Falar da parte técnica do time Bahia é ser repetitivo. Os erros continuam e nada de promissor vislumbra no nosso horizonte. Pelo contrário, temos é que começar a nos preocupar, afinal, a distância que nos separa da zona do rebaixamento é de apenas oito pontos.
Vi novamente um time desorientado taticamente, sem qualquer esboço de organização. Nunca fui fã de Arturzinho, mas é inegável que jogávamos de outra forma no comando dele. A postura do time era outra, vibrávamos mais, tínhamos mais atitude e, se não dava na técnica, na vontade conseguíamos alguns resultados. Talvez, a queda abrupta tenha a ver com a questão dos salários, não sei… Mas o fato é que algo além das quatro linhas está errado.
Roberto Cavalo foi mais uma tentativa frustrada dessa nossa diretoria amadora. Não vi, nas poucas vitórias que tivemos, uma partida convincente sob a orientação dele. E mais… Se reclamávamos das bobagens do Boca de Sapo, diria que com Cavalo, passamos a ter saudades das loucuras dele. O que dizer daquela substituição no jogo contra o Barueri, onde tínhamos em Rafael o nosso jogador mais lúcido em campo, e ele achou de tirá-lo alegando cansaço? Essa troca foi fundamental para nossa derrota. Eu estava presente no estádio e a resposta foi imediata dos torcedores, dentre eles, um dos mais ilustres, Bob Fernandes. Como protesto, ele pegou os filhos e se dirigiu à saída, já pressentindo o que estava por vir.
Contra o ABC, há quem diga que Marcone e Willames não estavam bem e que mereceram sair. Discordo. Não foram excepcionais, mas tirá-los do jogo foi uma forma de dar resposta e uma falsa esperança ao torcedor. Em que o desgastado Emerson Cris e o embrião de jogador Danilo Cruz seriam melhores que os que saíram? Estávamos precisando de ajustes na marcação e nesse item os que entraram não ajudariam em nada. Nesse jogo ficou provado que não é a quantidade de volantes que faz a diferença na marcação e, sim, a maneira como os espaços são ocupados. Do que adianta encher o meio-campo de marcadores quando os laterais não ajudam?
Fábio e Adilson não conseguiam ganhar uma, o que obrigava os volantes a saírem atrás dos atacantes, deixando espaços para os que vinham de trás. Junte-se a ineficiente marcação de Fausto a esses vãos no campo e o resultado não poderia ser outro. Aliás, nosso camisa cinco precisa de um descanso. Ele é o retrato da pobreza técnica do nosso time, apesar de toda força de vontade. Não sabe marcar, não consegue dar um passe com maior precisão quando é exigido, completamente limitado. Poderíamos até pensar em multá-lo, Ávine também. Mas como, se nem salário eles estão recebendo direito? Mesmo assim, é muita expulsão para um campeonato só.
Temos que descobrir o que Rafael fez a Cavalo – perdoem o trocadilho. Não é possível que num elenco tão fraco tecnicamente, ele seja preterido. Não estamos falando de nenhum gênio da bola, mas de um jogador que sabe tratar e o que fazer com ela. Erra e perde jogadas como qualquer meio-campista, com a diferença de que, quando está com a “criança” nos pés, não se apavora e nem tenta se livrar logo dela. Por que será que teve tão poucas oportunidades de seguir jogando com Cavalo? Será que tem alguma coisa a ver com Danilo Cruz, essa invenção indicada com ele? Não, espero que não seja mais um desses casos de jogadores indicados pelo treinador. Se bem que, no amadorismo que nos cerca, não duvido que isso esteja acontecendo.
Caio, apesar de ter qualidade, ainda decepciona. Esperava mais dele. Se lembrasse um pouco o desempenho que teve no Paraná, já estaria satisfeito. Tem toque de bola, não se afoba e sabe o que fazer. Ele é um jogador que precisa de alguém que chegue para trabalhar a jogada, fazer o famoso um – dois, que é tão importante no futebol. Aí também entra o detalhe: quem faria esse papel? O melhor que temos pra mim é Rafael. Acho até que Ananias poderia ser mais aproveitado, mas ainda não o vejo em condições de ser titular.
Marcelo Ramos é quem sofre lá na frente. Continua com a mesma categoria de sempre, só não tem mais a favor a jovialidade de Paulo Roberto. Esse é outro caso interessante. Nessas horas eu sinto falta do velho Evaristo. Com certeza, ele já teria feito das suas e dito: “Meu filho, no futebol quem corre é a bola…”. Velocidade é importante, mas inteligência é fundamental. Quando Paulo Roberto perceber que antes de correr ele deve levantar a cabeça e tentar o coletivo primeiro, vai crescer mais. Gosto muito da luta e entrega dele, não desiste do jogo um só minuto. Só que ele precisa de orientação, e já!
