Nosso tricolor enfrentou o Sport no domingo passado, sob um clima de completa desconfiança. Depois de um bom início de campeonato, com partidas convincentes contra o Santos, Ceará, Atlético-PR e, mesmo, na derrota diante do Palmeiras, o Bahia enveredou por uma sequência desastrosa nos últimos jogos pela série A. Se a essas somarmos a partida contra o Atlético-MG, pela Copa do Brasil, alcançamos a inédita marca de cinco derrotas consecutivas e nenhum gol marcado, para piorar 12 sofridos. Jejum de triunfos e de gols a favor. 450 minutos sem marcar!
Como já deixei bem claro antes neste espaço, não me associo aos que defendem a saída de Dado Cavalcanti. Ele conseguiu uma proeza tentada por muitos antes dele: dar consistência e competitividade ao futebol praticado pelo Bahia, sem falar num certo equilíbrio entre o jogo ofensivo e a solidez defensiva. Como disse, muitos tentaram, mas só ele conseguiu e com poucas mudanças de peças. Uma proeza, diante dos resultados que tivemos antes dele assumir como técnico.
Se é inegável que chegou ao cume, agora ele está conhecendo o caminho de volta à planície, sem que fique claro para quem acompanha essa caminhada (leia-se: nós torcedores), se ele conhecia o caminho mesmo ou se chegou lá por obra do acaso. Dado sempre deixou claro, desde o início do campeonato brasileiro, que o Bahia passaria por momentos difíceis enquanto tivéssemos duas partidas por semana, mas que em Julho, quando fosse um jogo a cada fim de semana, tendo tempo para trabalhar e recuperar jogadores, os resultados favoráveis se imporiam, até com certa naturalidade.
Julho chegou e, junto com ele, tivemos suspensões pela briga na final da Copa do Nordeste, as perdas de Thaciano e Juninho e, de quebra, um paredão triplo: São Paulo, Flamengo e Atlético-MG, três clubes sempre favoritos ao título. As derrotas, em condições normais, não seriam debitadas na conta de nosso treinador, seja pela superioridade dos adversários, seja pelas limitações de nosso elenco. No entanto, por excesso de ousadia ou escassez de malandragem, Dado saiu da trilha de razoável conforto em que estava e tentou um “algo mais”, alterando as características de jogo do time. Algo como dar um salto triplo, mortal, sem rede embaixo. Nesse momento, assumiu para si a responsabilidade pelos resultados e, de certa forma até, evitando expor a diretoria do clube pela ausência de peças de reposição à altura das que perdemos, por suspensão ou negociação.
Portanto, assiste razão ao torcedor em cobrar Dado Cavalcanti pelas péssimas apresentações que fizemos, pelas escalações equivocadas e, sobretudo, por fugir de explicações racionais para suas decisões. A um treinador de série A não se admite explicar a troca de goleiro por razões de “vestiário”, como fez. Nesse momento, Dado apresentou todas as credenciais de sua fragilidade e falta de maturidade para estar à frente de um clube do porte do Bahia. Aliás, na partida de ontem, a “voz ativa” comportou-se com muita passividade no lance do gol do Sport. Dado colhe os frutos dos erros que plantou, lamentavelmente para o nosso tricolor.
Voltando ao domingo passado, como me lembrou um amigo, a partida contra o Sport tinha importância simbólica para o tricolor. Ganhando, afastava a crise, reforçava o discurso de que os adversários para os quais perdemos eram de nível superior e dava fôlego para seguirmos adiante. Perdendo, seríamos – como estamos sendo – tragados pelo turbilhão dos maus resultados acumulados e estaria lançada a senha para começarmos a fazer as contas de quantos pontos nos afastavam do Z-4, a zona terrível do rebaixamento e, também, para o início da contagem regressiva de substituição do treinador. É só esperar o jogo de volta da Copa do Brasil, na quarta-feira, contra o Atlético-MG. Tudo isso, apesar de nossa boa colocação no campeonato brasileiro. Coisas do Futebol e da paixão irracional que o envolve.
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