Nosso técnico Evaristo de Macedo afirmou numa entrevista após um dos últimos jogos (contra o Atlético se não me engano) que Bebeto Campos era uma jogador que estava passando por uma “metamorfose”. Muito boa a observação do sábio técnico. Se todos lembram muito bem, Bebetinho é prata da casa – embora já tenha jogado em outras equipes, foi revelado nas divisões de base do Bahia. Sempre foi um jogador com fortes características defensivas. Como volante sempre me agradou muito, é um jogador que marca bem, sabe roubar a bola sem fazer faltas e comete poucas falhas.
Muitas vezes foi um jogador muito criticado por torcedores. Principalmente quando resolvia fazer “algo mais” depois de roubar a bola. Normalmente resultava em passes e/ou lançamentos bisonhos provocando a ira de parte da torcida. Mas dentro do seu papel de desarmar as jogadas adversárias sempre foi muito bom. Nestas últimas rodadas entretanto, Evaristo conseguiu mostrar o resultado de um trabalho de fundamentos que eu acredito que venha sendo realizado com o jogador já há muito tempo. E ele passou a conseguir realizar bem aquele “algo mais” que tanto lhe faltava. Ou seja, Bebetinho consegue agora se aproximar do ataque, trocar passes com qualidade e até fazer gol. Além de tudo, ainda volta pra marcar quando o time perde a bola. É um jogador que ainda não está completo, é verdade, mas está no caminho para se tornar um dos jogadores de meio-de-campo mais completos que poderíamos ter.
Fico muito satisfeito com o resultado do trabalho árduo do próprio Bebeto e do “mestre” Evaristo. Se analisarmos bem, a metamorfose tricolor não para em Bebeto. Podemos ver Preto, volante de origem, seguir o mesmo caminho de Bebeto chegando bem na frente e ajudando muito na armação das jogadas ofensivas. Outro ponto muito positivo destes armadores ex-volantes, é que há uma incrível preocupação defensiva. Se um vai apoiar, normalmente o outro fica. Eles estão preocupados em gerar as jogadas de gol, mas jamais esquecem que tão importante quanto marcar é não levar gols.
Se forçarmos um pouco mais a memória, lembraremos que não é a primeira vez que isto ocorre no Tricolor. Obviamente todos lembram de Uéslei, nosso “pitbull”. Um dos maiores artilheiros do Tricolor, maior artilheiro do Brasil em 1999. Uéslei era volante “de nascença”. Ou seja, era um jogador limitado ofensivamente, com dificuldades para tocar a bola. Um jogador tipicamente defensivo. Mas devido a um bom trabalho com o mesmo, ele também se tornou meia-ofensivo e depois atacante mesmo. Foi mais um exemplo desta metamorfose que fabrica craques no Tricolor. Ainda é cedo para afirmar qualquer coisa, mas um fato é notório: Alex Oliveira e Fábio Costa terão que mostrar muito serviço para recolocar Preto e Bebeto na posição de volantes ou no banco. Num plantel com poucos meias ofensivos, Evaristo conseguiu “fabricar” dois de forma magnífica.
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É impressionante como as instituições que comandam o futebol neste país são endenciosas e desonestas. Em julgamento no TJD, na segunda-feira, Preto recebeu a punição de dois jogos pela expulsão na partida contra o Cruzeiro. Neste jogo o jogador discutiu com Sorin e ambos foram expulsos. O juiz escreveu na súmula que os jogadores chegaram às “vias de fato” trocando empurrões e agressões físicas. Além deste fato não ter ocorrido, o que pode ser amplamemnte comprovado com o VT do jogo, o mais estranho é que, embora segundo o árbitro os dois jogadores tenham “praticado” a violência, apenas Preto foi punido, enquanto o jogador cruzeirenese foi absolvido. Isto é uma vergonha ! Atos como este, desqualificam o TJD para deliberar sobre qualquer coisa no futebol brasileiro. Um tribunal que não tem lisura ou competência para julgar uma simples expulsão de jogador, poderá opinar sobre o que?
Ao que parece, o Bahia começou a incomodar “os grandes” que se sentem ofendidos em ver um time nordestino mostrando em campo que é superior aos “queridinhos” da mídia. Mas não será problema. O Bahia já está acostumado a ter que vencer os adversários, os juízes, a CBF, o TJD, a mídia e todo mundo até conseguir ganhar um título. Foi assim em 59 e também em 88 e enquanto este país for “dominado” por uma mídia elitista, será sempre assim.
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Maravilhoso o triunfo deste domingo sobre o Vasco. Para os que dizem que foi “sorte” do Tricolor, eu digo que foi competência. Os números do jogo confirmam o que estou dizendo. O Bahia teve 7 finalizações corretas durante jogo, contra apenas 1 do Vasco – e mesmo assim já aos 44 minutos do 2º tempo. É verdade que o jogo foi muito mais truncado no meio de campo, mas quem levou mais perigo à meta adversária foi o Bahia. Se alguém merecia vencer esta partida era o Bahia. E assim foi.
Que venha o Grêmio !!!
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Um grande abraço a todos os leitores e até a próxima coluna.
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