Sou a favor, não exatamente do mata-mata, mas de um campeonato brasileiro de futebol com fases classificatórias, com oitavas, quartas de finais, semi-finais e final.
No Brasil, há ainda um outro problema que passa desapercebido por muita gente: A maioria dos clubes que disputam o campeonato brasileiro concentra-se no eixo Sul/Sudeste. Do Centro-Oeste, geralmente, um; do Nordeste, de um a três, podendo chegar, muito excepcionalmente, a quatro. Do Norte, pior ainda, quase não se vê clube dessa região na série A do campeonato brasileiro.
Em média, setenta e cinco por cento dos clubes que disputam esse campeonato são do Sul ou do Sudeste. Isto faz com que os clubes do Nordeste, principalmente, tenham um desgaste físico muito maior, dadas as distâncias maiores que têm que percorrer para jogar.
Os clubes do Rio e SP, por exemplo, saem menos de casa do que Bahia, Vitória da Bahia, Sport etc., porque jogam entre si. Além disso, quando saem, na maioria das vezes, percorrem distâncias relativamente pequenas, com Rio/São Paulo, São Paulo/Belo Horizonte, Porto Alegre/Curitiba etc. Já o Bahia, não, quando joga fora, tem que percorrer longas jornadas, como idas a Porto Alegre, Belo Horizonte, São Paulo, Rio de janeiro, Curitiba etc.
Enfim, nós nordestinos temos que fazer muito mais viagens longas e cansativas do que os sulinos e sudestinos. Essa desvantagem é reconhecida por gente do naipe de Rogério Ceni, que, justamente por este motivo, é defensor do campeonato de fases classificatórias.
Esse modelo diminui os efeitos da desigualdade inata entre os clubes, em função, não somente do fator econômico, mas, também, do geográfico.
Enfim, não podemos nos esquecer de que o nosso país é quase um continente, onde reinam desigualdades que requerem tratamentos eficazes que possam minimizá-las.
Dadas as dimensões continentais do país, ideia interessante, que estimularia as rivalidades regionais, seria que, numa primeira fase, clubes de uma mesma região jogassem entre si, também em caráter classificatório para o estágio nacional. Isto seria particularmente bom para os clubes do Nordeste. A Copa Nordeste é um ótimo laboratório do que se poderia fazer. Para que vingasse esta ideia, seria necessário que os clubes se unissem e se mobilizassem nesse sentido, iniciando um movimento que poderia, perfeitamente, se iniciar pelo grandes clubes desta região.
Penso que o momento político seja favorável à implantação desse sistema de campeonato aqui proposto, uma vez que a sua principal financiadora, a rede Globo, teria, aparentemente, interesse na mudança da fórmula vigente, de pontos corridos para mata-mata, dados os baixos níveis de audiência que vem alcançando, ultimamente, com a transmissão do campeonato, nos moldes atuais, notadamente, quando uma das equipes se distancia na tabela de classificação e conquista o título com antecedência de várias rodadas para o final, tal qual aconteceu, no último campeonato, com o Cruzeiro.
Um campeonato brasileiro com início regionalizado e uma fase nacional mais curta e seletiva, em virtude das dimensões continentais do país, seria, portanto, uma questão de justiça, principalmente com os clubes das regiões mais afastadas de onde se encontra a maioria dos seus pares mais ricos e poderosos, visando à diminuição de tais diferenças e à equidade no tratamento desses desiguais. Isto propiciaria, ainda, atenuação das consequências desse fator geográfico, que faz pender ainda mais a balança para o lado dos mais poderosos e colabora para o não crescimento dos clubes do Norte, Nordeste e Centro-Oeste do país. A integração nacional agradeceria.
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