A quatro rodadas do final do Brasileirão, ainda sem a certeza do que nos espera, é preciso fazer uma avaliação do que passou e começar o planejamento para 2012, sem esquecer é claro de cumprir a verdadeira missão desse ano: a permanência na Série A.
No meu texto O Recomeço, exposto aqui em 24.05.2011, escrevi:
Há quem tenha sonhos maiores e acredite que possamos ir muito longe. Sou mais contido, nas minhas observações deixo de lado o torcedor e encarno o crítico, que enxerga mais a razão. E por isso mesmo, arrisco-me em expor meu desejo para esse ano: realizar uma boa campanha e permanecer na elite..
Vi algumas manifestações contrárias ao meu desejo. Fui chamado de pessimista, de azarão. Alguns amigos, empolgados com o começo, logo faziam planos audaciosos. Libertadores era o alvo e o título, a utopia. Coisa de torcedor mesmo.
O início da competição foi promissor, e até certo ponto, enganador. A partida contra o Flamengo e as vitórias contra Fluminense e Atlético-PR foram empolgantes. O torcedor, já eufórico por ver o retorno do Tricolor ao cenário principal do nosso futebol, viu nesses jogos um Bahia que há muito não se via. Obviamente, a paixão falou mais alto para alguns, levando boa parte da torcida a opiniões precipitadas a respeito do time e até onde ele poderia chegar.
Souza, Ricardinho, Jobson e Carlos Alberto. Uma bomba relógio ou a esperança de boa campanha? A verdade é que a indefinição pairou no ar quando foram confirmadas as presenças dos quatro no mesmo grupo, que ainda tinha Junior, Nen, Reinaldo, Jancarlos, Fabinho e Fahel como jogadores mais experientes.
Marcelo Lomba, Titi, Camacho, Paulo Miranda, Magno, Zezinho, Lulinha, Ávine, Marcone, Marcos, Hélder, Dodô, Gabriel, Jones e Maranhão representavam as apostas e o que sobrou do ano passado. A junção disso tudo só seria conhecida em campo com os resultados.
O comandante durante boa parte da competição foi René Simões. Um sujeito conhecedor de futebol, de boa conversa e experiente em lidar com atletas de maior bagagem. Funcionou como uma espécie de mediador, um conciliador, sem esquecer o lado treinador. Enfrentou turbulências, como no caso de Jobson, e ainda assim conseguiu montar um time, que poderia até não encantar, mas enfrentava os adversários sem medo.
Em algumas partidas, apesar de um bom futebol apresentado, o resultado não aparecia. A torcida, cada vez mais impaciente, creditava todo insucesso ao treinador. René não resistiu. Àquela altura do campeonato nossa vida na tabela corria muito risco. E eis que surgiu Joel Santana.
Apesar do passado vitorioso, papai Joel não me parecia uma boa escolha. Com René eu vi algumas boas partidas do ponto de vista técnico e tático. O time tinha um padrão, que foi montado em função das peças do elenco. Basicamente, a variação ficava entre Carlos Alberto e Ricardinho. Funcionava bem. Só que, devido aos constantes problemas físicos, sabíamos que o esquema estaria com os dias contados. E com a saída de Jobson confirmada, era de se esperar o pior.
Todos conhecem Joel. Basta um elenco com bons marcadores e alternativas eficientes de contra-ataques para o papai ficar feliz. Tendo Fahel, Marcone, Diones, Hélder e Fabinho disponíveis, e com Ricardinho e Carlos Alberto praticamente indisponíveis, não foi difícil imaginar o que viria pela frente: um time essencialmente pegador.
O esquema de Joel tem dado certo. A marcação ficou mais eficiente, os adversários encontram muita dificuldade de penetrar na nossa zaga, as alternativas passaram a ser os chutes de longa distância. E a saída rápida para o contra-ataque virou nosso trunfo. Os resultados apareceram, passamos a levar menos gols e 1×0 virou goleada.
Com Joel não consegui ver o time jogar como na época de René, nem na épica vitória contra o São Paulo, que talvez seja o nosso jogo mais marcante. Mas o que importa é a eficiência. E aí Joel tem vantagem, e méritos também.
Falta pouco para o término da competição. O resultado contra o Atlético-GO foi importante, mas acredito que somente com mais uma vitória é que estaremos livres do pesadelo da Série B. Particularmente, acho que o pior já passou.
XXX
Amanhã enfrentaremos o Internacional. Vai ser difícil conseguirmos um resultado positivo. Teremos alguns desfalques e o adversário, reforços importantes.
O que me deixa um pouco mais tranquilo é saber que vamos jogar num lugar onde fizemos história. Não lembro a última partida que fizemos lá, mas a mais importante ninguém esquece.
Isso pode ser apenas conversa e não servir pra nada amanhã. O que sei é que o Beira Rio tem quê de nostalgia que contagia. Lá conquistamos nosso segundo título nacional, fizemos o Brasil conhecer a elegância sutil de Bobô e companhia, consolidamos a história do maior clube do N/NE do Brasil.
Dificuldade não significa impossibilidade. Por isso acredito que amanhã possamos complicar as coisas pro Inter e voltar de lá com algum pontinho. E assim, no domingo, diante do Palmeiras, sacramentar a nossa permanência na Série A.
Teremos as ausências de Souza e Paulo Miranda, ambos por suspensão. Devem entrar Junior e Danny Morais. A forma de jogar já sabemos e o resto do time não deve ter novidades. Resta esperar a bola rolar.
XXX
Ser colunista do ecbahia.com, além de responsabilidade, representa muita visibilidade. Em alguns jogos em PituAÇO fui reconhecido por alguns torcedores. Entre comentários, cobranças e manifestações, recebi questionamentos sobre minha ausência aqui nesse espaço. A resposta é uma só: falta de tempo para conciliar as atividades profissionais.
É legal ter esse reconhecimento. Saber que pessoas gostam e se interessam pelo que você escreve é uma espécie de recompensa. Recebi e-mails com elogios e críticas e sempre procurei responder de forma que o debate seja mantido e o diálogo exercitado. Acredito que assim todos ganham.
E por gratidão aos que me concederam esse espaço, e também por respeito àqueles que fazem desse site uma referência quando o assunto é o Bahia, é que vou manter minha coluna semanalmente.
Saudações Tricolores!
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