Mestre Evaristo de Macedo costuma falar que o problema de ter um banco de reservas formado por atletas de qualidade duvidosa é que, em algum momento, o treinador olhará para o banco e escalará alguns daqueles jogadores para compor o time principal. O inverso também é verdadeiro, tornando-se motivo de alegria poder contar com jogadores que, entrando em campo, mudem o placar. Nosso treinador viveu essa felicidade no jogo contra o Atlético-MG, que valia a liderança do campeonato.
Tendo escalado um time defensivo com 3 zagueiros e 4 volantes, logo a nação tricolor imaginou que o treinador se contentaria com um empate. Afinal, do outro lado estava o badaladíssimo Jorge Sampaoli e seu estilo Guardiola de jogo. Para completar o momento de profunda depressão de quem assistia à partida, o time do Bahia nada produziu no primeiro tempo e não sofreu uma goleada por obra e graça do destino (ou do Senhor do Bonfim, como prefira o leitor). Mas, assim como nas bolsas de valores, em que à depressão se sucedem momentos de euforia, o técnico olhou para o banco de reservas e não teve medo de ser feliz. Escalou Gilberto e Marco Antônio, seguidos por Daniel. Foi o suficiente para o Bahia virar o jogo e só não aplicou um placar mais elástico porque os Deuses do futebol evitaram.
O triunfo possibilitou dez dias de razoável tranquilidade para treinamentos e fez até a torcida esquecer o clamor por reforços, embora a própria dinâmica do jogo tenha demonstrado essa necessidade. Até porque, com a volta da Copa Sulamericana, a sequência de 3 jogos em oito dias também volta e se o Bahia tem pretensões de avançar na competição internacional não pode descuidar da recuperação física de seus atletas e nem do campeonato brasileiro, já que continuamos a flertar com a parte de baixo da tabela.
Por falar em Copa Sulamericana, o sorteio nos colocou frente-à-frente com o Melgar, time médio do Perú, mas acostumado a participar de disputas internacionais. Os brincalhões torcedores tricolores já achamos motivos para comemorar antecipadamente: o Melgar é rubro-negro e tem um leão como mascote! De fato, o Bahia reúne plenas condições para enfrentar o Melgar, sem se intimidar. O clube peruano não vem bem no campeonato local e não terá a altitude de Arequipa (2.300 metros) a seu favor, pois o jogo será em Lima, em razão da pandemia do Covid-19.
Há outras razões para o otimismo tricolor. Desde a recuperação de Gilberto, até o comportamento mais firme da nossa zaga. Mas, creio, o motivo primordial é perceber que o nosso comandante já tem o “time na mão”, conhecendo (e sabendo usar) as características de cada jogador, mudando a formação da equipe, de acordo não só com o adversário, como ao longo da própria evolução da partida. Isso é algo que o torcedor do Bahia não vê há muito tempo, acostumado que estava aos “sambas-de-uma-nota-só”. E já foi suficiente para abafar alguns resmungos de insatisfação com nosso técnico, que brotavam das arquibancadas vazias de Pituaçú. Agora é, mais do nunca, hora de acreditar que o trabalho da comissão técnica trará os resultados que tanto almejamos. Ou seja, precisamos fazer como os paulistanos e gritar: “É nóis, Mano!” BBMP!
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