No chamado país do futebol, as regras de uma lei chamada Pelé continuam enfraquecendo cada vez mais as estruturas dos nossos clubes. Aqueles que são organizados em todos os seus setores conseguem amenizar um pouco as perdas com o investimento em suas categorias de base, como assim é o caso do Internacional de Porto Alegre que vê a sua atual maior revelação escapulir por entre os dedos das mãos e dos pés, por um valor líquido de cerca de R$ 37,5 milhões. Convenhamos que não é pouco dinheiro, mas, se o Real Madrid, por exemplo, chegar com o dobro desse valor e oferecer ao Milan, por Pato, levará? Acho que não. Pato tem apenas 17 anos e um futebol a nível de Kaká, agora.
O São Paulo foi forçado a vender Ilsinho para a Ucrânia para não ter prejuízo dentro de uns quatro meses. Vai ter que se desfazer de Josué pelo mesmo motivo, e Souza parece que já definiu a sua ida para a Espanha. Os clubes mais organizados ainda ficam razoavelmente bem, pois no atacado conseguem negociações razoáveis. Mas é certo que se não houvesse a Lei Pelé, pelo menos nos moldes atuais, a situação dos clubes brasileiros seria completamente diferente. Vejam que a “liberdade” dos jogadores enriquece estes e os empresários, empobrece o clube e enfraquece o futebol brasileiro.
Falando em um outro tipo de estrutura (inferior ao de clubes de Minas, São Paulo, Paraná, e Rio Grande do Sul), a do futebol baiano, vejam o seguinte: o nosso futebol com apenas alguma estrutura nas divisões de base tornou-se celeiro natural de excelentes jogadores que foram vendidos por merrecas, e os clubes estão mais pobres que antes. Certamente que outras revelações ainda serão entregues por nossos dirigentes, por valores do bolsa-pobreza aos clubes mais organizados. Aí estão exemplos como Rafael Bastos, Jajá, Felipe, Cícero e outros. O problema é tão sério que o futebol baiano foi parar na Terceira Divisão em 2006.
Daniel Alves é uma outra referência que me deixa absolutamente frustrado. Está praticamente vendido pelo Sevilha para o futebol inglês, por R$ 78 milhões. Vejam que o Sevilha nem está querendo fazer este negócio, pois Daniel além de ser ídolo na Espanha, ainda se sagrou campeão das Américas. Em outras palavras: poderá ser vendido por muito mais que R$ 78 milhões. Enquanto isso o Bahia fica daqui numa torcida de fazer dó, para amealhar uma merrequinha a mais, como formador do jogador. Daniel deveria ter ficado no Bahia mais alguns anos. É neste ponto que a Lei Pelé, somada a incompetência dos dirigentes, acaba com os clubes.
Entendo que muito antes de vigorar a tal Lei Pelé, já se falava em leis que facultassem aos atletas o passe-livre. Mas, por que não se estruturaram a maioria dos nossos clubes para, assim como o São Paulo e outros poucos, ter algum poder de barganha?!… Simplesmente porque não há profissionalismo na maioria dos clubes brasileiros. Nossos clubes não são pensados, eles são meras e vãs filosofias de vida dos dirigentes, que outro objetivo não visam senão a vaidade, interesse pessoal e poder. Competência que é bom, pra quê?
É incrível como um jovem de 17 anos de idade, no caso Alexandre Pato, já não é mais jogador do Campeonato Brasileiro. Acho que vou pedir um desconto no meu pacote do canal fechado de TV, pois há um craque a menos para eu ver jogar no Brasileirão. Mas, como os nossos clubes não têm lobistas em Brasília e muito menos na CBF, vamos ver essa revoada de craques, sempre! Aliás, se não fosse vermelho e preto, eu iria tentar torcer pro Milan de Kaká, Cafú, Ronaldo, Dida, Pato e cia ltda. Esqueci de mais alguém? São tantos brasileiros no Milan!…
Já estou com a barba de molho, tanto que todos os dias vou direto aos sites e jornais para ver se o Bahia já vendeu Danilo Rios através do bolsa-pobreza. Não tô brincando, não! Pelo contrário: acho até que está demorando uma eternidade. Por falar em Danilo Rios, estou de acordo com Artuzinho, que quando perguntado se dois canhotos, no caso Danilo e Cleber, não deixaria o time torto, respondeu: “O que não pode ser são dois cabeças de bagres juntos”. É isso, dois craques cabem em qualquer time, sem essa de ficar torto.
Tô com ele também quando resolve escalar Moré no lugar de Neto Potiguar. Não que seja Neto um mal jogador, mas é que só onze podem ser escalados, e neste momento Moré soma mais. Se as coisas tática e tecnicamente não estavam bem dentro de campo, então seja ousado Artuzinho. Mude mesmo, tente!… Melhor pecar por ousadia que por omissão.
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Pois é, o nosso Romário só marcou oficialmente 896 gols. Sempre achei uma papagaiada aquela conquista inverossímel do milésimo gol. Se for para contar gols dos babas tem muita gente por aí que marcou mais que ele. Mas o futebol do Rio (junto com a imprensa de lá) precisava tanto de projeção, que a solução teve que vir através de Romário. Assim como o Rio de Janeiro precisava incontestemente do Pan para melhorar sua imagem e atrair turistas. Também pudera, lá está a sede da famosa “vênus platinada”.
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Excelente o atual miolo de zaga do Bahia composto por Alison e Eduardo. A linha de zagueiros está quase completa. Falta, ao meu ver, apenas um lateral-esquerdo no mesmo nível de Carlos Alberto e Luciano Baiano na direita. Além de Eduardo, que já é realidade, Ananias espera por uma oportunidade para tornar-se titular e Artur parece predisposto a atendê-lo.
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Duro mesmo será Sergio “tomar” o lugar de Márcio. Que sina, hein? No Palmeiras era um reserva de luxo, mas muito profissional. Aqui parece que as contusões dele, Sérgio, e a boa forma do Márcio Angonese, farão ele ter que esperar uma nova oportunidade. É o futebol e suas nuances!
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“Nunca se queixe, nunca se explique, nunca se desculpe. Aja ou saia. faça ou vá embora.” – Nelson Jobim, ao tomar posse como ministro da Defesa, quando bem ao seu lado estava o ex-ministro Waldir Pires. Revista Veja de 1/8… Mas isto serviria pra tanta gente!
Desculpem-me.
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