O andar da carruagem dos campeonatos que disputamos reforçou a falta de alinhamento entre os desejos do torcedor, a atuação da diretoria executiva e a realidade dos fatos. Não bastasse a eliminação na primeira fase do campeonato baiano, o que não ocorria há quase duas décadas, também deixamos a Copa do Nordeste na primeira fase.
Não há dúvidas. O Bahia se mantém em espiral descendente há um ano. E tem quem diga que, na verdade, a descida da ladeira vem desde que se encerrou o primeiro turno do Campeonato Brasileiro do longínquo ano de 2019. Controvérsias à parte, está cada vez mais difícil encontrar um só torcedor que aposte suas fichas na volta do time à série A. Pelo menos, não com esse elenco.
A primeira janela de contratações se encerrará em 12 de abril. Temos poucos dias para inscrever reforços e não vislumbramos boas notícias nessa seara. Pelo contrário, alguns dos atletas que chegaram em janeiro já estão se despedindo do clube, sublinhando a dificuldade em se acertar o perfil dos profissionais que irão compor o elenco.
A chegada do novo diretor de futebol, Eduardo Freeland, acendeu as esperanças do torcedor no sentido de mudar o padrão negativo que tem marcado o anúncio de atletas, embora saibamos de antemão que isso só será possível caso o Presidente lhe dê autonomia de gestão, uma dúvida que somente o tempo será capaz de dirimir, principalmente considerando os antecedentes da atual administração tricolor.
Para termos uma ideia dos prejuízos que a falta de foco e planejamento trazem ao futebol do Bahia, basta consultarmos matéria publicada aqui mesmo neste site no dia 23 de março, trazendo a informação de que nada menos que oito jogadores tem futuro incerto no tricolor. Dentre estes atletas Oscar Ruiz, jogador de salário elevado e que rendeu muito abaixo do esperado, e Jonathan, recém-contratado para substituir Nino Paraíba na lateral direita, mas que foi facilmente superado por dois garotos da base do clube, Borel e André. Melhor exemplo de desperdício não há.
Meu pessimismo atroz me impele a refletir sobre o que disse o Presidente no início do ano, referindo-se à falta de recursos para contratações, de que estariam “engatilhadas” as contratações de atletas jovens que clubes como o Palmeiras liberariam após os campeonatos estaduais e antes do encerramento da primeira janela de contratações. O pessimismo vem do fato de que, com o “dedo podre” dessa diretoria para “farejar” talentos, já imagino onde poderemos parar…
Pode ter sido mera coincidência, mas soou estranho anunciar um novo diretor de futebol logo após ser apresentado um pedido de impeachment no Conselho Deliberativo justamente pela não-nomeação desse profissional. Motivações políticas à parte, era evidente que um clube que foi rebaixado não podia esperar cerca de três meses para ter um responsável pela formação do plantel e por dialogar com a comissão técnica, em busca do melhor desempenho. Muito menos contratar um profissional e dar-lhe tão pouco tempo para trabalhar antes do início da principal competição que vamos disputar (série B) e, principalmente, do fim da primeira janela de contratações. A Diretoria Executiva, que já abraçou o fracasso, agora brinca na beira do precipício.
Curioso é que o novo diretor, Freeland, em suas primeiras aparições públicas tenha defendido tudo aquilo que a dupla Bellintani-Ferraz se recusava a implementar no Bahia: planejamento com metas claras, revisão periódica do planejamento, acompanhamento do desempenho dos atletas, comparando-os com atletas de mesma posição em outros clubes… enfim, tudo aquilo que faz uma organização digna desse nome. Só nos resta acreditar e torcer para que o novo personagem tenha condições para mudar o script do filme.
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