Dissecando o Inter

Muito mais do que três pontos. É o que está em jogo neste domingo pelo Brasileirão.
PituAÇO que se prepare para um jogão.

O Bahia enfrenta uma das equipes mais qualificadas do campeonato, apontada por muitos como uma das favoritas ao título de 2012. Ainda que não tenha se afirmado neste início de temporada (perdeu para o Botafogo em casa há duas rodadas), quando o colorado gaúcho joga seu melhor futebol, fica claro que a qualidade de seu elenco é invejável. Na última rodada, venceu o Sport com naturalidade em plena Ilha do Retiro.

Para se ter uma ideia, o argentino D`Alessandro recebe nada menos que R$ 900 mil por mês desde que teve proposta coberta pelo Inter do promi$$or/enfadonho mercado chinês. Ainda tem as sensações recentes da Seleção Brasileira em alta (Leandro Damião e Oscar), sem mencionar outros importantes nomes que até mesmo acabam ficando em segundo plano.

Para nossa sorte, Dagoberto não joga e a zaga titular volta a ser Bolívar e Índio, que já atuam juntos desde a arca de Noé.

O Inter joga em um 4-2-3-1 com muita movimentação. Não se iludam. A utilização de apenas um atacante avançado em nenhum momento caracteriza o abandono de uma proposta ofensiva (ainda que eu ache que, em um 4-4-2, o time apresentaria melhores resultados e um melhor rendimento de Damião, que fica isolado).

Movimentação dos meias é o coração da equipe, dita o ritmo do jogo. Os três meias Oscar, D`Ale e Jajá (Dagoberto suspenso) são habilidosos, objetivos e finalizam muito bem à meia-distância. Oscar é mais solícito a recuar e marcar, e D`Alessandro organizando as jogadas.

Os laterais Nei e Kléber são bastante acionados e sempre buscam a referência de Damião na área (Nei mais agudo ao fundo e Kléber em cruzamentos pela entrada da área). Ainda surpreendem as chegadas dos volantes Elton e Guiñazu que sabem jogar solto, além de marcarem muito.

A zaga sim, já está mais pra lá do que pra cá e os dois jogadores não vivem sombra do grande futebol que apresentaram, mas compensam em liderança e disciplina. Damião, além de todo seu talento, na referência pode fazer pivô chamando companheiros para passagem ou bola área, mesmo em desuso pelo Inter pode ser um fator surpresa.

O calcanhar de Aquiles da equipe colorada tem sido a inconstância apresentada desde o início do semestre –muito culpa, atribuo eu, à maneira que Dorival tem armado seu time. Exemplo: tudo o que um treinador queria ter em mãos é um atacante de presença de área e outro de velocidade –o que é raro de acontecer, diga-se de passagem. Dorival tem Damião e Dagoberto, que seriam sonho de consumo de qualquer torcida Brasil afora. No entanto, o treinador teima em não abrir mão de jogar com Dagoberto recuado.

Ainda, em muitos momentos, a equipe parece não conseguir vencer a obviedade, jogando o mesmo futebol que apresenta desde a chegada de Dorival. O que é inconcebível em vista da posse de tamanha criatividade de um meio-campo composto de jogadores cerebrais.

O que está em jogo? Para Falcão, o triunfo pode significar a afirmação, a superação de sua recente passagem pelo Internacional, contestada apenas pela politicagem da diretoria. Para o elenco, o triunfo reacenderia a esperança de que qualquer equipe poderá ser batida em nossos domínios e a retomada de confiança necessária para que o Esquadrão volte a atuar com a mesma convicção do início dos trabalhos falconísticos. O que é fundamental para qualquer pretensão diferente de somente-brigar-para-não-cair.

Para o torcedor, a certeza de um bom futebol e a alegria… confiança no time. Para mim, um jogo balizador de toda análise feita até aqui e a convicção de que o Bahia retomará o patamar de grandeza que nunca deveria ter aberto mão.

É difícil pensar que a forma de jogar das duas equipes não possa saudar-nos com um dos maiores jogos que Pituaçu pode receber ao longo do campeonato.