Há um ar de evolução. Apesar das minhas restrições quanto a lucidez técnica de Artur, começo a admitir que ele vem evoluindo e junto com ele evolui o Bahia dentro de campo. Colocar Paulo Roberto de saída como titular e lançar sem medo, durante as partidas, jogadores como Douglas e Bruno Lopes é um sinal desses ares de evolução.
Artur, como a maioria dos técnicos brasileiros, cultiva a teimosia de que lançar jovens recém saídos da base é por demais prematuro. Prematuro é pensar dessa forma, mas ao que parece Artur está mudando de filosofia, ainda que forçado pelas circunstâncias. Douglas quando fizer uma partida inteira não sai mais do time, Bruno Lopes idem, e Paulo Roberto vai ter que ter um lugar no time quando Marcelo Ramos voltar.
Que bom, não é? Tomara que ele, Artur, não sofra uma recaída e continue agindo assim em relação aos juniores e as substituições, como o fez contra a Ponte Preta, quando mexeu acertadamente no time e o conduziu à vitória. Isso é tudo que a torcida quer, e a sensatez também.
Desde o jogo contra o Criciúma deu pra perceber no Bahia uma proposta voluntariosa de um time que pretende chegar à série A. Há limitações, mas qual o time da Segunda Divisão que não tem limitações? Ao contrário dos pessimistas que se dizem realistas (são pessimistas mesmo), inflexíveis nos seus pontos de vista quanto ao Bahia atual, sou mutante de acordo com o comportamento técnico do time de partida para partida, como convém a um crítico.
Convenhamos, o divisor de águas não foi o jogo contra o Corinthians como se imaginava, sim o Bragantino. Ali Artur errou tudo que havia pra errar, desde a escalação até as substituições. A partir daquele jogo a coisa mudou, e em Brasília já se fez notar uma nova postura da equipe.
Veio a Ponte Preta que eu temia e aconteceu o que não acontecia havia muito tempo: o Bahia que perdia em tudo na etapa inicial, voltou para um segundo tempo como nos primórdios do Esquadrão de Aço e ganhou convencendo. Melhor, com o “dedo” providencial do técnico Artur.
Vem aí o jogo contra o CRB em Alagoas, e daí? Daí que não acho que o Bahia vá encontrar nenhuma “galinha morta”, a parada será tão dura quanto tem sido nos demais jogos, ainda mais que os times estão se entrosando dentro da competição de forma natural, como deve ser.
Ao Bahia cabe cumprir o seu papel de tentar ganhar sempre, ou perder o mínimo possível. Uma derrota de um momento para outro é coisa previsível e recuperável.
Numa maratona dessas quem sai na frente e dispara pode achar que a chegada em primeiro lugar são favas contadas. Aí pode acontecer uma possível dor de cabeça, que não raro, surpreende os que dormem embalados pelo exagero da auto-confiança.
O Flamengo na série A é um exemplo disso, atraído por dólares e euros começou a desmantelar o time achando que havia elenco para segurar a liderança, que estratégia infeliz! Talvez achassem seus dirigentes que os outros clubes não estavam avançando, agora estão tentando arrumar o time e não conseguem, enquanto isso os outros vão chegando e passando.
Um campeonato de pontos corridos torna-se muito competitivo, o Bahia ganhou dois jogos seguidos e não saiu do oitavo lugar, por exemplo. Essa é uma prova de que os outros times estão crescendo dentro da competição.
Indiscutivelmente o equilíbrio é a tônica deste campeonato, e ao Bahia parece óbvio continuar perseguindo com determinação as vitórias.
Gosto do aproveitamento técnico do Bahia até então. Dá pra comparar um pouco com os atletas fundistas que praticam maratonas como a São Silvestre e outras do mesmo porte. Sair na frente e “abrir o gás” pode não ser muito inteligente na maioria das vezes. O importante é se manter numa zona intermediária que proporcione fôlego suficiente para cruzar a linha de chegada entre os quatro primeiros.
Eu não tenho dúvidas de que o Bahia é um forte concorrente para chegar na reta final do campeonato. Dentro de campo tudo parece estar em posição ascendente, restando saber apenas como andam os recursos financeiros para que os salários, se atrasados, não se transforme num ferrenho adversário.
Chega de adversidades fortuitas, como o atraso nas obras do estádio de Pituaçu, causado por chuvas e greves. Mas faço daqui um voto de louvor ao Governador Jaques Wagner pelo esforço pessoal que o mesmo tem demonstrado para que o Bahia e a sua torcida tenham um palco a altura das suas tradições. Torço para que em Outubro o belo estádio de Pituaçu seja na prática esse palco.
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Caio, sem sombra de dúvidas uma boa contratação do Bahia. O moço tem uma excelente técnica, além de uma dinâmica de jogo muito boa.
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Encontrava-me viajando e ouvia a Rádio Sociedade no rádio do carro, Sílvio Mendes transmitia o jogo Bahia x Ponte Preta. Aos 43 minutos saiu o gol de Paulo Roberto. Não sei se pela emoção que Sílvio colocou no lance, ou se pela sensação de resgate de um antigo Esquadrão de Aço… o certo é que a emoção foi forte.
Por falar em Sílvio Mendes, vale dizer que como narrador ele é um dos melhores do Brasil. Bastante espirituoso.
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“Se um homem não sabe a que porto se dirige, então nenhum vento lhe será favorável” (Sêneca).
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