Eis que o Bahia foi eliminado precocemente, de novo, em uma competição na qual não se pode dar ao luxo de ser medíocre. A Copa do Nordeste segue sem um dos seus maiores vencedores e fonte de renda e de audiência.
Mas o que aconteceu? O Bahia democrático não era a solução de todos os problemas? Não seria daqui para adiante um clube campeão de tudo com seus gringos fabulosos e sua diretoria altamente especializada?
Permitam que eu aja como se estivesse palestrando para crianças de cinco anos de idade, mas é necessário: democracia é meio e não finalidade. Eu já devo ter repetido esta frase tantas vezes quantos jogadores foram contratados este ano pelo nosso clube. Eu sei que ainda há gente dentre os leitores desta seção de colunas que não sedimentaram esta premissa.
Não significa, com o clube democratizado, que as pessoas não possam errar, se equivocar ou pecar por omissão em algumas coisas.
O ser humano é falho, e da mesma forma que o destituído provou sê-lo (e, segundo a Justiça, mal-intencionado), os atuais dirigentes também o são, com o diferencial daquele ter se mantido durante anos a fio encastelado em sua ditadura velada; e com outro diferencial dos atuais dirigentes possuirem fiscais efetivos que são os conselheiros, sócios e/ou torcedores. A democracia consiste tão-somente na possibilidade da participação, direta ou indireta, do “povo” ou “quadro social” ou “torcida”, no processo decisório mediante representatividade. Exatamente no sentido de se corrigir as falhas que porventura surjam na condução do clube ou nação.
No passado, falávamos de flagrantes irregularidades contábeis e financeiras, flagrante incompetência administrativa e evidente desídia para com os interesses do clube diante de interesses particulares/familiais. Agora, falamos de uma diretoria que tenta (eu disse tenta) implementar novos rumos ao clube com um planejamento em longo prazo. E que, até o momento, nada demonstrou de desabonador no sentido de uma saída forçada do comando do Bahia – apenas problemas que agora podem ser resolvidos mediante o voto do seu associado.
Sim, há falhas no atual “Bahia da torcida” (que não deve ser confundido com o “Bahia de Fernando Schmidt” em hipótese alguma) como: contratação de treinador com pouca experiência em equipes de alto nível, contratação de vários jogadores desconhecidos e ligados a empresários (a despeito dos discursos de que isso não seria feito), manutenção de figuras impopulares perante a torcida no clube, atrasos salariais de funcionários menos qualificados (pelo menos este caso foi justificado e sanado), sem falar das supostas influências de interesses externos ao E. C. Bahia – e que inclusive ocupam posição de destaque dentro da agremiação…
Possivelmente falta pulso e autoridade, ou então estão sendo feitas delegações em excesso, com posterior perda de rumo no processo decisório final.
Finalmente, temos dirigente refletindo sobre uma possível saída dos quadros do Bahia: o sr. Reub Celestino. Ventilado em outras ocasiões como um (comprovadamente) competente administrador para a presidência do clube, a instabilidade evidenciada por este dirigente é demonstrativo de que alguma coisa está errada lá dentro, e certamente pode ser consertada com decisões firmes e soberanas por parte do Sr. Presidente do clube.
Pelo recente resultado intracampo em si, não obstante o fato de ser desabonador ao Bahia dentro e fora de campo, é preciso olhar para a frente, parar de se comparar com a margem de erro da estatística e continuar o trabalho que vem sendo feito, no qual ainda confio e sigo na certeza de que se seu objetivo for efetivamente cumprido – garantir a governabilidade dentro do clube – eu já ficarei satisfeito. E encararemos as próximas eleições presidenciais com maior maturidade, exigindo trabalho e não promessas de salvação da pátria.
Seguimos em frente, na necessidade de retomar a hegemonia do futebol baiano e de permanecer na primeira divisão do incógnito campeonato brasileiro em posição melhor que a do ano passado. Até prova em contrário, ainda restam duas metas a alcançar e é preciso continuar caminhando.
Saudações Tricolores!
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