Em estilo provinciano e longe de qualquer senso profissional, o futebol baiano definha lenta e gradativamente, esvaindo-se sem rumo pelos becos escuros da ignorância de cérebros inférteis que insistem com os métodos antigos do coronelismo e das “eminências pardas”, sem nenhuma noção de modernidade e completamente alheios ao clamor da razão.
Dirigentes de Bahia e Vitória quase sempre insensíveis às necessidades dos seus próprios clubes, apegados aos cargos e voltados apenas para as suas vaidades doentias, acham que é necessário a morte de um para que o outro sobreviva. Rivalidade à parte, isto é uma inversão de valores incrível! Acéfalos ao profissionalismo trocam “favores” com uma parte da imprensa, farpas com a outra, e acabam oferecendo à clientela um cardápio bem ao gosto dos coveiros desse pobre futebol.
Após a tragédia do dia 25 de Novembro último, abateu-se sobre o Bahia uma montanha de problemas, quase o caos, o que já era ruim ficou pior, e não tende a melhorar porque as mentes envolvidas com esse processo são de uma pequenez extraordinária. Antagonismo daqui, antagonismo de lá e a coisa vai ficando cada vez mais difícil. Fala-se até em amor pelas causas defendidas (seriam mesmo os clubes, esses?), mas o sentimento é de ódio, e liderança que é bom não há. Os cardeais do Bahia tem poder até de determinar fórmulas ortodoxas no estatuto do Clube, e no Vitória impera um sítio de pai para filho desde as “antigas”, também ortodoxo. Democracia que é salutar tal qual o profissionalismo fica só na retórica dos dirigentes.
Apesar de tudo e independentemente de quem esteja eventualmente na sua direção, o Bahia é soberano. Não deve sofrer as conseqüências das retaliações pessoais direcionadas a esse ou aquele dirigente, ou ingerências políticas que possam prejudicá-lo. A mudança que todos desejamos é uma questão interna e depende do estatuto do clube, infelizmente para a torcida do Bahia. Mas tem esta: se os sócios remidos quiserem, mudam na época certa. Seria nesta direção que a “oposição” deveria seguir. Nenhuma autoridade governamental, ou mesmo do ministério público, tem poder legal para “rasgar” um estatuto e determinar uma intervenção. Não é a revolta da torcida que determina uma atitude assim, muito menos a intervenção do Governador do Estado, como gostariam os incautos.
Privar a torcida de ver o seu time, não reformando Pituaçú em tempo hábil para pressionar a diretoria, é o mesmo que matar de vez a instituição Bahia. É qualquer coisa que beira ao insensível, ou será que pensam que as pessoas não passam? Essa é uma ação mórbida e imbecil desse “legalismo cínico” (essa é de Roberto Tolentino) que contraria até o Governador Jaques Wagner. Nesse meio onde alguém paga dez para outro não ganhar cinco há muitos que imputam ao Governador palavras que ele jamais proferiu. A condição de Governador não fará com que o torcedor Jaques Wagner deixe de ser Bahia, isento. A prova disso foi ele ter autorizado as obras de Pituaçú, que infelizmente, os “paladinos defensores do dinheiro público” (outra do amigo Tolentino) embargaram. O Bahia está na UTI, senhores coveiros! Aliás, como tem coveiros em torno do meu Baêaaa!!
O estádio do Vitória foi construído com dinheiro público, tanto é assim que leva o nome de um parente do governador da época. A área externa foi também construída com dinheiro público, à época, pela Prefeitura de Salvador. Se está certo ou não, são outros quinhentos. Só quero deixar a coisa à luz dos fatos, pois há quem diga do outro lado que o governo não deve construir estádio para o Bahia. Aos desavisados deve ficar claro que, o estádio de Pituaçú não é do Bahia e nem será dado ao Bahia. O Bahia apenas mandará seus jogos naquela praça e o governo estará cumprindo o seu papel junto à sociedade, sem favor algum.
Mas como o futebol da Bahia é carente de homens que o pensem profissionalmente, ficamos assim então. Mas não é só no Bahia que a coisa precisa ser mudada, é no todo do futebol baiano, no eixo. Sua estrutura profissional é pífia, acéfala, podre, ou indo mais adiante; não existe. Essa negativa dos dirigentes do Vitória em não aceitar alugar o estádio ao Bahia é a maior prova do anti-profissionalismo e do estado tupiniquim que instalaram neste futebol. São atitudes amadoras desse e de outros gêneros que fazem Bahia e Vitória rastejarem nas séries “B” e “C” do futebol brasileiro e que certamente não permitirá ao próprio Vitória manter-se na série “A”. Com a atual estrutura “profissional” do futebol baiano, estar na série “A” é algo eventual.
