Creio que nem sempre pelo que escrevo, mas talvez pela forma como escrevo, é que esta coluna goza de bom conceito perante o leitor, o que para nós é motivo de satisfação e honra. Milhares desses leitores estão espalhados pelo Brasil e exterior, noto isso pelas mensagens que honradamente recebo, muitos deles via E-mail . É da alma Tricolor.
Dentre esses leitores está Ricardo T. Andrade, torcedor do Tricolor, que reside no Rio de Janeiro e até já interagimos como amigos. Dele transcrevo com prazer algumas palavras repletas de decepções relatadas através de E-mail, como segue abaixo.
“Caro amigo, quando no final de semana o que temos para comemorar é a venda de um terreno, acho que alguma coisa está errada… Nosso time perdeu a alma. No esporte ganhamos ou perdemos… é do jogo. Mas alguma coisa aconteceu nesse caminho. Não me refiro ao placar, mas a forma que os atletas se comportam em campo. Aquela vontade de vencer, aquele ímpeto… Ninguém nos vence em vibração. Não é assim nosso hino? Acho que esse é o problema do time. Estão nos vencendo em vibração.”
Não está errado, caro Ricardo. Qual é a segunda feira na vida do torcedor Tricolor que esse possa desejar ao próximo um bom dia depois de um vergonhoso 5 x 0 e, no domingo seguinte, ver um time sem brios levar 3 x 0 sem esboçar reação? Isso é tão triste quanto uma nota fúnebre. O jogador não entende que o Bahia é um estado de espírito para seu torcedor.
A verdade é que se o Bahia não inspira confiança em campo, muito menos o que o seu presidente transmite inspira confiança alguma. As fragilidades com as quais o torcedor lida atualmente com muito desgosto no tocante ao Bahia, como a falta de elenco minimamente satisfatório, o discurso de Bellintani, enfraquecimento do time com perda de titulares importantes, reposição sem qualidade e outras apostas para quando Agosto vier, dívida com Oportunity que só agora veio à tona, são fatores que deixam a Nação Tricolor completamente frustrada e com o coração batendo na boca.
Dizer ao torcedor que “um desses credores pode até fechar o Bahia” é algo que o Rei tenha de dizer aos seus séquitos num momento de crise técnica? Francamente, a sensação que tenho é que o presidente quer criar uma crise existencial no já fragilizado torcedor, em seus sentimentos.
Dado Cavalcante começa a dar sinais de cansaço por tanto esperar que as promessas sejam cumpridas e lhe dêem condições de trabalho com a chegada de jogadores que atendam às necessidades do clube. Por outro lado a sua teimosia com alguns jogadores que nem deveriam ser escalados, por não terem condições de vestir uma camisa de tamanha envergadura como é a do Bahia, já lhe deixa vulnerável às culpas. Abra o olho!
Por que Ceará e Fortaleza fazem campanhas decentes e livres desses tropeços humilhantes, pelo contrário, o que se vê são dois times aguerridos e com Orçamento inferior ao do Bahia? Algo está errado no Reino Tricolor.
Escalar um zagueiro que vem errando sucessivamente irrita o torcedor em demasia. Luís Otávio erra menos, tem estatura para performar ao lado do Conti, e aqui pra nós, joga mais que Ligger — o que não é lá grande coisa jogar mais que Ligger — e impõe respeito ao atacante adversário até pelo fato de dificultar que esse alce bolas na área. E se quer saber de mais pixotadas, então vai; Ligger joga bem menos do que Ignácio.
— Percebe torcedor como são incompetentes no Bahia os que determinam saídas e chegadas?
O orgulho do torcedor do Bahia tá indo pelo ralo rapidamente. Nesse quesito, a incauta diretoria tem ajudado muito! Como é que o torcedor vai concordar com a saída de Juninho e Thaciano em pleno desenrolar do Campeonato Brasileiro sem uma contrapartida á altura dos dois? Se tem um contrato com o clube que pelo menos seja cumprido. Mas se o Bahia fez contrato só para ser vitrine para jogadores e beneficiando seus clubes, com cláusulas específicas contra si, fica definitivamente revelada uma diretoria descompromissada com o futuro do ex-Esquadrão no atual campeonato.
Sinto muito ter de dizer essas coisas porque sei que não são agradáveis, nem para a torcida e muito menos ainda para quem dirige o clube. Mas a realidade grita aos nossos ouvidos e salta adiante dos olhos. Às vezes, a mente do homem fica tão cheia de sí que não entra nenhum novo conhecimento…
Nesta quarta-feira, pela Copa do Brasil, define-se o futuro do Bahia nesta temporada; se levar outra surra humilhante no Mineirão pode significar o pior dos cenários para o clube neste ano. Se construir algum resultado, mesmo que negativo, mas que lhe dê chance real de disputar a vaga em casa, ganhará sobrevida. A mudança de atitude é a única coisa que oferecerá novas oportunidades.
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