Não há dúvida de uma eventual decepção do torcedor tricolor para com Mano Menezes, a expectativa esteve muito acima do que ele consegue entregar até aqui. Tem currículo e capacidade suficientes para fazer diferente do que anda fazendo. Isto é um fato. Vamos a outro: este escriba não sabe mais como avaliar esse time do Bahia porque de onde eu esperava refino veio ilusão, fator que confundiu minha razão ao imaginar respectivamente o presente de Rodriguinho e Elias, com a mesma forma física e técnica de cinco anos atrás. Imaginei-os voando rasteiro e constato que rastejam melancolicamente em campo.
Como o otimismo é uma qualidade intrínseca neste passional Tricolor, até acho que Mano ainda pode tirar alguma coisa boa de Rodrigo e Elias, pode sim mostrando aos próprios que não estão mortos. Para tanto o tarimbado treinador deve preservá-los do ridículo não os colocando em campo enquanto não forem capazes de entregar o que deles se espera. Isto se faz com treinamentos específicos, inclusive de autoestima para fazê-los entender e acreditar que estão vivosno futebol e jogam num dos grandes clubes do Brasil.
– Só para para ilustrar o poder da crença. Li uma estória onde um paciente psiquiátrico achava que já estava morto; não comia, não bebia nada. Durante algum tempo um jovem e brilhante psiquiatra tentava entender como convencê-lo com os melhores argumentos lógicos e racionais de que ele estava vivo, mas não conseguia sucesso. Um dia veio-lhe uma ideia diferente e pensou: “hoje eu o pego de jeito!” Na hora certa o psiquiatra lançou o desafio, de cara: “você diz que está morto, não é? Bem, diga-me então: mortos sangram?” Claro que não!! – respondeu o paciente. Em seguida o médico fez uma pequena incisão no dedo do paciente e mostrou orgulhosamente o sangue escorrendo. “E então, está vendo?” perguntou-lhe o médico. “Maldição!!! Não é que os mortos realmente sangram!!!
– As crenças podem mudar com as experiências, meu caro Mano Menezes.
Acho que é hora de você ousar mais e evoluir no Bahia satisfatoriamente dando chance a quem precisa e assim explorar melhor o potencial do elenco. Noto que já o vem fazendo, mas precisa se “desligar” temporariamente dos que acreditam que já estão “mortos”. No atual patamar do time o que se vê é algo tipico de filme de terror quando são anunciadas as manjadas entradas de Elias e Rodriguinho. Aí o Bahia passa a jogar com nove jogadores. Recupere-os porque jogar eles sabem.
Quero entender mais um pouco; Marco Antônio, onde anda? O que de fato há com o jogador que de uma hora para outra perdeu espaço – que já não era grande – no time? Tô até aprendendo como sentir falta de Lucas Fonseca, pois, pelo que estou vendo erra muito menos do que os dois zagueiros agora titulares. Aliás essa zaga do Bahia desencanta qualquer bruxa. Pensar que quase o Bahia vendeu Gregore me dá arrepios porque só ele sabe fazer como uma linha derradeira errar menos.
Elber não tinha mais que estar jogando como titular. O cara não tem mais a cabeça no Bahia porque seu espírito já está no Japão, há muito tempo! O que se vê no lugar de Elber é só o seu espectro. Continuo admirando Gilberto, mas o que há com você, rapaz?!! De repente não acerta mais o gol com a frequência de antes, erra fácil e complica numa cobrança de penalidade de forma tão bisonha que chega a parecer com qualquer coisa de terrorismo – para matar o torcedor de infarto. Não fosse o profissional bom caráter que você é eu levaria esta dúvida à sério. É bom exercitar mais a tranquilidade no momento dessas cobranças.
Criticam Douglas – injustamente porque se o Bahia chegou até as quartas da Sul-americana tem de agradecer a ele – e demonizam Anderson, mas nenhum ultimo reduto resiste a tantos pecados de uma zaga que deveria estar ali como “anjo de guarda”.
A realidade dura e crua é que o Bahia completou um ano que desandou e nenhum treinador tem conseguido encontrar o ponto que o time perdeu no fim do primeiro turno do campeonato passado. Se Mano quiser resistir, que não cometa a insensatez de não revolucionar. Tem de ter a coragem que o caracteriza e colocar sangue novo no seu time e apostar acreditando no trabalho e na mescla com qualidade. Pior do que está não ficará.
Como fazer isto não sei, mas os dirigentes e o próprio treinador sabem porque estão ali para fazer o melhor, e isso não é insistir com os mesmos que estão atrapalhando agora. Veja os novos que estão pedindo passagem, faça um filtro nos que estão jogando. Isto é tentativa da coragem e convicção de quem acredita no que faz. Inteligência é a capacidade de perceber melhor a realidade e aprender, sempre, com as experiências gerando novas escolhas.
Quando acreditamos em algo passamos a percebê-lo melhor do que quando não acreditamos. Devemos lembrar que a regra da qualidade da nossa percepção é ver para crer. Henry Ford dizia que “se você acreditar que consegue ou que não consegue, em ambos os casos você estará absolutamente certo”. Tentar reverter um quadro altamente crítico sem mexer profundamente nele é o mesmo que estagnar a mente no medo – bem sei que medo não é sinônimo de Mano Menezes.
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