Como todos vocês, sou torcedor do Esporte Clube Bahia. Como todos, me irrito com certas derrotas, me decepciono com outras, fico triste com todas. Mas a cada dia que passa, e isso não é só com o Bahia, eu tento olhar pras coisas de uma forma objetiva, porque tenho meio que uma compulsão a querer entender tudo. E tem coisa que às vezes não dá pra entender. Mas é como sou.
Neste texto, terá um pouco das duas coisas. O que trará o lado do torcedor mais passional, mas também o do cara mais objetivo. Inclusive, eu tinha começado a escrever este texto mais cedo, com calma, analisando o primeiro jogo da final do Nordestão com calma, de forma objetiva. Para isso, fui em diversas notícias sobre o jogo para olhar os comentários dos outros tricolores sobre a derrota. E vi um pouco dos dois mundos: alguns mais ponderados, outros (talvez até em sua maioria) exaltados e exagerados. Neste segundo grupo era comum gente dizendo que o time não teve raça, gente já dizendo que alguns jogadores que estão aqui há 02 meses não presta, gente requentando a (infelizmente inegável e recente) freguesia para o Ceará, gente criticando os jogadores de sempre mesmo que esses jogadores de sempre não tenham tido culpa na derrota, etc. Esses comentários, ainda que discorde, consigo relevar e atribuir boa parte deles à emoção, à raiva, decepção e/ou tristeza pela derrota.
Agora, um tipo de comentário foi bastante frequente e me inquietou: críticas severas ao trabalho de Dado Cavalcanti. E aqui, nessa parte, aliarei a objetividade que tento colocar nas minhas análises, com a paixão de torcedor. Quem parou pra ler meus irrelevantes textos já viu que no início da temporada disse que não achava que Dado deveria ser o técnico pra essa temporada e que retornaria com ele pro Transição, mas que entendia sua manutenção em razão da falta de opções seguramente melhores. Cheguei a cravar, depois de um início claudicante nesta temporada, que tiraria o cara.
Hoje, nesta gangorra de emoções que é o Bahia, vendo o time jogar, discordo de mim mesmo e já acho que ele deve seguir. E o fundamento pra isso é puramente objetivo, já que, passada a oscilação do início da temporada, hoje é muito claro e visível o trabalho de Dado no time do Bahia. Essa formação que ele tem colocado em campo nos últimos jogos, tem se mostrado equilibrada, capaz de criar chances, trocar passes, alternar marcação alta e bloco baixo. Claro que há coisas a melhorar, principalmente no quesito intensidade e na compactação entre as linhas, já que muitas vezes o Bahia fica muito espaçado em momentos de pressão na frente. Por outro lado, são visíveis algumas melhoras, como novas variantes àquela exclusiva saída de 03 jogadores, que acontecia o tempo todo.
Pra mim, uma coisa é clara: cravar que Dado não é técnico pro Bahia neste momento é uma grande injustiça. E tira-lo agora, ou no primeiro momento de crise que houver, se mostrará precipitado. Hoje há uma linha de trabalho no Bahia, que mesmo com deficiências importantes em algumas posições (lateral esquerda, uma opção de segundo volante que alie mais força de marcação e mais intensidade do que Daniel para algumas situações, mais opções de velocidade pelas beiradas ofensivas e uma sombra para Gilberto), começa a ter um padrão de jogo.
E eu faço isso depois de uma sequência de 04 jogos do time “ideal” de Dado sem triunfos no tempo normal (Montevideu City, Fortaleza, Ceará e Independiente). Em todos estes jogos, enquanto o Bahia usou os 11 titulares (com exceção de Rossi nos dois jogos da Sulamericana), o Bahia era superior, criava chances e tinha um certo controle das partidas, ainda que isso não fosse revertido em posse, como foi o primeiro tempo lá no Uruguai. Mesmo contra o Ceará, nos primeiros 18 minutos, até a expulsão infantil de Luiz Otávio, o Bahia era claramente superior ao Ceará, já tendo finalizado ao gol em duas oportunidades com algum período. La em Fortaleza, no primeiro tempo Rossi teve 3 boas chances. Hoje contra o time argentino, até o momento do primeiro pênalti bobo, novamente cometido por Luiz Otávio (que vinha muito bem no jogo, diga-se), tínhamos criado duas boas oportunidades, finalizadas por Gilberto.
Como atribuir a Dado a falta de triunfo nestes jogos? Pra mim, não dá. O mais próximo poderia ser o jogo contra o Ceará, pelo segundo tempo pouco impetuoso do time, quando tínhamos 10×10. Ainda assim, será que dá pra colocar isso na conta do treinador? Eu não vejo como.
Sábado teremos uma decisão duríssima contra o Ceará, que é favorito pra levar o título. Mas acho que o Bahia está no páreo. E a forma como reagiu no jogo de hoje, depois de estar perdendo em decorrência de dois pênaltis bobos (o segundo achei mais azar e desconcentração do que um grande erro de Renan Guedes, que achei que cumpriu bem por ali, após entrar numa certa fogueira), depois de encarar um verdadeiro mangue com a chuva que caiu no Pituaço, e não ter triunfado por um detalhe, que foi o pênalti mal batido por Gilberto, pra mim é a prova de que temos chances.
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