Finalmente, o verdadeiro início da temporada

O Brasil é um pais único em quase tudo, principalmente no futebol. Até onde sei, todo país do primeiro escalão do futebol atrela suas temporadas ao campeonato nacional. Um ou outro inicia com uma supercopa simbólica, geralmente uma semana antes da primeira rodada do nacional, mas, em regra, as temporadas estão atreladas, em grande parte, à duração deste campeonato.

Aqui o bagulho é bem diferente. Com um campeonato iniciando praticamente em abril (neste ano, na última semana de março), o Brasileirão já começa com times campeões, com times em crise, com times desgastados. Enfim, com toda sorte de situações.

No caso do Bahia, vemos um time que chega com 22 partidas disputadas desde 12/01/2025. Ou seja: foram 22 jogos em 73 dias, o que dá uma média de praticamente 1 jogo a cada 3 dias.

Vale destacar que no meio destas partidas, tivemos os 4 jogos decisivos da Libertadores e a final do Baianinho que, pra mim, não deveria trazer o desgaste que trouxe, mas do ponto de vista prático, por tudo o que a rivalidade envolve e por culpa de um Bahia que abdicou de seu modelo de jogo na 2ª partida, trouxe mais dificuldade do que deveria.

O fato é que o Bahia vai encarar pelo menos mais 20 partidas entre 30/03 (data do jogo contra o Corinthians na estreia do Brasileirão) e 11/06 (última rodada antes da pausa do calendário para o Super Mundial da FIFA). Ou seja: em um novo período de 73 dias, serão pelo menos 20 jogos, o que traz, novamente, praticamente um jogo a cada 3 ou 4 dias.

Será um desafio e tanto.

No último jogo contra o Ceará, mesmo trocando os 11 jogadores com relação à ultima partida do baianinho, deu pra notar um cansaço na 2ª metade do 2º tempo. Claro que tem o fator “ressaca”, depois dos festejos pelo título estadual, mas já traz um alerta.

Por outro lado, vejo um alento. Mesmo jogando contra um time de Série A (tudo bem que era um time de Série A que deve frequentar a segunda metade da tabela, mas é um time de Série A), com 11 mexidas, o time foi muito bem em ¾ do jogo, chegando a abrir um 3×0. E isso tem muito a ver com o nível desta 2ª equipe.

Hoje o Bahia tem um grupo muito mais encorpado. Do meio pra frente, dá pra dizer que a equipe é muito forte. Nas laterais, principalmente com a recente evolução de Iago Borduchi, que parece estar ganhando boa forma física, o que vem se refletindo nas suas atuações recentes, também vejo o Bahia muito bem servido. Afinal, um time que pode escalar Gilberto, Iago Borduchi, Acevedo, Erick, Nestor, Cauly, Kayky e William Jose e chamar de alternativo é muito forte.

Comentava durante o último jogo que os jogadores que citei acima seriam titulares em praticamente metade dos times do Brasileirão. Ou vocês não acham que estes jogadores estão à frente de times como Vitória, Ceará, Sport, Mirassol, Juventude e Red Bull? Ou em nível bastante próximo à escalação inicial de times como Fluminense, Vasco e Fortaleza?

Na prática, depois dos jogos em casa contra Corinthians e Inter, teremos um jogo fora contra o Santos, poucos dias antes de partir para o Uruguai, pra encarar o Nacional. Um time com Ronaldo, Gilberto, Gabriel Xavier, David Duarte e Iago, Acevedo, Erick, Nestor, Cauly e Kayky e Willian José não é capaz de competir contra o Santos? Não seria fácil, mas penso que sim.

Claro que ainda há lacunas no elenco. Acho que falta um zagueiro, principalmente se Rogério continuar fazendo uso da estratégia de escalar Mingo, Gabriel Xavier e Kanu. Isto porque, acho que Rezende e David Duarte estão 1 nível abaixo do que uma Série A de Brasileirão precisa. Além disso, ainda que Kayky esteja evoluindo a cada jogo, como ainda não me convenci com Michel Araujo, penso que falta pelo menos mais um jogador de beirada pra esse elenco. Acho que seria importante até vir alguém com capacidade de titularidade, porque, apesar da boa fase recente, penso que o teto de Ademir não é tão alto. Quero deixar claro que não estou reclamando do jogador, que ganhou no campo e no desempenho sua vaga recente de titular. Acho Ademir importante. Mas penso que é uma arma para determinadas situações. Penso que para ser titular, precisaríamos de um jogador com maior poder de finalização.

É óbvio que a principal lacuna continua: a de goleiro. Mas é algo tão óbvio que nem vou gastar linhas escrevendo sobre isso. Sigo na torcida que esta questão seja resolvida na próxima janela e que os goleiros que dispomos não estraguem nossa temporada até lá.

O fato é que o Bahia, hoje, tem praticamente 2 times em níveis de competição semelhantes. Nâo vejo um time escalado com Gilberto, Gabriel Xavier, David Duarte (Rezende), Iago Borduchi, Acevedo, Erick, Nestor, Cauly, Kayky (M. Araujo) e Willian José esteja muito atrás de uma formação com Arias, Kanu, Mingo, Juba, Caio Alexandre, Jean Lucas, Everton Ribeiro, Ademir, Pulga e Lucho Rodriguez.Com a chegada de mais 2 peças e manutenção das que já temos no elenco, ganharíamos até trocas para o time reserva sem a necessidade de usar os titulares. Pois, com mais um zagueiro, teríamos David Duarte e Rezende como trocas. O mesmo aconteceria com a chegada de mais um jogador de beirada, pois possibilitaria que Ceni escalasse no time dito alternativo 2 caras entre Ademir, Kayky, Michel Araujo e Cauly, tendo os que não fossem escalados como opções de troca.

Ainda assim, agora as coisas começam a ficar difíceis. E os momentos difíceis vão chegar, porque a oscilação é natural, ainda mais quando não se tem tempo pra treinar. Ainda assim, estou bastante otimista para o real início da temporada. Afinal, terei a chance de ver o Bahia jogando Brasileirão, Copa do Brasil e Copa Libertadores pela primeira vez na vida. E o melhor é que algo me diz que esse será o novo normal do Bahia por muitos anos. Desfrutemos e nos acostumemos com isso.

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