As mais recentes atitudes administrativas e políticas do Presidente do Bahia, Marcelo Guimarães Filho, mostraram o seguinte:
– transparência ao abrir as contas do clube e ao publicar no site oficial a relação dos membros do Conselho Deliberativo;
– inovação e espírito conciliador ao criar um Conselho Consultivo representativo das mais variadas correntes de pensamento e de inserção social dos tricolores, dando voz até a alguém pouco expressivo como este cronista bissexto aqui;
– cumprimento dos compromissos eleitorais ao convocar o Conselho Deliberativo para votar o estatuto reformado que trará a eleição direta do próximo presidente, entre outras iniciativas de democratização, segundo foi divulgado preliminarmente.
Convenhamos que é uma mudança e tanto em relação a tudo que vivenciamos até então. É indiscutivelmente algo bastante alentador. O presidente mostrou a que veio, desde o início do seu mandato, e não tem dado mostras de arrefecimento do seu ímpeto reformador e estilo intrépido. Esse cara é realmente um perigo! Se ele vier lhe pedir dinheiro emprestado, tenha medo: ele vai acabar conseguindo uma doação a fundo perdido.
Tudo isso seria muito bonito e perfeito se não houvesse um descompasso entre as intenções e gestos do presidente e os resultados oferecidos até agora pela gestão do futebol do clube. Não estou dizendo que nada foi feito de útil no âmbito do time de futebol. Reconheço que a estrutura do Fazendão vem passando por grandes melhoramentos, que foi montado um imprescindível departamento de Fisiologia do Esporte, que algumas boas contratações de jogadores foram feitas, entre muitas outras coisas elogiáveis.
Esse descompasso a que me refiro é que a expectativa gerada pelas palavras e ações iniciais do presidente foi muito alta. Todo o mundo ficou empolgado e achou que os resultados viriam a curtíssimo prazo com um título no Campeonato Baiano ou uma boa participação na Copa do Brasil. Ledo engano. Ficamos no quase. Pra mim era algo perfeitamente previsível, pois dificilmente teríamos êxito precoce nesse novo trabalho, mas muita gente se frustrou. É compreensível.
Agora já estamos no Brasileiro da Série B, naquela situação de que é agora ou nunca, não dá pra esperar mais outro ano para subir. E não temos visto em campo um time que esteja à altura do discurso, dos atos e das aspirações do presidente MGF. A angústia que sinto como torcedor certamente não é maior que a dele. Ele está na berlinda. Eu não queria estar em sua pele.
Mas agora ele me tirou da cômoda situação de badogue e me colocou a seu lado como vidraça. E eu já estou estressado só em pensar que tipo de conselho eu vou poder dar… Tirar Gallo e trazer o seu sósia Andy Garcia? Mandar PC, o huno, contratar Messi? Enviar Ávine para o São Paulo Fashion Week? Conseguir o patrocínio da GM? Incluir o Bahia entre as obras do PAC? É ruim, hem?
O que eu gostaria mesmo era de poder incutir nesse time e no nosso técnico uma ambição maior. Dar um upgrade na auto-estima dos nossos jogadores. Eu vou repetir até não poder mais: não posso aceitar que se estabeleça como meta ganhar 07 pontos de 12 disputados. Isso equivale a 58% de aproveitamento. Que diabo de meta chocha e desenxabida é essa? Foi isso que fez os jogadores se contentarem com o empate contra a Portuguesa que ficou com um jogador a menos. Nós precisamos ter o espírito de faca nos dentes. Precisamos ganhar sempre que pudermos e golear sempre que for possível. Por mais óbvio que isso pareça, eu me vi na obrigação de citar essa trivialidade, porque parece que o técnico e os jogadores estão desconsiderando as obviedades. Eu só posso aceitar uma meta de 58% se isso for estabelecido como o mínimo aceitável e não aquilo que se está almejando como desejável ou como espetacular.
Nesse sábado vamos enfrentar o ABC de Natal. Foi justamente contra esse time que fizemos a apresentação mais imponente na Série C de 2007, comandada pelo técnico Arthurzinho, que hoje está do lado de lá. Foi nesse jogo também que marcamos os últimos gols que a velha Fonte Nova presenciou. Foi contra esse adversário que eu testemunhei a torcida tricolor empurrar o time sem trégua, cantando do início ao fim.
Não custa nada reprisar esse espetáculo, agora em outro cenário, no novo Pituaço. Temos condições de sobra para isso. Eu vou estar lá torcendo, vibrando, xingando, me esgüelando. Só espero que o Presidente não venha me pedir conselhos nessa hora.
comentários
Aviso: Os comentários são de responsabilidade de seus autores e não representam a opinião do ecbahia.com.
É vetada a inserção de comentários que violem a lei, a moral, os bons costumes ou direitos de terceiros.
O ecbahia.com poderá retirar, sem prévia notificação, comentários postados que não respeitem os critérios
impostos neste aviso ou que estejam fora do tema proposto.