Calma, calma amigos. Não enlouqueci. Vocês devem estar pensando: “este cara ficou tanto tempo sem escrever colunas que endoidou de vez, está comemorando o quê?”. Eu explico logo mais abaixo.
Primeiro, para recuperar o tempo que nos separa da última coluna, vou recapitular como tem sido minha relação com o Bahia nos últimos meses. Durante todo o ano de 2005, nutri fortes esperanças de ver uma mudança real acontecer no nosso Bahia, a tempo de salvá-lo do pior. Animei-me com a renúncia de Guimarães, decepcionei-me com o cancelamento da eleição, animei-me com o pleito indireto, decepcionei-me com a previsível vitória de Maracajá e seus comparsas, animei-me com a eleição do conselho, decepcionei-me com a vitória de Maracajá e seus comparsas (de novo? até quando?). Isto tudo tem refletido muito no meu interesse pelo time do Bahia.
As sucessivas decepções com a possibilidade de um futuro melhor me transformaram de um torcedor que já ouviu rádio pela Internet discada quando morava fora do estado para não perder os jogos do tricolor a um que, mesmo morando em Salvador, às vezes liga rapidinho o rádio durante o primeiro BAvi do ano só pra ver quanto está o jogo, surpreende-se com o 1×1 parcial (imaginava que o tricolor estaria perdendo) e desliga o rádio torcendo para que o time de Maracajá pelo menos segure o empate. Coisa que como todos sabemos não se concretizou conforme mandava a lógica e a previsibilidade.
Pois bem, apesar disto, apesar de não acompanhar mais ferrenhamente como outrora, ainda ouso dar pitacos e fazer comentários. Na verdade, desde a estréia do campeonato baiano que passei a enfrentar um forte e sério dilema pessoal: tenho um filho de 5 meses, quarto todo decorado com motivos tricolores, saiu da maternidade vestido de Bahia. Como fazer para que ele entenda o motivo do pai ter tanto amor por este time? Levá-lo à Fonte Nova? Quando saísse da fase de curtir o sorvete e a pipoca, iria rir do pai: “É por isto que nutres tanto amor?” – certamente diria.
Então tomei uma decisão: comprei os DVDs vendidos pelo tricolor Albino Brandão (tem um banner aí na página principal do site). Foi a melhor coisa que fiz. Esqueci o campeonato baiano de 2006. Passei a deliciar-me com os gols de Bobô, Charles, Sandro, Marquinhos, Gil e Cia. Jogos de 87, 88, 89, 90. Compactos completos da semifinal, lembrei daquela tarde em que eu estava na Fonte Tricolor – nos tempos em que ainda era Tricolor – com mais 109.999 companheiros pulando e vibrando. Vi o gol do Fluminense e lembrei como neste momento a torcida se inflamou e começou a empurrar mais ainda o time. Tínhamos certeza da virada, e ela veio. Voltei a me arrepiar e me emocionar com o Bahia. Não lembrava o quão valente nosso time tinha sido no Beira-Rio. Deu gosto rever a volta olímpica, comemoração na churrascaria em Porto Alegre ao lado da torcida.
É para este Bahia, ou melhor, é para este, o único Baêêêêêêêêêêa que conhecemos, aquele que joga com garra, vontade de vencer, o Baêêêêêêêêêêa de 1ª grandeza como bem disse o colega Nestor em sua última coluna, que vai o título desta coluna. Não me refiro a este timinho lanterna do Estadual que estranhamente veste a camisa do meu Esquadrão! Que time é este que eu não conheço? Não guarda qualquer semelhança com o Baêêêêêêêêêêa Bicampeão Brasileiro.
Agora tenho como explicar a meu filho o porquê de tanto amor por um clube. Está registrado em DVD e ele irá assistir. Não sei por qual time ele torcerá (Barcelona, Real Madrid, Milan?), mas pelo menos sei que guardará um carinho especial pela equipe que o pai dele tanto amou quando jovem. Da mesma forma que muitos amigos meus, tricolores, guardam um carinho especial pelo Ypiranga, time do coração de seus pais quando jovens. Infelizmente, enquanto Maracajá e seus comparsas não largarem o osso, é o máximo que podemos esperar dos nossos filhos em relação ao Bahia. É triste, mas é real.
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Para não dizer que não falei do time de Maracajá (recuso-me a chamá-lo de Bahia!), sei que este ano não vou sofrer. Isto porque nada espero dele. Não espero que seja sequer vice-campeão baiano, não espero que passe da 1ª ou 2ª eliminatória da Copa do Brasil e nem espero que passe da primeira fase da Terceirona, portanto, é muito difícil que volte a me decepcionar em 2006. A única coisa que espero (êta coração velho que gosta de sofrer!) é que de alguma forma as correntes oposicionistas consigam colocar prá fora os atuais donos do time de Maracajá de uma vez por todas. Nisto posso me decepcionar, não por culpa dos oposicionistas, que têm sido muito briosos e persistentes em sua luta, mas pela força dos senhores que dominam o feudo Tricolor.
É isto que tinha para hoje, amigos Tricolores. Um forte abraço e até a próxima coluna.
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