És de Braga?

Braga é uma cidade do norte português com cerca de 200 mil habitantes, fundada pelos romanos em 16 a. C., quando se chamava Bracara Augusta, em homenagem ao imperador Augusto, daí deriva o gentílico dos nascidos por lá – Bracarense, como o boteco carioca do Leblon… É a cidade mais antiga de Portugal, embora detenha o título de “cidade da juventude”, pela quantidade de jovens que para lá se dirigem anualmente, já tendo sido escolhida como o melhor destino europeu, em 2021.

Uma outra particularidade de Braga é o arco da Porta Nova, mandado construir nas muralhas de Braga quando a cidade começava a se expandir para além muros, no início do século XVI. Exatamente por isso – e pelo fato de que as guerras já rareavam – o Arco da Porta Nova não tem porta, tendo os bracarenses ficado com a fama de deixar as muralhas abertas. Dessa forma, os habitantes de Braga passaram ser conhecidos por deixarem a porta aberta. E os portugueses logo começaram a perguntar, irritados, a quem deixava uma porta aberta: “És de Braga”?

Pois bem, garanto a vocês que se eu encontrar o português Renato Paiva a primeira pergunta que lhe farei é: “És de Braga?”, tamanha sua insistência em deixar nosso sistema defensivo aberto. Ou melhor, escancarado. Fizemos 11 jogos em 2023, tomamos 10 gols em 8 jogos. É muito. Até para os padrões a que tristemente nos acostumamos na era Bellintani/Ferraz. Fica a dica de pergunta para os repórteres esportivos no pós-jogo, já que duvido muito que melhoremos nesse quesito em pouco tempo, com o material humano que Paiva tem à disposição.

Devo dizer que gosto muito de Renato Paiva e dos diagnósticos que faz ao fim de cada partida. Tem sido melhor ver as entrevistas dele do que assistir aos próprios jogos do Bahia. É um profissional que demonstra qualificação e competência para ocupar a posição de treinador do Bahia. Que diferença em relação aos técnicos que tivemos nestes anos recentes! Fora isso, sua educação e seus conhecimentos extra-campo tem conquistado minha simpatia e minha torcida, sem falar na sua característica de “ganhar” torcedores e formadores de opinião. Nunca vou esquecer um pós-jogo em que, ao citar a cidade de Ilhéus, fez questão de falar de Jorge Amado e de sua admiração pelo escritor baiano. É um craque!

Por essas e outras, torço muito para que os resultados apareçam e ele confirme sua permanência no tricolor. Sim, por mais que achemos que com o grupo City será diferente, quem mantém técnico no Brasil ainda são os resultados. E, às vezes, nem isso. Dorival Junior que o diga… Por falar em grupo City, a continuar com esse nível de contratação, não demorará e ficarão conhecidos como “Bellintanis com dinheiro”, pois contratam muito e mal. A diferença, até agora, foi só o nível do poder aquisitivo…

É a mais pura verdade quando Paiva associa maus resultados à falta de tempo para treinar e ao fato de que muitos jogadores estavam sem ritmo de jogo, pois ficaram inativos por muito tempo. Tão verdadeiro quanto seria afirmar que havia outros jogadores disponíveis, com a mesma qualidade ou melhor, sem tanto tempo de inatividade e por um custo equivalente ou menor. No Brasil e no exterior. E aqui vão  minhas primeiras rusgas de preocupação com a gestão do grupo City: essas contratações são para reforçar a equipe tricolor ou são para tentar resolver “encalhes” de contratações anteriores do grupo? Esses jogadores são os mais adequados para o estilo de jogo que Renato Paiva quer implantar ou são os mais adequados para a estratégia financeira do grupo?

São questões que começam a frequentar o imaginário do torcedor e que precisam ser enfrentadas pelo grupo City, com a apresentação da estratégia de contratação, das razões de escolha (ou não-escolha) deste ou daquele jogador. Mas, os representantes do grupo City no Bahia parecem ter tomado chá-de-sumiço. Até o momento só Paiva tem falado e, óbvio, não é ele quem contrata os jogadores. Alguém aí lembrou da era Bellintani? Vamos torcer! BBMP!!