24 de novembro de 2006. 50 mil pessoas nas ruas de Salvador clamavam por mudanças no Bahia. Um povo cansado de sofrimentos, de desmandos, de incompetências, de descaso com a maior paixão de uma nação. A Nação Tricolor dava um exemplo para o resto do Brasil de como deve se comportar uma torcida. O engajamento dos outrora acomodados torcedores me surpreendeu. Era o ingrediente que faltava para tirarmos o grupinho que se apoderou e insiste em continuar destruindo o nosso Bahia.
06 de maio de 2007. Menos de seis meses após a fantástica passeata, o Tricolor empata com o Atlético de Alagoinhas na Fonte Nova e assiste ao Vitória-BA ser campeão baiano por antecipação. 162 dias separam o dia em que a esperança renasceu em cada coração tricolor, da data de mais um vexame da turma de Maracajá. O que de tão grave aconteceu nesses dias para que flutuássemos entre os dois extremos em tão pouco tempo?
Os dias que sucederam a passeata foram bastante movimentados. Várias vertentes se uniram em oposição à atual diretoria do Bahia e muitas reuniões definiam quais seriam os próximos passos a serem dados após um evento de tamanha magnitude, como foi aquela passeata. Entre outras coisas, ficou decidida a realização do movimento Público Zero, que consistia em esvaziar as arquibancadas da Fonte Nova em jogos do Bahia.
O Público Zero dependia da participação da torcida e começou muito bem. No dia 17 de janeiro, o Tricolor estreou na Fonte Nova com apenas 197 pessoas pagando ingresso para conferir o duelo contra o Camaçari. No segundo jogo, novo sucesso. Somente 239 pessoas ficaram de fora do Público Zero e compraram ingressos para assistir a Bahia x Fluminense de Feira.
Mas o sucesso do movimento não durou muito tempo. Os resultados dentro de campo nem foram os melhores, mas tal qual um viciado em drogas, a torcida do Bahia entrou em crise de abstinência e decretou o fim do Público Zero.
Era o sinal que os dirigentes esperavam. No fundo, eles sabiam que isso ia acontecer. A diretoria do Bahia havia sentido os golpes. O tamanho e a repercussão que a passeata teve no Brasil e os primeiros prejuízos em jogos na Fonte Nova sufocavam os dirigentes. Eles não perderam a pose. Esperaram o fim da mobilização da torcida sem perder a pompa. E o tempo deu razão a eles.
Fortalecidos, os desmandos aumentaram. A tão esperada reforma dos estatutos foi posta de lado oficialmente, ao ser declarada como não importante pelos donos do Bahia. O time ia ganhando com dificuldades de adversários fraquíssimos e, por incrível que pareça, isso fez com que a presença de público aumentasse na Fonte Nova, com uma torcida enxergando alguma evolução em relação às equipes montadas nos últimos anos.
Eliminar na Copa do Brasil um time da Série A que ia (vai) mal das pernas era o que faltava para encher a Fonte Nova novamente. BA-Vi com 60 mil pessoas nas arquibancadas; duelo contra o Fluminense com quase 50 mil pagantes no estádio. Resultado: quase R$ 1 milhão entram nos cofres do Bahia e dão uma boa sobrevida para a diretoria.
Mais do que o dinheiro arrecadado, o recado vindo das arquibancadas é que está tudo bem. A torcida está feliz em ter terminado a primeira fase do Baianinho com o mesmo número de pontos que o Vitória-BA, de ter chegado às oitavas-de-final da Copa do Brasil e ter conseguido ficar com o vice-campeonato baiano. É a grande evolução do Bahia. Evolução rumo à extinção.
comentários
Aviso: Os comentários são de responsabilidade de seus autores e não representam a opinião do ecbahia.com.
É vetada a inserção de comentários que violem a lei, a moral, os bons costumes ou direitos de terceiros.
O ecbahia.com poderá retirar, sem prévia notificação, comentários postados que não respeitem os critérios
impostos neste aviso ou que estejam fora do tema proposto.