No final das contas, sofremos. Mais uma goleada e a certeza de que a série A, talvez, só em 2010. Agora, é começar a fazer contas e torcer porque nem reza deve ajudar mais.
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Em paralelo a tudo isso, notícias quentes sobre a sucessão de Barradas. Tenho lido notícias, visto nomes e mais nomes surgindo. Boatos e suspeitas, mentiras e verdades, muito mistério no ar. Ninguém parece ser unanimidade, não que isso seja a solução e, como diria Nelson Rodrigues, “Toda unanimidade é burra.”. Mas é que é tão estranho não termos alguém que seja consenso, que chega a ser surreal.
Independente de situação e oposição, o Bahia precisa é de união. O time de Canabrava pode ser um exemplo pra nós. A queda de Paulo Carneiro não tinha o apoio de todos os conselheiros, mas fez-se necessária para o momento. Aquilo foi prova de que os interesses do clube estavam em primeiro plano. E isso, infelizmente, não acontece conosco. É muita queda-de-braço, mesquinharia e falta de foco. Deveríamos unir forças em prol do clube, deixando para outra oportunidade a vaidade pessoal.
Tudo o que vimos nesses últimos anos poderia se resumir em um caminho só: a morte física do glorioso esquadrão de aço, agora já chamado de “ex-quadrão”. Acho até que saímos de uma morte cerebral – dois anos na terceira divisão – e passamos a conviver esse ano com a ressurreição. O que me espanta é que, politicamente, nada mudou. Pelo contrário, criaram-se barreiras na tentativa de retardar ainda mais a modernização do clube, um verdadeiro retrocesso.
Não sou a pessoa mais indicada para comentar a respeito, minha distância dos bastidores não joga a meu favor. Além disso, conheço muito pouco dos candidatos. Mas existe um nome entre todos os citados que me agrada bastante: Virgílio Elísio. Ainda morava em Salvador na época em que ele estava à frente da FBF. Seu jeito de comandar, a forma como lidava com questões polêmicas e sua imparcialidade me impressionaram. Acho que seria a pessoa ideal para começarmos um novo ciclo. Acredito que, talvez, esse seja o único que pode vir a ser uma unanimidade.
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Não poderia deixar de comentar sobre a demissão do treinador. Sempre me baseio no que vejo em campo, nada tenho a ver com as relações fora dele, apesar de ter opinião formada a respeito. E nesse caso, finalmente, a diretoria acertou.
Se Arturzinho não deixou saudades para a maioria, Cavalo será lembrado ainda menos. Não adianta falar de limitações agora, é chover no molhado. Qualquer um que vier assumir o Bahia já deve saber disso. O time é fraco e vai ser isso até o final. Agora, fazer disso desculpa para o insucesso à frente da equipe, é de uma pobreza sem tamanho.
Nos jogos era nítida a falta de entrosamento entre ele e o elenco. Cheguei a ver em alguns jogos, os jogadores discutindo de forma ríspida com ele, gesticulando e mostrando total insatisfação pelas orientações recebidas. A primeira coisa que um treinador tem que ter num time é comando, tática e técnica vêm depois. Se não souber comandar a casa, já era.
Tecnicamente falando, ele errou demais. Erros grosseiros que, por mais inexperiente que fosse o treinador, dificilmente eles seriam cometidos. Na parte tática, ainda era mais evidente a falta de entrosamento. Ele nunca se definiu entre o 3-5-2 e o 4-4-2. Isso, num time como o nosso, só fazia confundir os jogadores. E quando não se tem o grupo na mão, a orientação fica ainda mais difícil. Então, que ele seja feliz em outro clube.
O novo treinador, Ferdinando Teixeira, é bem rodado e conhecido, principalmente, pela parte de cima do NE. Só o conheci através do ABC, quando tivemos vários jogos nos últimos dois anos na série C. Seria irresponsável e leviano da minha parte tecer qualquer comentário negativo a seu respeito. Mas, nas poucas vezes que o vi dando entrevista ou comandando os seus jogadores, uma característica dele me chamou a atenção: a forma de comandar o time. Ele vibra bastante com seus comandados, orienta e vive a partida intensamente. Eu gosto muito disso. Tecnicamente, prefiro esperar as próximas partidas para analisar. É óbvio que ele veio pensando no futuro e numa projeção nacional, afinal, mesmo com todos os problemas, treinar bem o Bahia um ano é melhor que vencer vários campeonatos potiguares.
Toda sorte do mundo a ele.
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Gostaria de agradecer a todas as mensagens que recebi de apoio, elogio e incentivo por passar a escrever aqui no site. Sinceramente, foi uma surpresa pra mim a receptividade. Ficou evidente também a força desse espaço.
Abraços em especial, à minha turma de Itapoan e meus amigos de SP. Valeu!
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