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Publicada em 19 de março de 2010 às 00:00 por Autor Genérico

Autor Genérico

Dirigentes e o imponderável

O imponderável e o futebol jamais se separam, quer seja em campo onde as “zebras” contrariam a lógica, ou fora de campo onde os dirigentes contrariam a sensatez. Tá em todas! Tanto é assim que acabaram com a Copa do Nordeste. Eu não sei quais interesses, à época, moveram os dirigentes – parte – da Liga Nordeste a obedecerem à Confederação Brasileira de Futebol para que um campeonato viável, sob todos os aspectos, tivesse o seu fim aceito de forma tão submissa.

O resultado da sandice dos dirigentes nordestinos reflete agora em times fracos, em clubes falidos, em região desprestigiada e com a maioria dos seus clubes na Segunda, Terceira e Quarta divisões, exceto Vitória e Ceará que lutarão na série “A” apenas para não caírem. Não é nenhuma premonição sobre os dois do Nordeste que estão na Primeira Divisão, mas uma constatação da falta de independência e competência dos dirigentes nordestinos que desprezaram uma fonte de receita vital como seria a Copa do Nordeste, bem organizada naquele cenário.

O Nordeste tem cerca de cinqüenta e quatro milhões de habitantes, um PIB per capita de 6.800,00 em evolução, um povo apaixonado por futebol e mercado ascendente. Não havia motivo para a Copa do Nordeste não ser bem sucedida. Na verdade a CBF foi quem botou o dedo no suspiro para que os clubes acabassem com o campeonato que, paradoxalmente, foi copiado por outros estados, com aquiescência da CBF, que depois se arrependeu convenientemente alegando dificuldades com o calendário.

Talvez o maior pecado dos nordestinos tenha sido falar em criar a Liga do Nordeste. Isso pode ter causado surto de urticária na diretoria da CBF, ou ter sugerido insurreição, conspiração, ou o nome que se queira dar ao receio da CBF em relação ao movimento dos clubes nordestinos. Na ocasião não tive dúvidas do sucesso que seria o campeonato com clubes da grandeza de Bahia, Sport, Fortaleza, Náutico, Ceará, Vitória e Santa Cruz. Não teria como fracassar.

É claro que ao Sr. Ricardo Teixeira, presidente da CBF, jamais vai interessar um campeonato que dificulte o calendário do seu principal cabo eleitoral que é a Copa do Brasil. Que se louve o conceito da obra, uma tacada de mestre que agrada a gregos e troianos, que garante a perpetuação do presidente da CBF, e fecha com chave de ouro dando vaga ao clube vencedor na Libertadores da América. É um argumento que neutraliza os incautos e deixa a CBF bem na foto. Ainda mais quando times como o Paulista, Juventude, Criciúma e Santo André ganham esse campeonato. Um ardil perfeito!

Trocando em miúdos e explicando a demagogia política no futebol: a Copa do Brasil é um campeonato curtíssimo para os clubes, principalmente os pequenos, e não raro só de um jogo, misto de times das divisões principais do futebol brasileiro com a várzea profissionalizada nas coxas a trabalho da CBF e dos políticos. Ora!

Só para ilustrar esse raciocínio. Imagine que o Naviraiense – pela primeira vez ouvi falar desse time – comemorou muito perder para o Santos com placar inferior a dois a zero no jogo de casa. O time parecia ter realizado o maior feito da sua existência só porque iria fazer o jogo de volta na Vila Belmiro, onde jamais imaginara sequer pisar um dia. E lá tomou uma enfiada de 10 x 0. Mas para eles, jogadores, jogar onde nasceu para o futebol um certo Rei Pelé, foi o ápice. São times esses que não têm tradição para estar fazendo jogos em nível de Primeira Divisão. Vamos combinar.

São fatos assim que me fazem concluir ter sido por absoluto puxa-saquismo e uma dose elevada de submissão e medo, dos dirigentes nordestinos, que a Copa do Nordeste sucumbiu em favor de um poder maior. Ainda que plenos na consciência de que estavam causando muito mal aos seus respectivos clubes e ao futebol nordestino como um todo. Excetuando-se no episódio o então presidente do Vitória, Paulo Carneiro, e o presidente do Sport, salvo engano deste colunista, que firmaram posição favorável à realização do campeonato.

Não deu liga, e nem poderia dar, se a maioria dos clubes de apelo popular estava ausente da competição. Se os que negaram o bem ao futebol nordestino tivessem tido a mesma atitude dos dirigentes que a queriam, certamente a Copa do Nordeste seria hoje um grande sustentáculo do futebol desta região e nossos clubes não estariam da forma como se encontram, rastejando agarrados no rabo do futebol brasileiro.

A Copa do Brasil, cujo apelo demagógico salta aos olhos, que diz visar o lado social – como prega a CBF –, na verdade deságua em votos a favor do presidente Ricardo Teixeira, haja vista que ela abrange todas as federações de futebol do Brasil. Foi criada ao que parece para atender anseios políticos de dentro e de fora do futebol. Por esse motivo jamais deveria ser tragada pela Copa do Nordeste, já que “o calendário não permite”. Ainda há quem ache Ricardo Teixeira o supra-sumo dos dirigentes do futebol brasileiro. Não nego, porém, a sua soberba inteligência.

Queiram os deuses do oculto que a mentalidade desses dirigentes esteja mudando forçadamente pelas circunstâncias. Ver uma região como o Nordeste, forte em segmentos de suma importância para o Brasil como, por exemplo, o turismo, e saber que o seu futebol vive de uma incipiência histórica marcante, com dirigentes de espíritos amadores, invade-me um sentimento de desilusão sem precedentes.

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O Bahia não precisaria jogar em Alagoinhas, relativamente longe da sua torcida, arriscando a própria sorte no campeonato, se houvesse uma administração na Sudesb que só tratasse das coisas inerentes à própria Sudesb. Infelizmente não é assim. Fisiologismo e política partidária impedem que a competência se estabeleça naquele órgão, e mais uma vez o Bahia e a sua torcida pagam de alguma forma essa conta.

O governo não construiu um estádio para o Bahia, é certo. Muito menos lhe fez favor algum. Ele, governo, olhou o seu lado político no evento e viu que não poderia deixar Salvador sem um estádio, já que na comoção do dia da tragédia da Fonte Nova o governo decretou o fim daquela praça esportiva e partiu para reformar o estádio Roberto Santos. A equação é simples, o Bahia tem milhões de torcedores e, pelo menos, hum milhão e meio de votos.

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Apesar de o Bahia ter jogado bem em Goiás, achei que a defesa precisa de Alison, que Fernando demorou de sair no primeiro gol, que o meio campo precisa criar, que o ataque tem que ter a presença de Lima. Quanto ao placar adverso, dá para reverter nesse jogo de 180 minutos. Aliás, dizem que 2 a 0 é um placar perigoso, pois se o perdedor diminuir esse placar, o empate e a virada é uma questão de minutos. Amém!

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