De novo vivemos a mesma agonia do início do ano em relação ao treinador. A novela se repete. Um outro time poderoso, financeira e midiaticamente, assedia de maneira direta e pública o nosso treinador. No início do ano foi o Flamengo à caça de Joel Santana. Agora, é o Palmeiras quem parece querer tirar Jorginho do nosso banco.
O Bahia é muito maior que Joel e Jorginho. É maior que MGF, Angioni, Souza, Lomba, Gabriel. Bobô, Beijoca, Marito. O Bahia é maior que eu e você. Porque o Bahia somos todos. Somos nós que nunca o abandonamos. Foram 7 anos em divisões de acesso, e continuamos lá. Foram 10 anos sem título nenhum, e seguimos sendo Bahia. Ou seja, o Bahia não é ninguém que passa por ele, ainda que de maneira marcante, mas sai. O Bahia somos nós, tricolores de arquibancada, de carteirinha, de coração. Que jamais deixamos o Bahia.
Jorginho vai ou não vai? Parece que não vai. Já ouvi que o Palmeiras ofereceu 500 mil por mês. Já ouvi que MGF e Angioni disseram que ele não sai. Já ouvi que a multa dele no Bahia é relativamente baixa. Já ouvi que ele tava apalavrado com um representante do Palmeiras que viajou pra Salvador. Já ouvi que ele não sairia de jeito nenhum. Já ouvi de tudo.
Só não ouvi de Jorginho uma declaração taxativa dizendo que não sai. Que não sai porque chegou agora a um time que o resgatou do limbo. Que não sai porque chegou agora e está fazendo um trabalho promissor em um time que lhe deu uma oportunidade na Série A, depois dele ter fracassado com a Lusa no Paulista (rebaixado pra Série B estadual) e com o Atlético-PR na Segundona. Que não sai porque está em um time grande, que lhe dá condições adequadas de trabalho e de ascensão.
O Palmeiras tem muito mais dinheiro a oferecer. Scolari ganhava 700 mil reais por mês, líquidos, no Palestra. Se eles quiserem pagar 20% disso a Jorginho, já seria um salário maior que o Bahia. Como resistir a uma oferta desse porte? Não julgaria o profissional Jorginho, caso aceitasse trocar. Mas e o homem? E as escolhas? Olha o que aconteceu com Joel Santana.
É óbvio que os times e dirigentes (e muitos torcedores) das equipes do Rio e São Paulo enxergam os times nordestinos como inferiores. Não nos vêem como obstáculos em negociação alguma, seja de jogador ou de treinador. Numa lógica enraizada desde que as equipes nordestinas eram meras fornecedoras de bons valores por preços baixos e que, pouco tempo depois, seriam vendidos pra Europa por fortunas. A Globo também enxerga assim, é só ver a diferença abissal de valores entre os times, ainda que o Bahia tenha torcida com quantidade igual (ou até superior) a times como Botafogo ou Fluminense. Ainda que o Bahia tenha vencido mais campeonatos brasileiros que o Atlético-MG. Ainda que a nossa presença nos estádios seja maior que todos os cariocas.
Não precisamos entrar na geopolítica nacional nem nas condições mercadológicas. A realidade que se vê é que estes times, dirigentes, torcedores e parte da imprensa inferiorizam os times nordestinos (que, há anos, contribuem e muito para perpetuar esta visão torta, através de administrações amadoras). O Bahia, para se insurgir contra esta postura colonizadora de um Palmeiras da vida, precisa mostrar em campo e fora dele o time grande que é.
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