A classificação para a próxima fase da Copa do Brasil me propiciou um dos raros momentos de felicidade com o Bahia nos últimos anos. O clima era meio retrô. Fazia tempo que a família não se reunia na frente da tevê para assistir a uma partida do Tricolor. Os jogos do Baianinho não atraem a atenção de todos e a Série C não tem suas partidas transmitidas por nenhuma emissora. Voltei alguns anos no tempo. Senti-me por 90 minutos disputando a Primeira Divisão, ou até as finais da Série B de 1999, quando Bahia e Goiás protagonizaram boas disputas. A realidade é dura com o torcedor tricolor e sair dela por alguns instantes pode ser um bom exercício.
Sobre o jogo, dois fatores foram preponderantes para o sucesso do Esquadrão na partida: a escalação de Petkovic e a contusão de Preto. Pet é uma caricatura do grande jogador que já foi. Já não conseguia render o seu melhor futebol desde o Fluminense, no ano passado e também não vive seus melhores dias no Goiás. Temo que nunca volte a vivê-los. Nitidamente fora de ritmo, o sérvio não conseguiu dar prosseguimento a nenhuma jogada do time esmeraldino e perdeu um gol incrível logo no início da partida.
A contusão de Preto também ajudou. Preto não tem demonstrado nos últimos jogos a tradicional vontade aliada a muita raça, que caracterizou o jogador ao longo de sua carreira. A rigor, o volante só fez uma grande partida até aqui, no Ba-vi do Barradão. O fato de Preto não ter disputado nenhum jogo no interior do Estado é sugestivo. Além disso, a contusão do camisa 10 quebrou o esquema cauteloso de Arturzinho. Sem muitas opções, o treinador colocou Marcelinho no jogo, permitindo que o Bahia atuasse com dois volantes e dois meias, esquema esse defendido pela maior parte da torcida.
Ainda analisando a partida de quarta, louvemos as boas atuações de Fausto e Rafael Bastos. O volante surpreendeu a todos. Bastante criticado, não podemos dizer que Fausto deu a volta por cima, afinal as críticas eram mais do que justas, mas sua atuação foi essencial para a classificação do Bahia.
Rafael também surpreendeu. Não que ele não tenha capacidade. Mas o meia ainda não tinha realizado uma grande partida em 2007. Alguns até o acusaram de estar fazendo corpo mole, já que sua ida para o Cruzeiro no fim do ano é certa. Mas com dois gols, Bastos também foi essencial para a classificação. Difícil escolher o melhor em campo. Fico com os dois.
No mais, o que tem mais me surpreendido nesse início de ano é a união e o compromisso desses jogadores com o Bahia. São atletas limitadíssimos tecnicamente, mas que demonstram que estão comprometidos com o Esquadrão e unidos para atingir um objetivo. É claro que união, comprometimento e vergonha na cara não garantem títulos a nenhum clube, mas já é uma evolução em relação aos elencos montados nos últimos anos: fracos, descomprometidos e desunidos.
Estou eufórico e feliz. Mas é uma euforia com os pés no chão, se é que isso é possível. Conhecemos as limitações desse elenco, do treinador e, principalmente, da diretoria. Mas vamos esquecer de tudo isso por um dia e vamos curtir essa classificação que foi sofrida e dramática. Uma classificação com a cara do Bahia.
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