Faltou a ousadia

Pronto, foi-se a Copa do Brasil… Sem culpar indivíduos, não entendo como um time bem trabalhado e maduro, perante 46 mil torcedores no seu santuário, perde para um time com o qual havia empatado com todos os méritos – e poderia ter ganho também por mérito – na casa do adversário fazendo assim o resultado muito bom para quem decidiria dentro de casa e não decidiu.

Tornou-se um estigma – ou quase isso – o fato de o Bahia com a Fonte Nova lotada não conseguir jogar para vencer – há precedentes disso jogando com times teoricamente inferiores com a Fonte lotada. Entendo que mata-mata é jogo de quem controla melhor o fator emocional, mas se dentro de casa não consegue fazer seu dever, há qualquer coisa que contém algo de anormal impedindo.

Chegar à semifinal da Copa do Brasil seria um momento mágico tanto quanto inédito. Porém, já não é inédito para o Bahia perder decisões em casa, e isto tem de ser corrigido. Não sei como,  esse é um problema de quem vive o ambiente e tem o dever de saber que alguma coisa além do trivial necessita ser feito. O Bahia se reverenciou ao Grêmio em demasia. Não teve a pegada que deveria ter, e embora o empenho não faltasse, faltou a ousadia.

Estar num contexto decisivo com Palmeiras, Inter, Grêmio, Cruzeiro, Atlético Mineiro, Flamengo e Athlético do Paraná não é simplesmente acaso. É mérito próprio e isto deveria ser fator de confiança para “incendiar” o jogo a seu favor. Agora, sair desse bojo da forma como saiu contra o Grêmio é o que não dá para entender. Se o jogo fosse decidido nas cobranças de pênaltis, tudo bem, e o torcedor poderia compreender com orgulho a desclassificação do Tricolor, mas levar um gol e não ter poder de reação diante da sua torcida, abalou eventualmente a confiança do torcedor para o próximo e dificil jogo contra o Cruzeiro.

Fato é que até a diretoria foi salpicada por essa desconfiança da torcida, pois ser semifinalista seria a ratificação da competência que norteia o Bahia atualmente como um clube organizado. E passar à fase final seria premiar o esforço da nação, que não economiza amor pelo seu “Baêa” e reconhece o trabalho que vem sendo feito no núcleo Tricolor, o que de certa forma vem blindando a diretoria.

Imagine que logo no dia seguinte depois da desclassificação já havia gente da imprensa criticando o trabalho de Bellintani e até achando que à essa altura o Bahia já deveria sair dos discursos de retóricas e ter um time a altura da torcida… Mas o que é que a atual diretoria busca senão fazer do Bahia um clube tão grande quanto os chamados grandes do Sul e Sudeste? O Bahia neste ano já lida com um orçamento de 150 milhões aproximadamente e 40 mil sócios pagantes! Amigos, olhemos o passado e o presente e nos alegremos com o futuro.

Não dá para ficar imaginando — quiçá torcendo —  se o Bahia vai perder dois jogos seguidos daqui em diante, só para satisfazer o ego pela crítica realizada. Precisamos ser justos e ter a consciência que neste momento estão fora da Copa do Brasil, além do Bahia, Palmeiras, Flamengo e Atlético de Minas. Quanto investiram Palmeiras e Flamengo, e afinal para que senão a conquista de títulos expressivos para compensar o alto investimento que fizeram seus dirigentes? E claro, a Copa do Brasil estava em seus planos. Se não deu, paciência. Faz parte do jogo e vida que segue buscando outras conquistas.

Mais de 8 milhões de pessoas estão frustradas com o Bahia fora da Copa do Brasil, mas isso não é motivo para revolta e nem tampouco é terra arrasada. Vamos em frente porque alguém já disse que experiência não é aquilo que acontece conosco; é o que fazemos com aquilo que acontece conosco. Eu acredito muito nesse Bahia que está se projetando como referência para outros clubes do Brasil, conforme fatos já comprovados.