O Bahia viveu um dos dias mais importantes de sua história, no último 17/08, com a realização da assembleia que alterou o seu estatuto, para permitir, dentre outros, a eleição direta do presidente do clube este foi o primeiro passo para o futuro e para a transformação do clube, mas não pode ser o único.
O próximo presidente, apesar de já ser denominado de tampão, será, provavelmente, o mais importante dos últimos anos, e a quem caberá traçar o futuro do clube.
Ele terá que manter o time na Série A, disputar com dignidade o Campeonato Baiano e a Copa do Nordeste do próximo ano e o próprio Campeonato Brasileiro e, ao mesmo tempo, dar continuidade à democratização do clube. Copa Sul-Americana e títulos, mesmo que regionais, não devem ser cobrados, pois, apesar de importantes, não há tempo e nem dinheiro para se montar um time competitivo, e, não se pode nem se deve – endividar o clube ainda mais.
Votar para presidente é importante, mas isto, somente, não permitirá que o Bahia rompa a sua tradição de ser comandado por eternos presidentes e por famílias.
Após o jogo contra o Santos, na Fonte Nova, um dos candidatos à presidência defendeu, expressamente, que poderia haver nova alteração no estatuto, no próximo ano, para permitir a reeleição do presidente a ser eleito em setembro.
Penso que, se isso ocorrer, significará a anulação das últimas conquistas, permitindo que eventual resultado em campo legitime a perpetuação, novamente, de mandatários, sem que haja uma efetiva democracia no clube.
Dessa forma, passo a propor que o próximo presidente promova maiores e mais eficazes alterações no estatuto, para:
a) criar o voto à distância: o Bahia tem uma das maiores torcidas do país, que não está limitada geograficamente a Salvador. Para que haja estimulo à associação de mais torcedores e com isso, a geração de maiores receitas há necessidade de se garantir a participação efetiva desses sócios na vida do clube, no seu destino, nas suas eleições.
Não é admissível que a eleição para presidente do Bahia que atualmente já possui um número de sócios maior que muitos municípios baianos seja realizada com filas na Fonte Nova.
Tecnologia não falta, para que seja criado um sistema que permita ao sócio consignar o seu voto eletronicamente, pela internet, com total segurança.
b) instituir um período de carência para que o sócio possa votar: nessa primeira eleição é importante que todo e qualquer sócio tenha direito a voto, mas para as posteriores seria importante exigir um período mínimo, a fim de impedir que algum candidato utilize o seu poder econômico, para associar eleitores, às vésperas da eleição. Com a redação atual do estatuto, o candidato nunca terá conhecimento pleno do seu eleitorado, que, no dia anterior à eleição, poderá ser modificado, causando incerteza e, até mesmo, insegurança jurídica.
Por isso, creio que, na atual circunstância, sequer haja interesse em se reverter a liminar judicial que impede novas associações, pois assim garante que as eleições de setembro sejam realizadas com um eleitorado já conhecido, sem surpresas de última hora.
c) estabelecer fórum qualificado para modificação das propostas anteriores e daquelas da assembleia realizada em agosto: a democracia não é perfeita e, por isto, precisa de limites, para que não faça surgir um novo autoritário, uma ditadura disfarçada e legitimada pelo voto. Basta lembrarmos que Hitler assumiu o poder na Alemanha sob a égide de uma constituição democrática.
Assim, para que nenhum aventureiro, como já surgiu e propagou nas rádios de Salvador, pretenda mudar as regras estabelecidas, qualquer modificação nessas cláusulas e naquelas votadas na última assembleia somente seria possível com três quintos de todos os sócios e não apenas dos votantes. Para que se tenha uma noção, a última assembleia contou com menos de um terço dos sócios.
O rumo do Bahia dependerá dos próximos meses, e, por isso, proponho um amplo debate sobre as modificações que devam ocorrer; democracia participativa não é apenas votar em referendo.
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Quero expressar a minha alegria em retornar para este site, após mais de dez anos, que ajudei a fundar na longínqua década de noventa, do século passado, quando internet era palavrão. Retornei, pois acredito que este espaço manteve a sua principal característica, que é a independência e a liberdade de expressão. O ecbahia foi criado para ser um meio de comunicação da torcida, e não para apoiar a situação ou servir como mecanismo de manobra da oposição, por isso sempre demos voz a todos e nunca tivemos o propósito de sermos um site oficial. Falo no plural, pois são princípios que ajudei a sedimentar, junto com todos os demais que o construíram e o constroem, e que fizeram ter o reconhecimento que tem hoje.
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