E o técnico de futebol, senhor Joel Natalino Santana, deixa o grande Tricolor de Aço rumo ao grandiloquente Flamengo do Rio de Janeiro. E ainda poderá levar nosso manager a tiracolo.
Terá o Sr. Joel a missão de recolocar o conturbado rubro-negro no caminho dos triunfos e das conquistas.
Salários atrasados, ataques de estrelismo de certos atletas, crises generalizadas no elenco, jogadores descompromissados, perda de atletas importantes para rival, presidente em xeque… eis o cotidiano do Urubu carioca.
Mas como assim?! Como pode um técnico deixar um clube vencedor como o Bahia, com um presidente moderno, arrojado, que paga bem e em dia, com um modelo de gestão unânime e um presidente inconteste???
Esqueceram que o Bahia, taxonomicamente falando, é do gênero Clupeidae e o clube carioca é do gênero Carcharodon?
Pois é: Rattus norvegicus que é, volta o grande Papai Joel triunfalmente ao Rio de Janeiro que o revelou e aonde foi campeão estadual pelos quatro maiores clubes locais. Oportunidade de passar no Globo Esporte, de dar entrevistas para a Gentil e linda Fernanda, de ser comentado pelos quatro cantos do país, de estrelar outros comerciais de TV com seu ingrêis pra lá de fruente, e de estar perto da sua família.
Espero que a passagem pelo Bahia em 2011/2012 tenha sido proveitosa para o Sr. Joel, o treinador que desbancou o rival vice brasileiro e fez uma campanha incrível no nacional há dezoito anos com muito papo e um time de terceiros reservas de clubes cariocas de terceira linha. Pois foi apenas isso que ele fez de extraordinário na sua carreira. Das outras vezes que esteve no Tricolor, foi apenas como apagador de incêndio e nada fez demais. Ano passado, substituiu um técnico mais “mala” do que ele, colocando o Bahia com 12 atrás e conquistando a grande taça de Campeão Brasileiro de Não Rebaixamento.
Espero também que a mídia e a chance ofertadas pelo clube de His Advertising, The Nike President of Esporte Clube Bahia, tenha sido útil para o folclórico treinador voltar aos holofotes do futebol brasileiro. Afinal, adaptando uma frase de um certo filósofo alemão, o Bahia sempre será ponte e não meta para esses caras.
Não critico a decisão deste treinador, pois isso já era por mim esperado, mais dia menos dia. Afinal de contas, volta e meia sua trajetória é treina um daqui, treina um dali, e quando os clubes cariocas estão a perigo, chama o Joel que ele resolve.
Não há porque lamentar a ida do glorioso técnico-tubarão-depois-da-crise-econômica-na-europa. Vamos erguer a cabeça e seguir adiante, pois o Bahia, ao contrário da infeliz comparação com os famosos peixes enlatados, é muito maior que a barriga do Sr. Santana. Treinar ou jogar fora do eixo Rio-São Paulo, infelizmente, não é o sonho de nenhum futebolista.
A paixão do torcedor, magoado e sentindo-se traído, é assim mesmo, de modo a desqualificar o profissional como se ele fosse a pior das criaturas da Terra. Joel é simplesmente uma mistura de retranqueiro com palestrante motivacional e humorista. Apenas isso. Um treinador de mediano para baixo.
Finalmente, desde que arthurzinhos, paulos comellis, renatos gaúchos, rogérios lourenços e outros menos votados não apareçam no Fazendão, aguardemos dias melhores.
Quanto ao elenco, não vejo esperança em podermos aproveitar a deixa e mandar o ataque Cone, Poste e Vaso de Planta (Jones, Reinaldo e Junior) reforçar a nossa filial, o paulista Monte Azul, clube infestado pela praga Guimaranius fracassatus e amargando a lanterna de uma divisão de baixo qualquer do Phutebol paulista. É respirar fundo e a vida segue. O Bahia tem um elenco com bastante potencial para arrebentar a cachorra de peruca e o genérico de Feira e conquistar o impossível e épico campeonato baiano.
Saudações tricolores.
Com os devidos post-scriptum, meus sinceros pêsames enquanto baiano e soteropolitano, em virtude da verdadeira BADERNA instalada em nosso sagrado solo. Não criticando pessoas nem partidos, é hora do povo baiano reencarnar o espírito de 1823 e extirpar definitivamente tanto descaso e tanto desrespeito às instituições no nosso Estado. Falta ao povo baiano em geral um pouco de auto-amor.
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