é goleada tricolor na internet
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Publicada em 20 de julho de 2012 às 00:00 por Autor Genérico

Autor Genérico

De Andersen a Fernandes, ou a Crônica de uma Morte Anunciada

Passado o pênalti picaresco a favor do Flamengo no Dolby Pituassu Theatre, a torcida do Bahia ainda mantinha um fio de esperança na melhoria do futebol da equipe, a qual, a despeito do menos ruim futebol apresentado, não conseguiu superar a equipe da Gávea em seus domínios com um a mais em campo, e acabou sendo premiado com uma atuação digna dos Oscars do apito da ladroagem pró-carioquesca, com o patrocínio da Rede Bobo de Televisão.

Ainda na esperança que alimenta diuturnamente há pelo menos quinze anos, a torcida tricolor direcionou vibrações positivas para o Engenho de Dentro, na cidade do Rio de Janeiro, na intenção de que sua equipe repetisse o feito de Jobson e companhia do ano passado e vencesse o clube das Laranjeiras lá dentro. Levou de quatro, no cuspe e sem K-Y, e com uma atuação apática a qual pode gerar diversas suspeitas envolvendo do elenco à diretoria, passando pelo técnico ou pelos eternos miasmas da má estrela que rondam o Fazendão desde que o outrora temido Esporte Clube Bahia tornou-se um clube DE segunda divisão.

Lamentavelmente, tenho uma notícia a dar: caminhamos a PASSOS LARGOS para a segunda divisão caso não sejam tomadas providências drásticas em relação a elenco e/ou comissão técnica. Falo isso porque o presidente e sua família não vão sair do clube, tampouco deixá-lo para quem candidatar-se a melhor gerir a coisa toda.

Não há mais desculpas nem justificativas. A ausência de laterais de ofício que cheguem para decidir e os “n” desfalques apenas comprovam que diante do elenco titular é “ruim com ele, pior sem ele”.

Titi não é mais aquele e seu parceiro de área é fraco, muito fraco. Volantes que não sabem passar e meias que não sabem armar. As contratações “selecionáveis” melhoraram a qualidade do toque de bola, mas não decidem os jogos, até mesmo porque do meio para trás ninguém marca ninguém…

Quem sabe, sabe. Quem sabe, faz. Quem não sabe, arruma desculpas.

Não queremos o Bahia em Tóquio no momento. Fique claro isso. Queremos um time para torcer e ACREDITAR nele!

(…)

Agradeço ao Fluminense do falecido Millôr Fernandes e do muito vivo Francisco Buarque de Holanda pela goleada desinteressada e morna aplicada em nosso Bahia hoje à noite.

Já que falamos em Millôr, o homem de frases estrambóticas e ao mesmo tempo enigmáticas ao extremo, imagino se o Bahia está brigando pela lanterna porque os outros times são muito bons ou porque o time do Bahia é muito ruim.

Já que falamos em Chico, e tendo-se em vista que “apesar de você amanhã há de ser outro dia”, seguimos adiante na fé que nos conforta e refrigera nossa alma, guiando-nos pelas veredas da Justiça Federal por amor ao Nome do Nosso Clube.

E ainda que andemos pelos pântanos das divisões de baixo novamente, não temeremos mal algum, pois o Deus Tempo estará conosco. Os seus ponteiros movidos a quartzo e seus tique-taques nos consolarão.

E por falar em Holanda, enquanto certos clubes contratam ex-selecionáveis neerlandeses como reforços, segue o Bahia com seus reforços brasileiros ex-selecionáveis com uma diferença básica: o atleta dos Países Baixos chegou para suplementar o grupo, se é que me entendem…

Não sei o porquê, mas lembrei-me agora de um cidadão dinamarquês que atendia, no Século XIX, pelo nome de HANS CHRISTIAN ANDERSEN, famoso autor de contos e fábulas infantis.

Como já é meia-noite (hora que escrevo este texto), está tarde e a mulé já está me ameaçando, pararei por aqui.

Para que as crionças possam mimir, nada melhor do que uma historinha do Sr. Andersen, bem adequada para o horário e de livre-interpretação conforme o adiantamento intelectual de cada um.

Segue a historieta, compactada em razão da longa extensão da original:

Um bandido, se fazendo passar por um alfaiate de terras distantes, diz a um determinado rei que poderia fazer uma roupa muito bonita e cara, mas que apenas as pessoas mais inteligentes e astutas poderiam vê-la. O rei, muito vaidoso, gostou da proposta e pediu ao bandido que fizesse uma roupa dessas para ele.

O bandido recebeu vários baús cheios de riquezas, rolos de linha de ouro, seda e outros materiais raros e exóticos, exigidos por ele para a confecção das roupas. Ele guardou todos os tesouros e ficou em seu tear, fingindo tecer fios invisíveis, que todas as pessoas alegavam ver, para não parecerem estúpidas.

Até que um dia, o rei se cansou de esperar, e ele e seus ministros quiseram ver o progresso do suposto “alfaiate”. Quando o falso tecelão mostrou a mesa de trabalho vazia, o rei exclamou: “Que lindas vestes! Você fez um trabalho magnífico!”, embora não visse nada além de uma simples mesa, pois dizer que nada via seria admitir na frente de seus súditos que não tinha a capacidade necessária para ser rei. Os nobres ao redor soltaram falsos suspiros de admiração pelo trabalho do bandido, nenhum deles querendo que achassem que era incompetente ou incapaz. O bandido garantiu que as roupas logo estariam completas, e o rei resolveu marcar uma grande parada na cidade para que ele exibisse as vestes especiais. A única pessoa a desmascarar a farsa foi uma criança: “O rei está nu!”. O grito é absorvido por todos, o rei se encolhe, suspeitando que a afirmação é verdadeira, mas mantém-se orgulhosamente e continua a procissão.

O rei está nu, e com varicocele. Recomenda-se consulta urgente com um urologista.

Como o rei perdeu a vergonha na cara (aliás nunca teve), segue com sua cara cínica a iludir o reino; e a criancinha, do alto de sua inteligência e sinceridade, continua sendo tratada como uma criancinha pelos adultos que se dizem maduros, astutos e verdadeiros.

Saudações tricolores.

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