Escuto muita coisa a respeito da baixa qualidade técnica do futebol brasileiro. Acredito que não exista um fator predominante, há um conjunto. Agora, é inegável que há muito já não somos como já fomos: os melhores.
Tenho uma visão bem particular a respeito desse tema. Existe um cargo no futebol que parece sem importância, mas é fundamental para o futuro do clube: são os olheiros. Pra falar a verdade, não sei nem se ainda existem. Desconsidero aqueles que fazem peneiras, pois sabemos, existe muita política envolvida, digamos uma espécie de nepotismo e troca de favores. Um fulano indica alguém, que é sobrinho de terceiro grau do diretor de marketing, blá blá blá… E por aí vai.
Os olheiros é que são os garimpeiros do futebol, responsáveis por encontrar as pedras preciosas que temos espalhadas Brasil afora. Não tenho dúvida alguma que eles têm uma contribuição muito grande para essa queda no nível técnico. Afinal, alguém aprova ou indica um Valdomiro – aquele nosso ex-zagueiro -, por exemplo, como possível talento no futuro. Ora, se ele já como junior não mostrava qualidade alguma, imagine quando era menor. Eu me pergunto que critérios técnicos utilizaram para aprová-lo. Igual ao nosso antigo camisa quatro temos vários casos, muitas vezes até pior.
E aí é que está a falha. Não sei se a necessidade imperiosa de vender ou se é a falta de condições financeiras de pagar um time mais caro que faz com que essa etapa tão importante seja atropelada. Antigamente, todo esse processo era mais lento. Quando um jogador surgia, para se firmar, ele tinha de ser bom mesmo, não adiantava ser mais um. Hoje, não!
Descobrir um jogador é tarefa para alguém que tenha conhecimento de causa. O olheiro não precisa necessariamente ter sido um grande jogador. Ele precisa ter muita experiência e vivência nas quatro linhas, isso sim! Não adianta colocar alguém sem essa qualificação que o resultado será esse que vemos hoje, jogadores sem a mínima condição de estarem em campo.
Olhem o Bahia. O último grande jogador que fizemos na nossa categoria de base, talvez o melhor deles depois de Marcelo Ramos e Uéslei, foi Daniel Alves. Nós sempre revelamos bons nomes, ano após ano. Pereira, Paulo Rodrigues, Gil Sergipano e Marquinhos são exemplos de quão importante é o trabalho dos olheiros. Chegaram desconhecidos e se tornaram ídolos, sendo destaques na maior de nossas conquistas. Poderia citar ainda Zanata, Bobô e Luis Henrique, mas esses já vieram prontos de outro time, a finada Catuense
Se considerarmos que Marcelo Ramos e Uéslei saíram do clube por volta de 94, é muito tempo sem revelar grandes valores. Outros passaram, mas não marcaram. E o cenário não deve mudar. Pelo que tenho visto na nossa atual divisão de base, não há nada de promissor.
O futebol é comércio e vender é a solução. Os empresários é que se deram bem. Colocam jogadores nos clubes e ficam ricos com as transações. Os lucros se multiplicam e a qualidade piora a cada dia. Assistir a algum jogo hoje não tem mais nada de prazer, é só entretenimento. Se bem que, às vezes, é melhor procurar o que fazer.
XXX
Conseguimos respirar um pouco, vencendo no sufoco o Vila Nova. Dessa vez, a nossa tão sumida estrela deu às graças e apareceu no gol de Danilo Cruz. Um vez ou outra é bem-vinda esse tipo de ajuda. Se o time fosse um pouco mais aplicado, o placar poderia ter sido mais tranqüilo.
O time continua o mesmo na criação das jogadas. Danilo Cruz bem que tentou, mas não foi feliz. Não gosto de meio-campista sem objetividade, que fica com toques laterais e deixa os atacantes na espera o tempo todo. Marcone e Williames mostraram muita disposição, o time ficou mais forte na marcação. Com um pouco mais de ajustes no posicionamento deles, acho que podem continuar como titulares. Ficou claro que os laterais, até devido a pouca qualidade, precisam de apoio dos meias quando se lançam ao ataque, o que não acontece muitas vezes. Temos um homem na frente que faz a diferença nas bolas alçadas, por isso, tínhamos de aproveitar mais as jogadas de linha de fundo.
Quando comentei aqui que Marcelo Ramos continua com a mesma categoria de sempre, não exagerei. Ele ainda lembra aquele garoto que surgiu em 91, fazendo gols com uma facilidade que já impressionava. O segundo gol que ele fez foi uma pintura, pura demonstração de inteligência e visão de jogo. Se tivéssemos um meio-campo que municiasse bem o ataque, mais gols sairiam, talvez até mais bonitos.
Agora é o Corinthians. Serei pragmático ao afirmar que o empate está de bom tamanho. Sei que não é somente a diferença técnica que determina a vitória de um time. Mas não posso ser hipócrita ao ponto de achar que teremos chances se eles estiverem no dia, o que não aconteceu no primeiro jogo. Naquele dia tudo deu certo pra nós. A começar pelo falastrão Felipe, que falhou de modo grosseiro no gol. Ali foi mais uma peça que o destino pregou. Ele não esperava passar por uma situação daquelas. Passou a semana falando bobagens e foi o principal responsável pela derrota.
Um fator que pode contar a nosso favor é o campo. O time já está acostumado com as dimensões e a qualidade do gramado. Como somos menos técnicos que eles, podemos ter um pouco de vantagem aí. Espero que o treinador não invente de colocar três volantes utilizando qualquer desculpa. Com os jogadores que temos, se fizermos isso, só traremos o Corinthians pra cima. Do que adianta encher o meio com muita força e pouca inteligência? Temos é que colocar aqueles que mais sabem trabalhar a bola para que esta chegue mais vezes ao ataque, ou pelo menos, tente chegar.
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