“Quosque tandem abutere, Catilina, patientia nostra”? “Até quando, Catilina, abusarás da nossa paciência”? A conhecida exortação de Marco Túlio Cícero no Senado romano, dirigida ao conspirador Lúcio Sérgio Catilina, bem poderia servir de lamento do torcedor tricolor – dirigido aos “deuses do futebol” – pela ausência de bons resultados que nos persegue desde o fim da temporada passada, com o rebaixamento para a segunda divisão do futebol brasileiro.
Nem só de futebol vivem as agruras e tormentas que se abateram sobre nós. A temporada 2022 nem bem tinha começado e já nos deparávamos com um elenco acometido de gripe e Covid-19 que atrapalharam nosso início de preparação. Não bastasse, nosso presidente (sempre ele) resolve conceder uma horrível entrevista coletiva em que desfilou soberba, prepotência e arrogância diante de perguntas indelicadas, esquecendo-se de que as respostas não são, necessariamente, para os entrevistadores e, sim, para a imensa massa de torcedores que, nesse momento difícil, precisa reunir esperanças para poder se reconectar ao clube, empurrando-o em direção ao, cada vez mais difícil, acesso à elite do futebol.
Continuamos nosso pedregoso caminho, alternando maus resultados dentro de campo com más notícias fora dele. Cada partida ruim do clube foi seguida de comportamentos bizarros que vitimaram, primeiro por xenofobia o auxiliar técnico português, Bruno Lopes. Depois, por racismo, o lateral esquerdo Luiz Henrique. Tudo isso vem se acumulando, como nuvens carregadas, sobre a cabeça do elenco, mas também sobre a torcida, alimentada com noticiário negativo numa espiral descendente que parece não ter fim, arrefecendo o entusiasmo e, sobretudo, a esperança em dias melhores.
Como não há nada tão ruim que não possa piorar, chegamos à fatídica quinta-feira, 24 de fevereiro, em que marginais travestidos de torcedores atacaram covardemente o ônibus tricolor que levava comissão técnica, funcionários e jogadores para a partida contra o Sampaio Correa, válida pela Copa do Nordeste. Esse episódio, que poderia ter terminado em tragédia, ocorrido há menos de dez dias, já está sendo infeliz e rapidamente esquecido e superado, seja pela falta de resultados da investigação policial, seja pelos péssimos resultados que o time insiste em alcançar em campo e que fazem a torcida se debruçar não sobre o acontecido em si como deveria, mas sobre nossa inédita e péssima campanha no Campeonato Estadual. Até tive a sensação, sábado passado, que a urucubaca ia embora quando viramos o jogo contra o Sport. Que nada! O amargor continua, agora na Copa do Nordeste. E mal passamos os primeiros dois meses do ano
Obviamente, não podemos, como fez Cícero, apontar o dedo acusadoramente para a Diretoria Executiva no que respeita aos acontecimentos extra-campo. Contudo, temos a obrigação, tricolores que somos, de exigir mudanças na condução do futebol, de exigir mais transparência nas decisões executivas do clube e, sobretudo, deixar claro que não aceitamos soluções paliativas como a mudança de treinador. Essa carta já foi jogada várias vezes por essa Diretoria e só serviu para demonstrar que o problema é mais grave e mais profundo, exigindo medidas à altura da situação caótica que enfrentamos.
É a hora de nos levantarmos e, parafraseando Marco Túlio Cícero, gritar: “até quando, Bellintani, abusarás da nossa paciência?
Por quanto tempo a sua soberba há de zombar de nós?”.
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