É com alegria que faço minha estreia neste espaço tão prestigiado do ecbahia.com. A intenção é manter a mesma filosofia que já adotava no blog Chopp Tricolor (chopptricolor.wordpress.com), que continua. Ou seja, sem pressão, como uma conversa entre amigos no bar, tomando uma gelada. Com um indisfarçável otimismo e muito orgulho de vestir este manto tricolor com duas estrelas no peito. Duas, por enquanto. Olha o otimismo aí!
Mas bola no mato que o jogo é de campeonato.
O futebol (mundial, até, mas no Brasil isso é ainda mais grave) tem uma certa mania de, ao se deparar com um volante um pouco melhorzinho, que saiba passar uma bola e tenha alguma visão de jogo, avançá-lo para a posição de meia ou meia-atacante. Foi assim com Hernanes, Ramires, Kleberson, até com o brucutu do Júlio Baptista. Isso nos faz descobrir, algumas vezes, realmente um jogador melhor, mas na maioria das vezes nos faz perder um ótimo volante em troca de um meia qualquer nota. Um exemplo disso é Preto (Casagrande), que já chegou até a vestir a camisa 10 em times como Bahia e Fluminense-RJ.
O pensamento oposto a esse raramente é executado no Brasil. Mas, na final do segundo turno do Campeonato Carioca, no último domingo, o técnico do Botafogo tinha um desfalque: o volante Renato (que, por si só, já é um oásis no mundo do futebol brasileiro de volantes à lá Fahel). Ao invés de colocar um volante reserva, Oswaldo de Oliveira recuou um dos meias do seu esquema – no caso, Felype Gabriel, e escalou um outro meia-atacante – Maicosuel – para jogar.
Ou seja, ele partiu do pressuposto que seria mais fácil um meia “aprender” a marcar como um volante do que colocar um volante para jogar com qualidade na saída de bola (como joga Renato). O Botafogo foi pro jogo com Marcelo Matos, Felype Gabriel, Maicossuel, Andrezinho, Elkeson e Loco Abreu. Em tese, de “pegada”, só Marcelo Matos.
Outros times fazem a mesma coisa. Xavi e Iniesta, no Barcelona, mordem e avançam com igual categoria. No Chelsea vemos Lampard; no Liverpool, Gerrard. Lógico que são jogadores bem acima da média, dos melhores nos seus times, que por si só já são alguns dos melhores times do mundo. Mas vejo cada vez menos admiração à volantes brigadores (e caceteiros) como Pepe, do Real Madrid, ou mesmo o outrora endeusado Emerson, aquele que foi capitão da seleção por um tempo.
Fico pensando se caberia essa ousadia no Bahia. Apenas conjecturando: recuar Morais para fazer dupla com Fahel/Fabinho, marcando e saindo pro jogo pela intermediária, mais longe da área, forçando seus passes compridos, e escalar um quarteto à frente da dupla de volantes: no nosso caso, poderia ser Gabriel, Lulinha, Souza e Junior/Magno/Rafael. Será?
Não sei se Morais tem capacidade física para fazer a função. Por outro lado, acho que Falcão já andou enxergando isso quando recuou Diones para a função de volante em dupla com Fahel. Diones, desde que chegou ao Bahia, sempre foi usado como terceiro homem. Falcão recuou e parece ter ganhado um jogador com algum poder de marcação e uma saída de bola superior às outras opções. Um sonho possível é que Lenine e Filipe se desenvolvam a ponto de ganharem a confiança de todos para formarem uma hábil dupla de volantes.
Sempre fui crítico ao futebol de Diones, mas pra mim parece bem nítida a evolução dele nos últimos jogos. Conhecedor da posição, acho que Falcão tem muita capacidade para analisar o que pode ser feito ali. Sua teimosia com Fahel, que não é o mesmo cão de guarda de 2011, pra mim, ainda advém de sua insegurança como treinador. Ele tem, e é compreensível, uma pressão a mais como técnico por ter sido o jogador brilhante que foi e o comentarista de sucesso. Antes pedra, agora é vidraça. Por isso, se fia tanto nos nomes experientes do elenco.
Daí que esse título baiano se faz tão importante. É o reerguimento do gigante, há 10 anos sem caneco. É mais um passo na afirmação de técnico de Falcão. E é o fortalecimento de uma tranquilidade para se trabalhar, que vai permitir a ele ousar e ser mais criativo ao longo do Brasileiro.
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