é goleada tricolor na internet
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Publicada em 13 de abril de 2009 às 00:00 por Autor Genérico

Autor Genérico

Bahia pelo avesso e pela direita

Convenço-me cada vez mais que a paixão é o mais instável dos sentimentos. Ele não tem um nível para estabelecer parâmetros, ele é o pior dos cegos, é ele que tranca o coração para que você não tenha acesso ao bom senso, é ele quem leva o ser humano às escarpas do ódio e da desdita e o deixa despido de ternura e compreensão. Confundir a paixão com o amor é natural, mas não é certo, e isto, às vezes, nos imputa um perfil ambíguo no âmbito dos nossos sentimentos, em qualquer dimensão que envolva o coração.

Esse perfil de ambigüidade chega também no torcedor e o torna intempestivo, eloqüente pela paixão só enxerga numa única direção: seu time bem, custe quanto custar. Certa vez fiquei observando o comportamento da torcida durante uma partida e me assustei instantaneamente com as reações. Tive a impressão de estar num grande hospício, onde todos, num determinado momento, falavam a mesma linguagem e ao mesmo tempo se desentendiam, e quando um gol ajeitou as coisas, então, todos que estavam ali perto de mim se abraçaram e até eu fui de roldão. O futebol na paixão do torcedor é uma loucura, branda, mas é uma loucura.

Jogador passa de ídolo a vilão e de vilão passa a ídolo num piscar de olhos. É tudo muito louco. Ronaldo Fenômeno, ao se apresentar no Corinthians, falou que seria a partir dali mais um louco no meio daquele bando de loucos, se referindo à torcida… E foi amado intensamente pelo que disse, talvez tenha surpreendido a todos pela franqueza jamais ousada por outro jogador, e isto fez a grande diferença. Todo torcedor quer ser reconhecido como “louco” pelo time que ama.

Não faz muito tempo, e o Bahia havia enfim montado um time que empolgou a torcida inicialmente, mas bastaram algumas derrotas e uns empates, que não o desclassificaram, e tudo foi por água abaixo, e aquele time já não era mais o “timaço” que se propalava, e a própria diretoria do clube antes ovacionada sofre seus altos e baixos no conceito do torcedor. Mas isso é só por um tempo, logo o time se reencontrará em campo e tudo ficará bem. E isto faz parte dessa loucura que é o futebol.

Eu, também, sofria dessas instabilidades ordenadas pela paixão. Dei uma corrigida quando comecei a fazer reflexões sobre o esporte e, mais particularmente, sobre o Esporte Clube Bahia. Forçado que sou pela minha consciência, preciso sempre colocar a razão antes da paixão, mesmo depois de um jogo merecedor de toda a minha revolta. É só dormir e analisar friamente no outro dia os fatos de forma ampla. Digamos que na sua estrutura.

E estruturalmente é que o Bahia está tentando se reencontrar. O buraco é muito amplo no seu diâmetro e na sua profundidade. E isto não se tapa com duas pás de areia, será preciso um areal inteiro para fazer dessa cratera uma planície. Eis o nó na cabeça do torcedor. Ele é imediatista quando deveria ser paciente e compreensivo, porque não se faz um percurso longo em estrada esburacada no mesmo tempo que numa estrada sem buracos. Ou então quebra-se essa estrutura de vez, pela pressa.

Continuo achando que a direção do Bahia trilha o caminho correto ao tentar ajustar a máquina em pleno movimento, o que não é fácil. Até porque não é possível parar essa máquina para consertá-la como deveria, de fato. O Bahia de hoje tem focos em toda a sua estrutura, diria que há incêndios mesmo, e ser Bombeiro não é uma tarefa simples, é correr risco até no rescaldo.

Costumo dizer que criticar é a coisa mais fácil que existe, é só abrir a boca e dizer, é só levantar o dedo e apontar. É igual pescar com bomba, causa estragos e fica tudo por isso mesmo. Quero dizer, ficava. Mas o torcedor é assim mesmo, ele acha que tudo pode acontecer da noite pro dia só porque se trata de um time de futebol que é a sua paixão, e quem chegou ali chegou pra resolver todos os problemas, de uma sentada.

Se eu fosse o presidente do Bahia faria uma auditoria para esclarecer o Bahia de uma só vez. Isso seria bom para todos, até para se saber como realmente era administrado o Bahia. Não com a intenção de se fazer caçada às bruxas, mas para separar uma época da outra e deixar tudo na mais absoluta transparência perante o torcedor, mais ou menos assim: “esse era o Bahia de até 2008, e como foi gasto centavo por centavo. E esse é o Bahia da gestão atual”.

Muito provavelmente exista alguém que ficará preocupado e sem sono, mas quem não deve não teme, e como dar transparência ao Bahia é um projeto de Marcelo Filho eu fico aguardando de camarote o castelo dos pseudo-moralistas ruir perante a opinião pública. Há no Bahia uma farta documentação para um trabalho de boa transparência e certamente Marcelo Filho não deixará passar em branco a oportunidade de mostrar o Bahia pelo avesso e pela direita ao torcedor. Só assim muitas injustiças serão corrigidas.

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Estou bem informado que brevemente, mais cedo do que possam imaginar os mais pessimistas, sairá a lista com o nome de todos os conselheiros e em seguida será tratada a questão do Estatuto, devidamente.

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O Bahia estará com um time capaz de subir à Série A neste ano. O projeto é este e esforços estão sendo envidados à exaustão para que tudo se materialize. Há seriedade sim no Bahia atual, além das boas informações posso ver isto do alto da minha isenção.

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A situação financeira do Bahia é ainda mais grave porque as receitas de 2009 com o Clube dos Treze/Globo, TV Record (campeonato baiano) e Vedacit, foram antecipadas pela gestão passada, o que não beneficiou em nada a atual gestão. O Bahia não tem nada a receber neste ano, só a pagar. E ainda tem aí uns demagogos fazendo apologia a ingressos mais baratos.

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Uma questão que é pior do que “sinuca de bico” é a das crianças pagar ingresso em Pituaçu… Se por um lado isto é penoso para os pais, não menos penoso é o Bahia ter a carga de ingressos reduzida à metade, pois as crianças ocupam lugares nas cadeiras. Não devemos esquecer que Pituaçu é um estádio com capacidade para apenas 32.400 lugares. Se cada pai levar apenas uma criança já complica, se levar duas, então… Haja compreensão para se chegar a um denominador comum.

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