Nesta coluna abordo um tema que durante sete anos fez no Bahia um estrago tamanho que quase o levou à condição do era uma vez um clube de futebol…. Mas por se tratar do Bahia, clube afeito a glórias e fatos inacreditáveis, com uma torcida fantástica, aconteceu o que na verdade sempre se acreditou, a volta pra casa com todas as honrarias de um clube campeão…
Voltou e voltou por cima, mostrando toda a sua força e prestígio. Ganhou prêmio nacional de time com a melhor torcida do Brasil, reconhecimento oficial como Primeiro Campeão do Brasil, com cadeira importante no Clube dos Treze, além de um documentário de causar inveja aos clubes sem conquistas além fronteiras, feito pela rede de televisão ESPN do Brasil.
Decididamente, não teria sido fácil chegar ao objetivo se a diretoria tricolor não houvesse trabalhado num epicentro de crises internas com inteligência e buscando sempre o profissionalismo. Ouvido de mercador foi o segredo dessa blindagem eficiente contra dissidentes, inimigos do clube, fogo amigo, partidários do quanto pior, melhor, pinimbas pessoais e outros fatores tão próprios do oportunismo em épocas de crises…
No meu entendimento, cada vez vai ficando mais difícil mergulhar e emergir num único fôlego, da Segunda Divisão… A briga embaixo dágua é ferrenha e ainda há luta para desvencilhar-se dos arpões fincados no leito abismal onde se encontra o Santa Cruz do Recife, por exemplo, ávido por companhia.
Ver presidente de clube anunciando por aí que vai subir sendo campeão da Série B me parece um tanto quanto precipitado e com intencional desvio de foco do olho do furacão da Segunda Divisão. Até porque um orçamento ainda embrionário nem sempre se concretiza de fato. Conseguir 25 milhões com uma torcida capaz de proporcionar público de 800 pessoas numa outra passagem pelos abismos do futebol é muito difícil!
A folha média na Segundona de 2011 não deverá ultrapassar os 600 mil reais, sob pena dos clubes saírem do patamar teoricamente suportável. Em tese, Sport, Vitória, Portuguesa, Goiás, Ponte Preta, Guarani e São Caetano podem aumentar suas folhas, mas qualquer coisa acima de 800 mil potencializa uma liquidez muito crítica para com as suas obrigações.
Convencer jogadores de ponta a jogar em time rebaixado é um dos pontos mais difíceis dessa empreitada. Esses jogadores sabem que a Série B é vitrine embaçada e o dinheiro é escasso. Mas, uma vez convencidos de participar dessa odisséia pela Segundona adentro, exigirão, como de praxe acontece, o pagamento adiantado dos dois últimos meses do contrato. Essa é a regra nas divisões inferiores, onde quem pode mais determina normas.
Cansei de escrever nesta coluna que a Lei Pelé teria que ser revista. Não consigo entender onde está o benefício bi-lateral que tanto se propalou na época em que a tal lei foi homologada. Os clubes se tornaram reféns dos empresários, procuradores, e até de investidores do setor financeiro, como bancos, por exemplo. Aquele que faz o garimpo e lapida o jogador o clube na maioria das vezes perde esse jogador para o empresário.
Para que os clubes possam se sustentar sem dívidas agudas e formar times competitivos de acordo com as suas respectivas divisões, é preciso que a Lei Pelé seja modificada urgentemente, de preferência tirando esse poder absoluto dos empresários, que na verdade determina o futuro, principalmente, dos clubes rebaixados.
Os clubes precisam voltar a ser donos dos passes dos jogadores formados em suas divisões de base. É justo pelo investimento com a formação nem só do jogador, mas do homem. Claro, novas regras que atendam aos anseios dos dois lados precisam ser discutidas num novo contexto. O clube não precisa se eternizar como proprietário do jogador, mas os empresários não deveriam ser mais que intermediadores ganhando apenas comissões.
Então, o clube da Primeira Divisão que recebe mais em cotas da TV/Clube dos Treze, ainda leva certa vantagem nessa competição de mercado imposta pela Lei Pelé, mas o de Segunda Divisão tem que dar saltos em cama de faquir e equilibrar-se no fio da navalha. Trocando em miúdos, só vão subir os clubes que se endividarem mais e sem medir as conseqüências do futuro. É um jogo de risco, é o preço que se paga por um rebaixamento.
xxx
ANDRÉ CURVELO. Um amigo-irmão, jornalista e marqueteiro político de indiscutível competência, ao qual desejo muita sorte na sua nova empreitada. Certamente, André, se condições lhe derem, não terei dúvida alguma do seu sucesso. André é uma reserva moral no meio em que atua profissionalmente, e na sociedade como um todo. Sucesso em mais um desafio na sua vida, amigo!
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