Meus amigos. Escrevo na tarde dessa sexta-feira (14/11), horas antes do jogo do Bahia contra o CRB. Claro que corro o risco de a crônica ficar datada, ultrapassada, anacrônica (trocadilho não intencional) e, pior, de não ver se configurar o resultado favorável a nós desse jogo, que me parece absolutamente previsível, a despeito de todas as nossas deficiências e fragilidades, já tão cantadas e decantadas, pois a publicação do texto só se dará depois de o jogo já ter acabado.
Se o Bahia não ganhar hoje do CRB, desmaterializando de vez o fantasma do retorno ao rebaixamento para a Série C (é, esse fantasma é tão temível que tem matéria), então se configurará que merecemos mesmo essa pena capital. Ficará realmente decretado que esse é um bom tempo para pouco tempo.
Mas vamos dar as favas como contadas, que o Bahia permanece na Série B, e começar o projetar o nosso futuro próximo. Em dezembro tem eleição para presidência do Bahia. As articulações estão correndo soltas aí. É um tal de larga o osso, me dê meu osso, tome uma xerox do osso, cadê o osso?…
O fato é que o consenso parece estar se estabelecendo em torno do nome de Reub Celestino. Eu não conheço Reub Celestino. Aliás, conheço muito pouca gente, talvez umas 10 pessoas além dos porteiros do meu prédio. Mas parece que Reub é muito conhecido e conceituado pelos que o conhecem. Falam que ele deu um jeito na EBAL e coisa e tal. Muito bom. O cara sabe administrar. Não sei se sabe administrar penúria, mas sabe administrar. Ao contrário dos últimos presidentes que o Bahia teve, que não sabiam administrar nem um comprimido de aspirina, esse nome aí de Reub parece que traz uma carga de confiança quase messiânica.
É aí que mora o perigo. Essa é a grande armadilha. O pobre do rapaz vai sair de uma bem sucedida incursão pela recuperação da Cesta do Povo e vai logo ser jogado nesse ambiente pantanoso que é o futebol. E, ainda por cima, no Bahia. A expectativa que irá ser criada, desde já, me parece desproporcional à dimensão dos desafios que esse novo presidente do Bahia terá pela frente. Pra começar: quem acredita que Maracajá irá torcer para que a administração de Reub, ou de qualquer outro que não esteja sob sua tutela (de Maracajá), dê certo? Nessa hora entra em cena a Síndrome de Pithon. Tenho medo que a história se repita. Aí teremos mais esse cartucho queimado.
A outra coisa é o futebol em si, ou o departamento de futebol. Arrumar a casa no âmbito administrativo é só o ponto de partida para a meta principal que é formar um time que devolva o espírito, a técnica, a raça, o orgulho, as glórias e os títulos, com os quais a torcida se acostumou ao longo dos anos e que sempre foram característicos do que o povão convencionou chamar Bahêa. Será possível conseguir isso logo de cara? Achar alguém que tenha olho clínico e uma boa rede de contatos sobre os jogadores de futebol que se encaixariam nos planos e ambições do clube?
Depois de ver os retumbantes fracassos dos últimos diretores de futebol do Bahia nesses últimos anos (Rui Accioly, Bobô, Newton Mota, Renato Brás, Nero, Calígula, Napoleão e o escambau), fico me perguntando quem seria o mágico que conseguiria fazer as contratações que necessitamos para formar um time decente, ainda com as limitações de caixa que deveremos experimentar no próximo ano… Será que Reub iria apostar em alguém competente do governo atual, tipo Dra. Maria Del Carmen?! Essa peça, o diretor de futebol, é chave para os destinos do time que se quer ter. Eu recomendaria que o novo diretor de futebol fosse alguém que tivesse acesso aos inúmeros grupos de discussão sobre o Bahia que existem na internet, porque a maioria do pessoal tem dicas excelentes e está muito bem informada sobre jogadores de qualquer estado do Brasil e de fora do país. É impressionante como essa torcida do Bahia enxerga e ao mesmo tempo não tem nem voz nem voto! Um total desperdício. A salvação do Bahia, portanto e mais uma vez, está na sua própria torcida.
Só a título de colaboração inicial ao novo diretor de futebol, eu gostaria de recomendar que, do grupo atual que vi jogando, só fossem mantidos Douglas, Willames e Marcelo Ramos. Douglas me pareceu um jogador de futuro, Willames já está bom no presente e Marcelo já tem passado, presente e um futuro ainda duradouro, a despeito dos seus 35 anos. Já viram uma matada de bola de Marcelo, mesmo naquelas bolas quadradas? Já viram a visão de jogo? O passe? A conclusão a gol? Se tivéssemos quem fizesse chegar a ele os lançamentos e os cruzamentos, certamente estaríamos noutra posição. As outras pratas da casa podem e devem ser emprestadas para ganhar mais quilometragem e nova mentalidade com novos ares.
Ávine, por exemplo, poderia ser emprestado ao Cirque Du Soleil, para aprimorar os seus malabarismos, suas quedas espetaculares, para aprender o que fazer com a bola (por exemplo: passes, chutes, lançamentos, cruzamentos). Eu gravei todos os jogos do Bahia esse ano na Série B e, na falta de coisa mais produtiva a fazer, fui conferir o índice de aproveitamento de Ávine: ele errou mais de 90% de tudo que tentou fazer! Até os cruzamentos que fez e que resultaram em gol foram chutes à meta que saíram errados e acabaram nos pés de algum atacante. No desarme, só conseguiu ser pior que Adilson, o cone, que é driblado 110% das vezes. Outra opção para Ávine seria colocá-lo numa agência de modelos, porque ele às vezes dá a impressão que só está preocupado com a sua imagem de galã. Manda ele para o Barra Fashion! Eu já não agüento mais xingar Ávine. Poupem-me, por favor! Mas parece que eu sou uma exceção, pois a crônica esportiva e a torcida em geral anda escolhendo ele seguidamente como o melhor em campo!! Se ele ficar, vou pedir para me congelarem em nitrogênio líquido e só me reanimarem quando o prefeito Forrest Gump já tiver concluído o seu mandato.
Paulo Roberto despontou como uma promessa de novo Naldinho, Osni, ou outro baixinho retado. Mas, com o passar dos jogos, começou a demonstrar uma irritante tendência de reter a bola desnecessariamente e improdutivamente. Além de ter um sério defeito técnico que é o de não saber matar a bola para mantê-la em seu poder. Quando a bola é lançada para ele, além de ricochetear na sua canela, ele ainda a direciona para trás, em direção ao nosso próprio campo, fazendo com o seu marcador tenha tempo de se recompor e se posicionar na sua frente, com uma cobertura logo a seguir. Mas o que ele quer mesmo é isso; ficar com o zagueiro em sua frente e tentar dar umas pedaladas, umas sambadinhas, e perder a bola na tentativa do drible. No jogo contra a Ponte Preta ele não conseguiu fazer uma jogada sequer. Bota ele de gandula e dá uma bola para ele segurar, que aí ele fica contente e eu também.
Se o novo diretor de futebol seguir à risca essas minhas sugestões, vão sobrar algumas vagas no time e aí eu gostaria de fazer um lobby pessoal: eu costumava bater uma bolinha legal, chutava em gol mil vezes melhor que Emerson Cris, subia de cabeça um milhão de vezes melhor do que Charles, chutava de direita e de esquerda com a mesma precisão e potência. Com um pouquinho de treino, acho de dá para recuperar minha antiga condição e fazer mais pelo Bahia do que vem fazendo o monte de cabeça-de-bagre que vimos aturando ao nível do insuportável. O problema é que só sei jogar descalço.
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