é goleada tricolor na internet
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Publicada em 27 de agosto de 2013 às 00:00 por Autor Genérico

Autor Genérico

Enfim o futebol

Um dos fatores responsáveis por essa irresistível atração que o futebol exerce sobre nós é a sua relativa imprevisibilidade. Quem diria que aquele arremedo de time, frouxo, sem brio e sem garra, um verdadeiro bando em campo, do primeiro semestre fosse se transformar, sob a égide de Cristóvão Borges, nesse Bahia aguerrido e taticamente disciplinado desse primeiro turno do Brasileiro?

O conhecimento, hoje, é algo muito mais democrático do que em tempos pretéritos. No futebol, os profissionais que nele militam dispõem atualmente, em virtude dessa profusão de informações, de condições necessárias e suficientes para exercerem bons trabalhos, de modo a poderem suprir eventuais carências de natureza econômico-financeira por que passem os clubes que defendam, a exemplo do Bahia, deixado, nesse aspecto, em situação lastimosa pela sua defenestrada diretoria.

Para que um time formado por um clube com menor capacidade de investimento do que os seus adversários obtenha sucesso, a organização administrativa, as condições de trabalho, a infraestrutura física, de instalações e equipamentos, a presença de profissionais capacitados, capazes de agregar valores ao grupo de atletas, não apenas no âmbito técnico, mas, também, quanto aos fatores motivacional e psicológico, são aspectos fundamentais.

A arte de jogar futebol é inata ao brasileiro. Não à toa os nossos craques são disputados a peso de ouro pelos grandes clubes dos principais centros futebolísticos do planeta, em termos técnicos e econômicos. Essa aptidão genético-cultural do jogador brasileiro, de certo modo, constitui base do relativo nivelamento técnico do nosso futebol tupiniquim.

Aqui, em que pesem as disparidades orçamentárias entre os clubes, mesmo os da primeira divisão, não ocorre como na Europa, onde na Espanha, por exemplo, se digladiam, quase que exclusivamente, apenas duas grandes forças: Barcelona e Real Madrid; na Itália, a luta se concentra basicamente entre Internazionale, Milan e Juventus. Com poucas e raras oscilações, tal situação se repete em quase todos os outros grandes centros do futebol do Velho Continente.

No generalista curso de Agronomia, aprendi o conceito de fator limitante como o parâmetro cuja escassez inibe o crescimento e a distribuição espacial de um organismo dentro de um determinado ecossistema. Estudei, também, o conceito de nicho ecológico, mas este, de tão complexo, não consegui jamais definir com minhas próprias palavras; então, fui à Wikipédia e “pesquei” o seguinte conceito: “Nicho ecológico é o espaço gráfico hipervolumétrico e n-dimensional limitado ou expandido devido às interações com outros organismos, que envolve todas as respostas fisiológicas às condições do meio, depende da disponibilidade de recursos e como os organismos os usufruem, além do impacto causado por estes no meio em que vivem.” Entenderam? Não? Nem eu muito bem, apenas o suficiente para compreender que o tamanho do espaço que um ser vivo ocupa no ambiente em que vive depende, não somente dos recursos de que dispõe, mas, também, de como se utiliza de tais recursos, ou seja, uma aparente impossibilidade de crescimento com parcos recursos pode ser compensada pelo modo como o organismo deles usufrua.

Pois bem, no “nicho ecológico” do futebol, apesar das discrepâncias econômicas entre os clubes brasileiros que disputam a primeira divisão nacional, penso que tais recursos, hoje, não constituam fator limitante à capacidade competitiva de um clube como o Bahia, que detém neste exercício de 2013, segundo dados divulgados por BDO RCS Auditores Independentes, um orçamento da ordem de sessenta e seis milhões de reais. Muito distante, é verdade, de um Corinthians, o líder do ranking, com um orçamento anual superior a um bilhão de reais. Ainda assim, li recentemente em algum lugar que o festejado clube paulista, para não usar o Santo Nome em vão, deve, digamos assim, ao mundo.

O que quero dizer é que, embora seja mais fácil para esse clube paulista, do que para o Bahia, criar as condições necessárias ao alcance do sucesso, este, se quiser se tornar competitivo, como condição sine qua non, deve buscar otimizar o aproveitamento dos seus recursos, mais escassos do que os do seu rival paulista, por exemplo.

Com base em tal premissa, cumpriria ao Bahia elaborar planejamentos de curto e médio prazos, além de estratégico, que contemplassem medidas tendentes ao incremento das suas receitas, a partir, não somente da busca de parcerias profícuas, mas, principalmente, da formação dos seus próprios atletas nas suas divisões de base, em projeto que alcançaria inspiração óbvia, da qual não se pode fugir, posta que exemplar, no clube da moda: Futebol Clube Barcelona. Além disso, que assuma o Bahia, em primeiro plano, protagonismo efetivo dentro do seu próprio Estado e o estenda à Região Nordeste, antes de pretender alçar voos mais altos, como a nacionalização e a internacionalização da sua marca.

A efetividade desse protagonismo se consumaria no poder de atratividade do clube ao jovem do Estado e da Região que pretendesse sucesso na profissão de jogador de futebol. O Bahia, dada a sua força em potencial e o seu histórico de bicampeão brasileiro, que o diferencia nessa região, poderia vir a se constituir numa das primeiras opções para essa legião de jovens cujos talentos pululam, subaproveitados, em nossos terreiros.

Esses jovens, hoje, sonham em extrapolar as nossas fronteiras sem passar primeiramente pelo Bahia, que não consegue se constituir sequer em polo regional de formação de atletas. Afinal, quantos desses talentos eclodiram para o futebol brasileiro, e até mundial, sem passar pelo Tricolor? Vide os exemplos de Edilson, o Capetinha e Dante, o zagueiro, sem falar em outros menos votados e naqueles que nos deixaram precocemente. No que diz respeito a esses, surge outro problema: o da falta de capacidade (ou mera falta de interesse, até então) de segurar esses jovens talentos por tempo suficiente a que nos possam dar o tão ansiado retorno em campo, com triunfos e títulos, em essência, o que almejamos como torcedores e que deveria ser meta primordial de um clube de futebol, qual seja, proporcionar alegrias aos seus simpatizantes, ainda mais, fanáticos como nós, tricolores, via de regra, somos.

Primeiro passo visando ao alcance desse intento seria criar as condições necessárias a que possamos efetuar a venda desses atletas em melhores condições financeiras do que as até então auferidas. Totalmente diferente do que se fez recentemente, quando perdemos, a preços irrisórios em face da realidade mercadológica do futebol, jogadores como Filipe, Gabriel, Maranhão, Daniel Alves etc.. O Bahia tem sido um péssimo vendedor daquele que, excetuada a sua imensa e apaixonada torcida, constitui o seu maior patrimônio.

Com a recém-inaugurada Democracia Tricolor, esperamos que doravante o clube passe a contar na sua gestão com torcedores autênticos, que verdadeiramente amem o clube e o ponham em plano superior ao da busca da satisfação de interesses pessoais nebulosos, mesquinhos e egoístas. É o mínimo que podemos esperar como corolário dessa intensa e vitoriosa luta que travamos por décadas e que se consumou na libertação do agora nosso Bahia. Continuemos, então, vigilantes e participativos na defesa e na construção de um Bahia do tamanho que o sonhamos e o concebemos. Bora Bahia Minha Porra! (Agora, com Democracia).

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