Uma derrota do Bahia para o Imominável FC é um momento, ao contrário do slogan da funerária, em que sobram palavras. E tais palavras, no calor da raiva, quase sempre são ditas antes dos habituais arrependimentos.
Mesmo em jogo de turno, que nada decide, perder do Chorume FC é complicado, e ninguém, ninguém mesmo, aceitaria isso numa boa.
A História nos mostra, em vários momentos, que apenas um clássico não é nada perto do resto do tempo. No entanto, tempos tais se perpetuam e dão a sensação de que, ao contrário de antigamente, perder do viveiro de urubus é uma coisa normal.
Os pré-clássicos, invariavelmente, não dão mais uma sensação de prazer e desafio ao torcedor do Bahia, e sim, uma tremenda ansiedade antecipatória, temendo que goleadas recentes se repitam.
Em campo, não obstante mídia e federação suspeitas quanto à sua imparcialidade, uma sucessão de mandatários que parecem acomodar-se nos bastidores, reduzindo os reveses a reiterados erros de arbitragem e outras supostas artimanhas fora de campo.
Eleito no pós-democracia, o Presidente Apóstrofo apostou na mídia e no alardeado modelo profissional de gestão interna do clube, bastante temporão em relação aos seus congêneres, depois de anos e anos de administrações continuadas e familiares.
Após o mandato-tampão do pós-intervenção, acreditou-se que a atual administração tornaria o Bahia um clube de ponta: ledo engano. Excesso de mídia, delegação de declarações políticas a terceiros e uso massivo de redes sociais tem sido a tônica do atual mandatário tricolor à frente do Bahia.
Em campo, não foi a vez do futebol, posto que o esporte bretão, do mesmo modo que seus dois últimos antecessores, manteve-se no mais do mesmo, com a gangorra, o sobe-e-desce e um futebol eficaz porém pouco eficiente, quase insosso. A diferença, talvez, esteja na qualidade das contratações de jogadores, sem ex-craques de 40 anos em atividade, por exemplo.
O jogo de ontem não significou nada além de mais uma derrota contra mais uma equipe minimamente qualificada – e num campeonato anacrônico e sem a menor razão de existir, não obstante a rivalidade local, saudável, que arregimenta mais jovens torcedores.
Portanto, mais do que o orgulho ferido, acende-se a luz amarela na Fazendávila, quando os torcedores, justificadamente, indagam-se “imagina na Série A?”. O futebol nordestino continua sem encontrar uma saída para seu papel, atualmente secundário, no cenário nacional; e o Bahia necessita, com urgência, olhar para frente e parar de se lamentar dos desmandos administrativos dos tempos idos de Cerei C e longas séries de títulos locais do rival.
Destaque de ontem, lamentavelmente, para a violência estúpida que, no momento, enluta uma família de um jovem tricolor, covardemente assassinado no entorno da Fonte Nova. Não adianta extinguir as torcidas organizadas, tampouco responsabilizar a volta da torcida mista na Fonte. Estamos falando de tráfico de drogas, de delinquência, de crime organizado, de milhões de jovens sem futuro ou sem perspectivas, os quais usam o esporte como pretexto para seus crimes. As organizadas perderam o controle do monstro que criaram, anos atrás, com a “descentralização” e “guetização” dos seus quadros, os quais imiscuíram-se com a criminalidade que assola nossa Salvador.
Saudações Tricolores!
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