Empatar em Canabrava com o rival pode não ter sido, nas letras frias do regulamento, um mau negócio. E, apesar de dois milagres de Lomba, o time não jogou mal. Sobretudo no segundo tempo, dominou o vice-campeão e podia ter marcado, se não fosse o preciosismo na hora de chutar, que fazia Gabriel e Zé Roberto tentarem um último drible, ou os passes finais pouco ajustados. Mas não dá pra deitar em cima do regulamento e achar que ele pode ser o craque do time na final.
Não gostei da escalação de Falcão. Não me venham os arautos da modernidade dizer que entrar com 3 volantes não quer dizer ser mais defensivo. Só se seus volantes forem Xavi, Gerrard e Ramires, aí beleza. Mas Fahel, Diones e Hélder? Esses três não tem um pingo de criatividade e a chegada ao ataque é tímida. Com Diones ou Hélder de segundo volante, uma ou outra aparição no ataque já faz deles presenças-surpresas úteis. Mas só uma ou outra chegada, quando não se tem um armador cerebral, engessa a equipe. O time acaba completamente dependente dos avanços dos laterais e da dupla de ataque que cerca Souza.
Acontece que, nas laterais, Madson não estava em uma boa jornada (e é sabido que Falcão não tem plena confiança nele) e Gerley é limitadíssimo. Entre os atacantes, Gabriel continua arisco (apesar de ter abusado do cai-cai e das reclamações) e Zé Roberto foi bem fraco. Como tem sido nesse semestre. Ou seja, era bem previsível o jogo do Bahia concentrado em Gabriel, que é fera, mas não é Messi.
Por que Falcão, depois de tantos jogos, resolveu ir com 3 volantes justo na final? Porque ele está nervoso. Talvez seja o mais nervoso de todo o time. A expulsão não foi por acaso. Assim como para nós, torcedores, é uma questão de honra, pelos anos de jejum, para Falcão é uma questão de auto-afirmação. E o medo de perder parece que falou mais alto. O time foi cauteloso, e, fosse o vice um time melhorzinho, nossa sorte poderia ter sido outra.
Como eu refleti na outra semana, acredito que Falcão, pela tensão do momento, está apostando tanto em jogadores experientes (Zé Roberto e Coelho, recentemente) como, pelo menos nesse jogo no antigo aterro sanitário, em uma filosofia mais cautelosa. Pode ter sido inteligente, se no fim o resultado for positivo. Mas, em Pituaçu, nas duas decisões desta semana, o time tem que ser bem mais insinuante. E jogar com a faca nos dentes, como fizeram o ano inteiro até aqui.
Quinta, contra a Portuguesa, não teremos Gerley. Provavelmente Hélder será deslocado, e voltaremos à programação normal com 2 volantes e Morais na ligação. O nosso ataque precisa ser mais abastecido com mais qualidade – e precisa também finalizar mais e melhor. Lulinha volta, e Zé Roberto mais uma vez fez um jogo sem agradar. Mas, como Souza nos ensinou o ano passado, um Baiano ruim assim que se chega, vindo de um bom tempo de inatividade (como foi Souza em 2011 e como é Zé esse ano) não significa, necessariamente, que o jogador não presta.
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