Estamos às vésperas do retorno das competições do futebol brasileiro. Sem entrar no mérito do acerto ou não sobre o retorno do futebol, isso é uma realidade, inclusive com datas. No caso do Bahia, enquanto escrevia esse texto, já tínhamos datas para Nordestão e Brasileirão, o que me fez pensar: qual Bahia teremos para esta temporada?
Com esse questionamento, como tricolor que sou, pensei em colocar minhas angústias e pensamentos sobre a temporada tricolor no papel, escrevendo uma pequena série de análises estritamente pessoais sobre o Bahia pré e pós pandemia.
Para tanto (e para organizar as idéias), pensei em alguns marcos divisórios entre cada uma das fases da temporada: (01) a pré temporada, que funcionaria como uma introdução, (re)apresentando o elenco, e as contratações feitas; (02) análise dos jogos até a pausa por conta da pandemia; e (03) os desafios e perspectivas pós-pandemia.
Nesse periodo de afastamento social, vinha acompanhando as notícias do clube, principalmente as entradas (alguns jogadores da equipe de transição foram incorporados ao time principal) e saídas de jogadores (saíram Artur Caique e Gustavo, além de vários atletas dispensados e/ou emprestados do time de transição) e o ativo presidente, sempre comentando em programas televisos, blogs, YouTube, podcasts e afins as dificuldades e os desafios orçamentários do clube diante dessa imprevisível pandemia.
O discurso do presidente (para mim, pelo menos, totalmente compreensível) vem destacando a impossibilidade do clube contratar neste momento. Mais: até para cumprir o orçamento deste ano, que talvez seja necessário fazer alguma venda, até porque a grande esperança de caixa para a temporada seria a venda de Ramires, que virou uma grande incógnita.
De qualquer sorte, meu interesse é apenas com relação ao campo e bola, ao elenco em si, de modo que vamos à primeira parte desta retrospectiva e exposição de expectativas sobre a temporada do Esporte Clube Bahia em 2020.
A pré-temporada: construção do elenco
No início do ano, acho que o trabalho foi bem feito, com a manutenção da base do ano passado e o reforço do time com a chegada de Zeca, Juninho Capixaba, Jadson, Claysson, Daniel, Rodriguinho e Rossi para o time principal, além da montagem do chamado time de transição para disputa do Campeonato Baiano, mesclando alguns (poucos) jogadores da base com jovens (e, em alguns casos, promissores) jogadores, que poderiam ser observados jogando um campeonato profissional.
Assim, o Bahia iniciou a temporada com o seguinte elenco principal:
Sem colete, o time que iniciaria a temporada como titular; com coletes brancos, as opções; de colete vermelho, Artur Caíque, que, como disse, não teve seu (caro) contrato de empréstimo renovado; e de colete azul, Rodriguinho, que chegou depois. Pegando o ensejo, sobre Artur Caique, acho que no geral não teve o rendimento que se esperava dele, mas teve sua importância em alguns momentos da temporada passada. Consigo lembrar, por exemplo, do gol contra o CSA, na Fonte, que garantiu o suado triunfo na época. Ainda assim, pelo que se dizia dos custos para a manutenção do atleta, nesse contexto de pandemia, entendo totalmente a sua não manutenção no clube.
Como foi dissolvido em razão da pandemia, não vou me concentrar em analisar a equipe de transição como um todo. Mais adiante vou analisar os jogadores incorporados ao time principal. Destaco apenas que gostei bastante da ideia do projeto: utilizar o Campeonato Baiano pra testar numa competição profissional, ainda que de menor nível técnico, jovens jogadores. Acho um ótimo laboratório, seja para promover jogadores pro time de cima, seja para dar vitrine e fazer negócios.
Sobre o elenco base tricolor, acho mais forte do que o da temporada passada. É perfeito? Lógico que não. Mas lembremos o elenco que terminou a temporada passada, que jogou boa parte do segundo turno da Série A:
Novamente, sem coletes os titulares na maioria dos jogos, com coletes brancos os reservas e de coletes vermelhos os que deixarão o time esse ano em algum momento (destes, apenas Moisés e Artur eram considerados titulares).
Comparando, vejo uma clara superioridade no elenco desse ano. Destes, talvez apenas Artur seja superior aos recém-chegados e atuais titulares das beiradas ofensivas. Na minha opinião, seria o único que teria espaço no novo elenco. Além disso, com algumas saídas que ocorreram ao longo da temporada, notadamente Douglas Augusto e Ramires, o time ficou com carências na volância e na meia. Jogadores como Ronaldo, Shaylon e Guerra não apresentaram o que se esperava. Lembro que, no final, com a lesão de Elton, Edson foi promovido do então sub23 e sempre frequentou o banco, sem entrar.
Analisando o grupo jogador por jogador em comparação aos que saíram, vejo forte superioridade nos dois laterais esquerdos e nas opções ofensivas. No primeiro caso, Capixaba e Zeca são muito superiores a Giovanni e Moisés, principalmente na questão técnica. No caso dos jogadores de frente, a primeira leva de contratações desta temporada foi cirúrgica e trouxe jogadores que fizeram (ao menos estatisticamente) bons campeonatos brasileiros por seus clubes. Daniel, Clayson e Rossi tiveram bons números em assistências, além de terem sido titulares de seus times ao longo da temporada (Fluminense, Corinthians e Vasco, respectivamente). Vejo como grande evolução aos ex-emprestados Shaylon, Guerra e Lucca, por exemplo.
A cereja do bolo do elenco deste ano, esperamos, será Rodriguinho. Mas a análise deste jogador virá um pouco mais à frente.
O fato é que, ainda que não seja um elenco estrelar e recheado de craques, o grupo deste ano vem consolidando a evolução do Esporte Clube Bahia, afinal quase todo o time atual é composto de jogadores do clube, exceção feita aos destacados com coletes amarelos na figura abaixo:
Vejam que dos 23 jogadores do time principal, antes da incorporação dos atletas do time de transição, apenas 06 são jogadores com contratos de empréstimo, de modo que 17 tem vínculo definitivo com o clube, a maioria com contratos longos. Isso é um claro sintoma de crescimento do clube, na minha visão.
O fato é que, no início do ano, antes de imaginar tudo o que aconteceria com o mundo, eu estava bastante otimista com a temporada do Bahia. Tínhamos um grupo principal com boas opções, o que foi reforçado com a chegada de Rodriguinho. Além disso, tínhamos peças que poderiam crescer vindas do time de transição e, imaginava à época, que ao longo da temporada poderia chegar, para o Brasileirão, um ou outro atleta para qualificar o grupo.
É bem verdade que esse otimismo deu uma caída logo no início da temporada, seja pelos resultados ruins da primeira parte do primeiro trimestre, seja pela pandemia. Mas isso é assunto para os próximos textos desta série. Até lá.
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