O Bahia segue na zona de rebaixamento, afundando-se cada vez mais. No próximo final de semana, o compromisso é no acanhado estádio da Serrinha, bem localizado na capital dos goianos. O periquito do centro-oeste é uma tradicional pedra no sapato de grandes clubes, inclusive o Bahia. Será um jogo de nove pontos.
E com esse elenco instável do EC Bahia, tudo pode acontecer.
Poderia falar muita coisa sobre a fase que estamos vivendo, mas, como diria a propaganda de uma conhecida funerária da Capital baiana, faltam-me as palavras. Todos, ou quase todos, celebraram o contrato da safe do citi, o que já tinha sido comentado por mim como uma “única saída imediata” para que o Bahia pudesse subir um degrau no cenário futebolístico. Contrato assinado, o binhotismo demonstrou ter perdido muita força, pois, ao meu sentir (mesmo que escrevendo da casa da p*), não houve tanta empolgação de uma torcida já acostumada a apanhar.
A política de contratações dos SAFos dirigentes do Citi iniciou-se com a modinha do treinador português, em alta no Brasil depois da ascensão de Jesus no FlaVARmengo carioca. Seguindo, provavelmente, os preceitos da Escola Alex Ferguson de treinadores imortais, em voga na terra da matriz do grupo futebolístico que comanda o Bahia em campo, o luso Renato Paiva ficou, foi ficando, sempre dizendo que “agora vai”, que “tá melhorando” e nada melhorava. Por fim, a famosa “exoneração a pedido”, conhecido instrumento usado no serviço público para não manchar o CV do cargueiro comissionado profissional.
Os treinadores portugueses são a porta de entrada da internacionalização dos clubes brasileiros, pelo menos foi isso que o mercado da bola vislumbrou, nos últimos cinco anos. Contudo, a própria personalidade do português médio, as gritantes diferenças culturais entre os dois países e o mais que sobrecarregado calendário do futebol profissional de Pindorama (com uma pitadinha de rixas com o jornalismo especializado, que não aceita ficar de fora da posição de protagonista), mostraram que não basta declamar a lingua de Camões, é preciso mais do que isto. Muito mais.
Após o regresso da caravela do Paiva ao Tejo, eis que ressurge das cinzas o patobranquense naturalizado sinopense Sr. Ceni, aquele que tem qualidades, mas também gosta de criar suas tretinhas e de dar suas inventadinhas. É um treinador que poderia estar dirigindo qualquer grande brasileiro, mas “preferiu abraçar o pójetu” do Citi, o que de certa forma é um bom desafio ao Sr. Rogério, ainda mais com o elenco meia boca do EC Bahia, uma das piores relações de peso-potência da história, do ponto de vista do custo-benefício – elenco tal o qual segue a sua sina de eterno candidato ao não-rebaixamento que é o Bahia do pós-1990.
Falando em rebaixamento, o outro lusitano, o Vasco, já começa a receber ajudinha dos seus coirmãos cariocas que definem os rumos da arbitragem no Brasil. No final das contas, o G12 sempre (ou quase sempre) se dá bem… para mostrar que não veio fazer mise-en-Ceni, o novo treinador do Bahia terá que ter muita paciência e estratégia, sobretudo para fazer Everaldo marcar gols; e que do Cauly rendam-se mais frutos.
A política de contratações do Citi para 2023 falhou. Isso é fato notório, quiçá axiomático. O perfil de prospecção de jovens talentos é interessante, mostra que deu certo no Touro Vermelho de Bragança, mas este clube paulista não tem compromisso com nada, não sofre pressões nem demanda resultados no curto e médio prazos. Um possível rebaixamento, para a torcida tricolor, varia entre o trivial e o desastroso. Para os executivos do grupo britânico, terá sido “um acidente de percurso”. Potencial para voltar à série A, caso o descenso ocorra, temos de sobra. O problema maior é entender por que o EC Bahia não começa a pensar como time grande, haja vista o grande montante à disposição, e faça um pouquinho mais do que o trivial.
O Fortaleza EC, outrora um clube de Terceira ou Quarta, está nas finais da Copa Sul Americana. Isso não foi acaso, e teve o dedo do próprio Ceni quando era treinador no Pici. Ganhou de forma maiúscula do não-todo-poderoso Timão e segue favorito. Devemos ter inveja ou seguir o exemplo deles? Pra começar, o Fortaleza vem realizando um trabalho de longo prazo, começando por volta do seu centenário em 2018. Seu elenco, no começo, era repleto de egressos do futebol baiano, e seus treinadores tão marromênu quanto. Por sinal, o atual técnico do Fortaleza é um ex-zagueiro argentino. #ficadica.
O Bahia precisa entender que é o mercado, estúpido, que manda nessa p* (não é mais a torcida do Bahia que manda, como bem definia um cântico da nossa torcida nos anos 90). Quando entenderem isso, a gente deslancha. Enquanto isso, calculadoras à mesa e boa sorte em Goiânia, onde, por sinal, não deverei ir por problemas de agenda.
Saudações tricolores!
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