é goleada tricolor na internet
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Publicada em 14 de novembro de 2011 às 00:00 por Autor Genérico

Autor Genérico

E o Bahia volta ao normal

Há algum tempo eu queria escrever esta coluna; no que fui impedido em razão da falta de inspiração e dos resultados do tricolor, então com riscos reais de descenso. Além do mais, com uma jornada de mais de 100 horas semanais de trampo, a gente pensa em qualquer coisa, menos em escrever.

Ao vencermos o Atlético “do” Goiás, como os brasilienses se referem a este Estado do Centro-Oeste brasileiro, demos um passo fundamental para escapar da segundona, com 99% de chances de conquistar o honroso título simbólico de Campeão Brasileiro de Não-Rebaixamento.

Em relação ao resultado, em se considerando a filosofia de “não perder” do Mestre Joel, e o elenco já bem conhecido por nós outros, um excelente placar e mais uma vez com a participação dos outrora criticados Souza e Marcos, os quais eram os campeões dos apupos do torcedor e atualmente alguns fanáticos até se arriscam a denominá-los craques.

O adversário, uma equipe bem armada e entrosada, segue em situação semelhante à do Tricolor, com o descenso praticamente afastado, assistindo de camarote o sofrimento dos seus dois maiores rivais na Série B e atualmente numa sequência de derrotas a qual chateia o seu torcedor, mas não preocupa tanto diante do exposto. Inclusive, o genérico goiano do Flamengo, cujas cores e camisa foram inspirados no “referência” carioca, certamente se lembra do seu “muso inspirador” o qual em certa altura sofreu uma sequência interminável de reveses e mesmo assim ainda tem chances de título. Isto é a Série A.

Tudo muito bom, tudo muito bem; e após enfrentar no Sul o Colorado gaúcho, clube do meu sogro, segue o Baêa em mais um embate em casa contra omaledetto Parmeira. Mais uma vez casa cheia e mais uma vez aquela máxima muito bem colocada em jingle de propaganda das Óticas Ernesto de 1981: “eu quero é ver meu Bahia jogar” e o resto que se exploda.

Desde já eu posso me arriscar em dizer que aos poucos o Bahia vai voltando ao normal.

Em tempos de Cerei C, quando os torcedores mais apavorados vaticinavam o fim do Tricolor, esquecíamos que nada como o tempo, o senhor da razão, para que determinadas fases pudessem ser superadas. O torcedor, na verdade, foi o maior catalisador deste tempo.

Aquele Bahia que tomava de sete de um obscuro clube do Ceará, covarde, apático e sem vibração, aos poucos vai dando lugar a um Bahia mediano, capaz de pelo menos se manter na Elite do futebol brasileiro.

Podemos afirmar com toda convicção que se o Bahia de hoje não empolga, pelo menos vai dando lampejos daquele clube que a maioria de nós torcedores aprendeu a amar. O resultado contra o São Paulo em Pituaçu, por exemplo, relembrou as grandes viradas na Fonte Nova. Os resultados contra o Fluminense, no Rio e em Salvador, foram flashes de um clube grande, de um clube da Elite. De resto, não tomamos mais de três gols de diferença neste Brasileiro 2011.

Diante de uma competição difícil que é o nacional nos atuais moldes, e diante do fato de sermos oriundos de longo inverno em séries anteriores, pelo menos tivemos um desempenho no mínimo razoável e amparado pela estatística de que dificilmente um clube que sobe da B para a A tem vida fácil na estreia (ou reestreia) no palco principal do futebol brasileiro.

Para o torcedor do Bahia, exigente, distímico e por vezes esquizofrênico, pontuais resultados adversos, somados ao pânico de voltar à segunda divisão (o rival está aí como exemplo da crescente dificuldade em se manter na Elite), 2011 tem sido um ano de fortes emoções e um verdadeiro teste para cardiopatas e hipertensos.

Para Sua Alteza, o Presidente do Esporte Clube Bahia, e para pelo menos a maioria dos torcedores “comuns”, uma boa campanha, com altos e baixos como qualquer outro clube.

E para você, leitor? Será que isso é o suficiente?

Vimos durante o ano de 2011 como foi difícil contratar atleta conceituado no mercado para esta competição, notadamente atacantes. Mais uma vez, a política do barro na parede (joga e vê se cola) norteia as ações de Sua Magnificência, o Presidente do Esporte Clube Bahia e asseclas no sentido de se armar uma equipe capaz de DISPUTAR de fato alguma coisa neste campeonato. Dezenas e mais dezenas de jogadores contratados, alguns que nunca entraram em campo, e outros que acabaram escanteados por pura deficiência técnica. Jogadores contratados a peso de ouro, como craques incontestáveis, os quais por motivos desconhecidos passam dias, semanas, meses sem jogar por conta de contusões obscuras.

De todas as trocentas (quase 40 ou mais de 40?) contratações do tricolor para este ano, incluindo no estadual, deram certo pelo menos meia-dúzia.

