se passa? É a pergunta que todos queremos encontrar respostas. Problemas entre treinador e elenco? Mau uso das peças disponíveis? Insistência num esquema de jogo único? Excesso de improvisações? Difícil responder. É o tipo de questão em que eu arriscaria a alternativa: todas as respostas estão corretas.
Pior de tudo isso foi perceber que, talvez, nem o próprio Ceni saiba ao certo porque a equipe não rendeu nas decisões do campeonato baiano. Suas explicações para o mau desempenho nos Bavis não convenceram nem a ele mesmo, embora tenham gerado bastante desconforto ao grupo. Já havíamos alertado para as lacunas desse elenco e deixado claro que o grupo City se arriscava em não investir em determinadas posições. Mas, até aquele momento confiávamos na capacidade de nosso treinador encontrar atletas polivalentes que estavam suprindo essas carências. E, acrescente-se, sempre antevimos dificuldades no Brasileirão por conta dessas deficiências. A grande surpresa foi a conta ter chegado cedo demais, ainda durante o baiano.
O grande problema que ficou evidente ao longo dos jogos decisivos do estadual é que essas improvisações nos deixaram reféns de um esquema tático com poucas variações possíveis e, pior, nos tiraram a possibilidade de contar com atletas para substituir peças que não estejam rendendo bem ou que cansem no decorrer das partidas. Em português mais claro: temos um time de meias! Meia improvisado no ataque, meia improvisado na defesa… enfim, um verdadeiro time “meia boca”, com perdão do trocadilho e do exagero!
Mesmo a grande “virtude” desse elenco, o meio de campo formado por quatro jogadores de alto nível, Caio Alexandre, Jean Lucas, Cauly e Éverton Ribeiro, se mostrou demasiado frágil para enfrentar uma equipe em que o vigor físico prevalece, expondo toda nossa dificuldade na transição defensiva. Ou seja, nosso gigante tem pés de barro… E, para quem tem a esperança de que Ceni possa colocar um volante mais marcador como Rezende, sacando Caio Alexandre, vão aqui palavras nada animadoras, da lavra do próprio Ceni: “por características eu sou um treinador extremamente ofensivo, nós jogávamos no Flamengo com 4 (camisas) 10 no meio campo. Diego era o primeiro volante. Aqui Caio Alexandre é o primeiro volante”.
Em resumo, ou o grupo City reforça o elenco, reduzindo nossas carências ou nosso futuro promete grandes emoções, não necessariamente boas. Haja coração! BBMP!!
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