Eu tenho a honra de ter a amizade de uma pessoa muito especial, gente do meu mais fraterno e puro amor. Símbolo tricolor e viúva de um dos meus mais saudosos amigos e dedicado soldado do Bahia. Raimundo Deiró da Paixão foi esse soldado a quem o Bahia deve muito reconhecimento. O símbolo ao qual me refiro é Delza Damasceno Deiró. Delza não deixa de ir a nenhum jogo do Bahia aqui em Salvador. Tem mais: a cada vitória do Bahia nessa fase, ela vai até o Bonfim.
Imagino a sua alegria na noite desta sexta-feira, 29 de Outubro, ao ver o seu Bahia ganhar do Paraná. No meio desta semana recebi um telefonema dessa singularidade personificada e então me dizia ela que estou muito ansiosa ao ponto de nem conseguir dormir bem, exceto se recorrer a algum tranqüilizante. Quanto mais se aproxima o momento da classificação, mas a minha ansiedade aumenta, é como se eu ainda não acreditasse no acesso, e isto me deixa sofrida e angustiada. Dizia-me.
Compreendo-a e a outros tricolores cansados dessa jornada de sete anos esperando o tão sonhado momento de respirar profundamente aliviados e gritar… Voltamos pro nosso lugar! Um time que ostenta duas estrelas no peito não merece sob hipótese alguma estar nas divisões inferiores do nosso futebol. Mas isso, pra mim, é assunto do passado. O momento é só de comemoração antecipada. Pode vibrar minha querida Delza, pode comemorar, porque o máximo que pode acontecer daqui em diante é o Bahia ganhar o título, ou numa hipótese catastrófica, um quarto lugar.
Mas quem diria, hein amigo Leuser Americano? Uma hipótese catastrófica numa situação singularmente boa! Que paradoxo esse Bahia de hoje com o Bahia de ontem… Mas, apesar do bom momento tricolor bota bom nisso , Leuser tem as mesmas angústias de Delza. Ele já se vê em Bragança Paulista comemorando o encerramento, talvez até com o título, mas tem ainda seus pesadelos com esses sete anos de sofrimento nas divisões inferiores do futebol brasileiro.
Venho escrevendo aqui nesta coluna que o Bahia tem objetivo definido em relação à série A. O grupo fechou em torno desse objetivo e vem provando em campo, com toda eficiência possível, que um dos lugares no G4 é do Bahia. O Fazendão de hoje é um verdadeiro reduto tricolor, ali se respira união do presidente ao mais humilde funcionário. Cada um sabe a importância que têm nesse projeto de Primeira Divisão. Por conseqüência, tudo funciona a contento dentro desse contexto e isso impulsiona o Tricolor de Aço nessa caminhada célere rumo à dignidade de um campeão.
Alguém duvida da capacidade do atual time do Bahia? Alguém poria dúvidas no trabalho de Márcio Araújo com sua simplicidade de homem interiorano, com profundo conhecimento de liderança? Não me recordo de ter visto um técnico tão centrado e humildemente sábio exceto Zezé Moreira como Márcio. Durante o jogo contra o Paraná escutei um comentarista de uma rádio dizer que Márcio precisava tirar Jael porque este estava cansado. Achava ele que Márcio não estava fazendo bem a leitura do jogo…
Terminado o jogo, o repórter dessa rádio foi pro Márcio Araújo e perguntou: por que você não tirou Jael, ele parecia cansado, não acha que deveria ter reforçado o meio para que o Bahia não levasse sufoco? A resposta veio sábia, decente e desconcertante: se eu tiro Jael, todo o time deles viria pra cima da gente. Futebol é detalhe. Nada mais o repórter questionou sobre o assunto. Nem precisava.
Eu mesmo fui crítico de Márcio Araújo em relação a esse esquema com três homens de contenção… Hoje sou absolutamente a favor, até porque não vejo nada de retranca no Bahia, pois Hélder vai muito pro apoio na frente e volta na mesma proporção para defender. Não aparece para os olhos da torcida, mas talvez seja o mais importante jogador tricolor no esquema tático de Márcio. No meu modo de entender futebol, o Bahia é o time que melhor marca dentre todos da série B. Méritos para Márcio Araújo.
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Vem aí o Coritiba, um clássico do futebol do Brasil que pode ganhar ares de decisão pelo título na próxima terça-feira. Ontem eu achava que o Coritiba era absoluto na disputa por esse título, agora não acho mais. A depender do São Caetano, as coisas poderão mudar efetivamente em favor do Bahia.
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