Fosse o Bahia uma multinacional, mereceria no mínimo uma avaliação de desempenho e custo-efetividade diante de tanto desperdício de recursos. Como corolário, temos um efeito em cascata de adiantamentos de verba de TV, de dívidas trabalhistas impagáveis e o torcedor sempre financiando tudo isso com seus ingressos.

Muitos clubes considerados grandes, como o Flamengo, possuem modus operandi semelhante na hora de contratar jogador, sendo que as dívidas do clube carioca ultrapassam os 100 milhões de reais. Entretanto, o rubro-negro do Rio ainda possui alternâncias de poder em sua gestão e conselheiros atuantes.

Enquanto isso, no Alto de Itinga, assistimos impassíveis a uma Dinastia permanecer no poder. E, pior, sem a mínima possibilidade de mudança, haja vista as recentes alterações na composição do conselho, agora predominantemente composto dos seus partidários. Tais alterações no conselho parecem carecer de legitimidade haja vista não serem precedidos de convocação de Assembleia Geral ou coisa do tipo.

Há de se considerar os progressos dos Guimarães em sua gestão, como o próprio acesso à Série A e o futuro CT em fase de projeto. Além do mais, os recentes resultados na base trazem alguma esperança ao torcedor.

Entretanto, seguem os Guimarães à margem da História no momento em que permanecem inabaláveis no seu projeto de poder sem qualquer indício de transparência e sem resultados concretos e visíveis ao torcedor comum. E também sem quaisquer indícios de planejamento em longo prazo.

Se os outros clubes passam por situação semelhante, isso não me interessa. Se as mudanças desejadas virão ou não sob o comando de Sua Estupefacência, o Presidente do Esporte Clube Bahia, o tempo é quem vai nos dizer assim como mostrou que o Bahia não acabou em 2006. Fica como reflexão que o verdadeiro competente FAZ e não enrola.

A torcida de ouro do Bahia merece muito mais do que apenas ficar na primeira divisão. Mas, conforme eu disse em coluna anterior, depende do referencial adotado. No Bahia paralelo está tudo bem. Cabe ao torcedor dizer qual dos dois bahias é o melhor para si.

Apesar das próximas eleições serem virtualmente um jogo de cartas marcadas ou um teatro, reconhecemos e achamos louvável a luta de autênticos e apaixonados tricolores no sentido de tentar bater chapa no pleito do próximo mês.

A estes nobres torcedores fica meu desejo de boa sorte e meu total apoio nesta luta.

A História nos mostra que na Política muitos nomes grandes surgiram no contexto de insatisfação com o estabilishment e do desejo de modificar o mundo.

Nomes como José Serra, Fernando Henrique, Lula, José Dirceu, Waldir Pires, Miguel Arraes, Dilma Rousseff etc, surgiram em movimentos estudantis, sindicais, acadêmicos e até da guerrilha armada.

Hoje estas pessoas estão direta ou indiretamente participativas nos destinos do nosso país.

Ontem eram jovens rebeldes que queriam mudar “isso tudo que aí está”. Depois de muita insistência e perseverança, finalmente conseguiram.

Eis o tempo, magnífico e implacável, mostrando que assim como estes políticos chegaram lá, a dita oposição do Bahia certamente chegará. E espero, do fundo do coração, que estes opositores, em chegando ao poder, mantenham a constância e a retidão nos seus objetivos expressos por meio de reuniões, assembleias e manifestos.

Alguns dos políticos citados decepcionaram o país com determinados fatos que lhes foram atribuídos. Enfrentam, enfrentaram e enfrentarão duras críticas e calúnias ao longo de sua trajetória. Carreiras, casamentos e reputação podem e poderão estar em jogo. Alguns se desviaram completamente do caminho em função do inebriamento com o poder e das “alianças” nem sempre bem sucedidas. Outros permanecem no caminho, porém sofrem duras perseguições de seus adversários.

Guardem-se as proporções entre a política nacional e o Bahia, e fica aqui um voto de esperança e de alento para a brava oposição no pleito vindouro. Que possam expressar a sua luta em atitudes concretas e um Bahia vencedor.

Quanto à Sua Maravilhecência, o Presidente do Esporte Clube Bahia, que este possa conduzir o nosso clube um pouco melhor doravante e diante de sua praticamente assegurada reeleição. O senhor, Mui Digno Presidente, ainda pode entrar para a História do Bahia. O senhor sabe bem o que fazer. Talvez o seu Não Menos Digníssimo Pai não queira, mas o senhor sabe muito bem o que fazer e cabe a vossa senhoria decidir como fazer. Pode ser que não dê certo, mas não podemos nos dar ao luxo de caminhar na contramão da História. Um clube aberto e transparente pode ser o primeiro passo para que não nos equiparemos a um Atlético Goianiense, um clube que quase acabou e seu estádio quase virou um shopping.

Saudações Tricolores.

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