Nossa decepção, nossa humilhação, nossa agonia já dura quantos anos? Quinze, dez, oito? Agora, chegamos a um momento crucial da existência do Esporte Clube Bahia. A questão não é mais: será que vamos sair da crise?. O dilema, dolorido, duro, que dói como ponta da adaga no peito, é: quando será nosso último suspiro?.
Sim, meus amigos, estamos morrendo. A turma de Maracajá, Marcelo, Petrônio, Pernet e Accioly está cravando as mãos da morte sobre o Esporte Clube Bahia há décadas. Neste instante, eles apresentam ao mundo apenas um cadáver, como se fazia com os premiês embalsamados ainda morto-vivos na União Soviética, à época da Guerra Fria.
Nosso fim já tem dia certo: é a crônica de uma quase morte anunciada à maneira do genial Gabriel Garcia Márquez. Será no dia 24 de maio de 2006, por volta das 19h, se não ganharmos o 2º Turno do Campeonato Baiano.
Se isso acontecer, o Bahia estará fora da Copa do Brasil 2007 e em péssimo estado para enfrentar da Série C 2006. Será relegado à condição de mero clube local, de um clubinho qualquer.
Vivos, vamos carregar em nossos corações um amor morto-vivo, que vai nos acompanhar até os nossos últimos dias como um pesadelo sem fim, como um fantasma sem descanso. Como cantou Chico Buarque, a dor será arrumar o quarto do filho que já morreu. E como não doer, e como não chorar, ao tocar, no fundo da gaveta, cheirando a naftalina, a camisa tricolorida.
Nós seremos fantasmas de nós mesmos, falando de um morto insepulto, mas que ninguém a não ser nós respeita, enquanto o inimigo vai resgatando as glórias, que de forma relapsa e criminosa, deixamos pelo caminho. Enquanto o outro vegeta em seu berço um dia esplêndido, os mais jovens irão calcorrear ainda muito pela vida em busca de um novo amor, de um novo pendão; mas, morrerão, é certo, um dia, com a boca amarga da traição nunca consumada.
Não faço quase profecias nem antevejo o futuro porque tenha dons especiais. Vou pelos caminhos da lógica, pelos atalhos do bom senso. E tudo o que falta aos eternos donos do Bahia é, justamente, lógica e bom senso.
As coisas mais estúpidas, a falta de transparência, a manipulação da verdade, a irresponsabilidade, a visão estreita, a largueza dos bolsos. Todos esses elementos, somados a uma opinião pública vesga, propositadamente confundida por uma legião de vozes amplificadas e cérebros reduzidos, permitiram que os donos do Bahia se eternizassem no poder.
Quando perdeu a eleição uma farsa montada pelos donos do Bahia para exemplar a oposição, mas ridicularizando-se a si próprios em novembro de 2005, o engenheiro Fernando Jorge Carneiro declarou: Hoje, assinaram o atestado de óbito do Esporte Clube Bahia.
Agora, os donos do Bahia carregam o ataúde para a sepultura. Alguns, é claro, se escondem sob o manto repulsivo da covardia, escusando-se a segurar a alça do caixão. Eles – que trocaram o Nasceu para Vencer por Nasceu para Vender – venderam o meu Bahia por um punhado de mais de 30 moedinhas. E pra quê?
Não compram, com essa mixórdia, nem uma cadeira cativa no inferno.
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