Dirão alguns rubro-negros que estou “morrendo” de dor de cotovelo pelo fato de o Vitória ter dado um fora no Bahia. Eu antecipo-os dizendo que a minha é a dor da decepção com tudo que envolve o futebol baiano, principalmente esse amadorismo provinciano e revanchista. E estou muito à vontade para dizer isto, pois sei que uma grande parte da torcida do Bahia não gostaria de ter o Barradão como mando de campo. Como torcedor, cá nos recônditos do meu coração, diria que já não cederam tarde!… mas sei que entre o torcedor e o orgulho estão a razão e a necessidade imperativa do profissionalismo conveniente a ambos os clubes.
Ademais, a opinião dos torcedores só é levada em consideração até certo ponto… Torcedor não tem cunho legal para decisões internas dos clubes, não manda em nada desse sítio, não colhe uma fruta sequer, porque “eles” não deixam… torcedor pra esses “eles”, é algo bem periférico. Mas não deveria ser assim, o Conselho que é o seu representante legal deveria ser a voz da torcida, mas os conselheiros dos clubes da Bahia são “eleitos” alguns por status, e outros para servir como marionetes.
Isto ficou bem claro na recente reunião de conselho do E. C. Bahia que é composto por 300 membros, quando apenas 75 dos 78 conselheiros presentes aprovaram o estatuto do Clube de acordo com a vontade da sua principal “eminência parda”. Que apego desgraçado, mórbido, corrosivo e perverso que cega essa “Eminência” a ponto de não fazê-lo enxergar que é ele, com as sua atitudes de carrasco, que está acabando com o Bahia… que realidade dura essa do Bahia!.. que praga é essa que não tem cura no Bahia? Que esperança tem a geração mais nova de um dia ver um Bahia realmente grande? Que mal fizeram os meus filhos, proibidos que estão de ver um Bahia como eu já vi, outrora vencedor e realmente um Esquadrão de Aço?…
Enquanto vivermos esse amadorismo sem um mínimo de profissionalismo continuaremos reféns das nossas dificuldades para com a nossa própria cidadania, reféns da incompetência gerencial desses dirigentes secundados por conselheiros dominados pelas suas fraquezas e pela própria ignorância que os tornam autômatos. É esse o retrato do anti-profissionalismo.
O fato é que os clubes de futebol da Bahia, regidos pelas desprezíveis figuras das “eminências pardas”, estão muito atrasados em relação aos do Sul do Brasil. Clubes como o São Paulo (Sudeste), Grêmio e Internacional (Sul), por exemplo, vão estar sempre disputando títulos importantes, de expressão mundial, simplesmente porque se tornaram profissionais e organizados para tais eventos. Os torcedores desses clubes não sonham com Tóquio, eles vão à Tóquio normalmente ver o seu clube ganhar o troféu máximo interclubes…
Enquanto isso, aqui, o sonho é apenas fazer uma boa campanha em campeonatos brasileiros para não descer aos porões do futebol. É como se a obrigação com o torcedor estivesse cumprida, o que convenhamos, é ínfimo. Parece até que o lugar comum do futebol baiano é Segunda e Terceira Divisão, respectivamente. Sejamos razoáveis.
E assim caminha o futebol da Bahia, decepcionante, melancólico e agonizante em direção ao ocaso. Alguém me disse e eu acreditei até, que o campeonato baiano deste ano está ótimo, os times do interior estão mais fortes e coisa e tal… nem o campeonato está ótimo e nem time algum está forte. O nível técnico está nivelado por baixo, ninguém está melhor que ninguém. Estamos num deserto onde tudo não passa de miragem. O pior de tudo isso é que não há saída à médio prazo desse deserto infértil, representado pela mentalidade dos dirigentes.
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Vou falar aqui, agora, para depois não dizer que não avisei. Paulo Comelli vai acabar pedindo o boné. Ninguém agüenta tanta incompetência pra cima do seu trabalho. O futebol das bravatas já era! É por isso que afirmo: falta profissionalismo e cérebros férteis em inteligência, principalmente para dirigir o Bahia, no topo.
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A igualdade técnica está tão evidente que o Bahia foi à Conquista e derrotou o Vitória de lá. Vejam que o Vitória daqui perdeu em Conquista. O resto tá muito embolado e o Atlético de Alagoinhas pode pintar este campeonato com as cores da Zebra.
SUPERSTIÇÃO:
Danilo Rios, Harley, Carlos Alberto, Sorato, Moré, Guilherme cia ltda. não ganharam campeonato nenhum no Bahia, alguns desses nem conseguiram subir à série B, os que conseguiram o fizeram com as calças na mão. É só uma pequena observação supersticiosa.
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