Por causa de uma má ferradura, o cavalo derrubou o Rei Ricardo III em plena batalha pelo trono da Inglaterra. Desesperado, ele grita Um cavalo: meu reino por um cavalo!.
O reino do Fazendão, cujo imperador vive o seu ocaso, desesperadamente aposta todas as suas pules em Roberto Cavalo, novo treinador do Bahia.
Sem nenhum demérito ao profissional, nada mais adequado para uma diretoria bestial, comandada pelo grande coveiro, o rei com pinta de jóquei, Paulo Maracajá Pereira.
Nestas mal traçadas linhas não irei fazer a defesa de Arturzinho, que já sabia com quem estava lidando, mas abrir os olhos e não os dentes – de Cavalo.
Desde os tempos em que foi jogador, quando processou judicialmente o Esporte Clube Bahia, que o ex-treinador sabia que tratava com gente não afeita a respeitar compromissos, principalmente os de natureza moral e ética. Não é a primeira vez que Arturzinho é vítima da tropa que se apossou do Fazendão. Em todas as suas passagens anteriores, tomou uma bela patada do coveiro Maracajá.
E farelo irá comer todo aquele que ainda acredita, depois de mais de 35 anos de cabresto, que ainda dá para trotar no lombo do grande coveiro do Esporte Clube Bahia. Arturzinho, mais uma vez, literalmente, caiu do cavalo.
Já escrevi anteriormente que vocês não estão lidando com gente normal, que ostenta virtudes e possui defeitos, que comete erros, mas tem a capacidade de corrigir, de se reaprumar, de reparar possíveis estragos.
Não, definitivamente, não. A questão da relação da decadente cartolagem do Esporte Clube Bahia com a sociedade baiana, com a mídia, com a própria torcida do Bahia e, em última instância, com o próprio clube, está na área da psicopatia. Se não for mesmo da seara veterinária, o quadro crônico de degradação do Bahia já demanda um bom estudo de caso para os jovens psiquiatras baianos.
Depois de ter sido quebrado o seu sigilo fiscal e bancário, o grande coveiro anda a se lamuriar que é alvo de perseguição. Imagine, a eterna espora, aquele que queria (e ainda quer) botar brida na boca dos jornalistas profissionais sérios, agora veste a cangalha de vítima. Diz que é honesto, mas recusa-se a abrir a sua caixa-preta no Bahia (leiam o livro de Bob Fernandes). Por quê?
E vítima de quê? De quem? Ele, sim, é o grande pisoteador do Esporte Clube Bahia, do nosso clube já tanto enxovalhado, humilhado, consumido pela mistura da burrice com a cavalice.
Não vou justificar, também, as agressões cometidas pelos torcedores contra os jogadores e comissão técnica, mas também não podemos nos esquecer de quem chicoteia pode ser chicoteado. Talvez os torcedores não tenham sabido extravasar toda uma represa de frustrações, mas não há de se cobrar, neste momento, coerência, quando os cartolas, que deveriam dar o exemplo, são incoerentes e irresponsáveis.
Por que a torcida que era apaixonada quando colocava 60 mil torcedores na Fonte Nova, agora é taxada de cavala quando, no limite do suportável, demonstra toda sua fúria?
Não vou fazer nunca apologia da violência, mas em razão dos sérios danos causados por Maracajá e caterva ao Esporte Clube Bahia e, indiretamente, à torcida do Bahia, as cenas que ocorreram no Fazendão, e vistas no mundo inteiro através do YouTube, são meros relinchos.
A própria invasão é reflexo de um clube sem comando. Ou pior ainda: de um comando esquizofrênico e anormal, que talvez tenha patrocinado o próprio estouro da manada para ter um pretexto e demitir Arturzinho. Esta é apenas uma possibilidade, mas real em função do histórico de páreos armados por essa gente.
Toda a sorte de uma ferradura a Roberto Cavalo. Que ele fique bem avisado de que está lidando com uma qualidade de gente sem qualidade. E que, daqui a algum tempo, não perca sua civilidade humana e precise, irremediavelmente, distribuir coices.
No entanto, e por último, fie-se na sabedoria popular: se ferradura desse sorte, burro não puxava carroça.
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