O Bahia estreou bem na série B do campeonato brasileiro, com um magnífico triunfo sobre o Cruzeiro, em noite de estrela de Vítor Jacaré, recém contratado pelo tricolor. Em que pese uma primeira etapa de constantes erros de posicionamento, particularmente defensivos, o segundo tempo nos trouxe uma equipe com muita garra e disposição, encurralando o adversário e não dando margem a riscos desnecessários, especialmente após as substituições de Rodallega e Raí. Nem parecia o Bahia de semanas atrás.
Outro aspecto digno de nota foi a empolgação da torcida, que apoiou o time desde os minutos iniciais, como há tempos não víamos. Parecia até a antiga Fonte Nossa, de altíssimo astral empurrando os jogadores rumo a mais um tento, como canta nosso hino. Faltaram o amendoim, o rolete de cana, o acarajé frio, Lourinho e o anão (naquela época, podíamos chamar assim). Saudades! Os jovens torcedores de agora certamente não entenderão esse parágrafo, mas fica a dica de dar um google…
Há quem tenha dito que a empolgação da torcida tinha outros motivos: a viagem ao Reino Unido do presidente Bellintani e sua trupe. Não, não é porque eles estavam longe. Até podemos ter ganho a partida porque algum pé-frio viajou, mas nessa versão a alegria da torcida se deu porque, entre um fish-and-chips e outro, estavam sendo alinhavados os detalhes finais do acordo com o grupo que controla o Manchester City (CFG – City Footbal Group) para a constituição da SAF (Sociedade Anônima de Futebol) do Bahia. Portanto, caro(a) leitor(a), vá tratando de fazer como este colunista – coloque o inglês em dia e não esqueça de saudar a rainha!
Notícias sobre os termos do acordo tem saído aqui ou ali, dando conta de que o negócio envolveria a cifra de 650 milhões de reais que seriam aportados em quatro etapas. A primeira, na assinatura, da ordem de 50 milhões de reais. Outro aporte, vinculado ao retorno à série A, de 150 milhões de reais. Os restantes 450 milhões de reais seriam aportados em duas tranches: 2023 e 2024. Supondo que o Bahia volte à elite do campeonato brasileiro em 2022; que o acordo preveja a correção monetária dos valores; que a dívida do Bahia seja de 250 milhões de reais; que o patrimônio transferido ao CFG seja de 50 milhões de reais (direitos econômicos sobre jogadores, valor do centro de treinamento, por exemplo), teríamos que o Bahia foi valorado em 350 milhões de reais. Ou seja, o famoso valuation do Bahia seria algo como dois anos de receita do tricolor, antes dos efeitos da pandemia. Essa é uma conta bastante simplista, mas que não ficará muito distante da realidade, caso os valores realmente girem em torno do que foi divulgado.
Vale a pena? Quem vai responder a essa pergunta será o sócio-torcedor do Bahia, quando for chamado a aprovar ou não a proposta encaminhada pela Diretoria Executiva, a qual deverá ser previamente submetida ao Conselho Deliberativo do clube. Pessoalmente, tenho ainda muitas dúvidas que espero sejam esclarecidas durante o processo de avaliação pelo Conselho. Mas, tenho uma certeza. O torcedor que dará sua opinião tem uma alma enorme, capaz de abraçar o clube e os jogadores como vimos na estreia da série B do campeonato brasileiro. E, como diria o poeta português Fernando Pessoa, “tudo vale a pena quando a alma não é pequena.”
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