Pois é, o Bahia chegou ao octogonal, conforme esperado. É verdade que tecnicamente o fez sem convencer, mas isto era previsto devido à responsabilidade de não ser um franco atirador na competição, mas um clube que teria a obrigação de chegar.
Alguns cuidados, ainda que excessivos, foram tomados por Charles Fabian, e desde então o que se viu foram escores apertados sob a mira de milhões de olhos críticos e céticos, pois o passado recente não dava ao time créditos junto à torcida. A equipe foi galgando degrau por degrau e alcançou o objetivo planejado. Nunca foi brilhante durante o seu trajeto na fase preliminar, mas conseguiu fazer a melhor campanha da Terceira Divisão perseguindo o regulamento, classificando-se, inclusive, antecipadamente. Aí está a leveza, missão quase cumprida.
O peso está na fase que se inicia neste final de semana. Sabemos que a coisa muda e pesa bastante enfrentar um Criciúma (por exemplo) dentro dos seus domínios. É, sem dúvida alguma, uma fase mais qualificada tecnicamente e de igual modo aguerrida. Mas quem pretende deixar a Terceira Divisão para trás não pode sentir medo, necessita de muita valentia e audácia.
Audácia, aliás, é o que verdadeiramente não existe no Bahia de Charles Fabian, mas é preciso mudar também de filosofia, é preciso ousar mais e fazer valer o nome do Bahia onde quer que seja o jogo e contra quem quer que seja. O Bahia precisa e deve jogar com dois cabeças de área e dois meias legítimos que não rifem bolas, pelo contrário, saibam segurá-la e distribuir no momento certo, não se deve culpar a defesa, é o meio de campo que não segura bola no atual esquema de Charles, e aí sobrecarrega a “cozinha” tricolor.
Temos tudo para alcançar o objetivo principal que é estar entre os quatro classificados. O regulamento deste campeonato foi feito de forma a “favorecer” Bahia e Vitória. Nem poderia ser diferente, são clubes que devem estar entre os principais do país, não digo isto de forma demagógica em relação ao nosso rival, é uma questão de coerência. Vejam que Pernambuco está na imininência de ter três clubes na Primeira Divisão, apesar de o Santa Cruz andar ameaçado. Será que isto é bom para a Bahia e para o nosso futebol, eles na Primeira e nós na Segunda ou na Terceira? O futebol nordestino precisa e deve ser mais forte, o Ceará com dois, a Bahia com dois, Pernambuco com dois ou três, e ninguém na terceira.
Quem falar que a CBF ou Virgílio Elísio fez um regulamento visando facilitar as coisas para que Bahia e Vitória subam, estará falando a verdade e não poderia ser diferente, pois não é concebível que um clube como o Bahia esteja rastejando na Série C. A CBF não quer isso, é uma aberração independentemente de quem seja o culpado disso ou dos fatores que o arrastaram prá lá. O fato em si já seria (como é) deprimente, deplorável e vergonhoso.
Portanto, acho que o octogonal de ida e volta é para facilitar mesmo as principais equipes, aquelas que pontuarem mais chegarão na cabeça, qual é o problema? O Bahia não é de onde está, o Bahia é da Série A e tem que ser devolvido à ela. Nesse caso, os caminhos de volta precisam ser facilitados como acho que foram pelo regulamento bem racional. O resto é uma questão de competência, apenas isto.
Continuo dizendo que o elenco é bastante razoável para disputar a Série C, não acredito que algo melhor pudesse ter sido feito, tudo tem limites e no futebol não é diferente, o dinheiro escasso determinou esse limite. Acho que de uma certa forma (já que tivemos que descer) foi boa a experiência, serviu como aprendizado para os nossos cartolas que deveriam ter tido a competência necessária para gerir cada vez melhor o clube. Cito como exemplo o título brasileiro de 88, conquistado a bem da memória em 89.
Ali o Bahia teve tudo para seguir crescendo e transformar-se definitivamente, mas a vaidade pessoal parece ter se realizado com aquele título, e o marketing que o time fez dentro de campo não teve sequência fora dele, estacionamos em cima dos “louros” da vitória à época em sono profundo, e de pesadelo em pesadelo chegamos ao fundo do poço. No caminho de volta apenas pecorremos um trecho, temos aproximadamente uma série e meia até chegar à elite do futebol brasileiro. Será que os dirigentes aprenderam?
O tempo nos dirá, ou melhor; os dirigentes terão que sinalizar com uma melhora acentuadíssima, terão por necessidade que democratizar o clube urgentemente, isso passa primeiro pela consciência de cada membro da diretoria de que o clube não lhes pertence, sim à sua torcida. É preciso satisfazer os interesses de uma nação inteira e não às vaidades pessoais. O exemplo das últimas eleições politicos partidárias é um sinalizador de como funciona a democracia, mostrando que a vontade do povo é soberana tanto em nível nacional como estadual. O Bahia não é diferente quanto ao que diz respeito à democracia e à soberania do seu torcedor, o Bahia precisa ser democrático para continuar existindo.
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Rodolfo Rodriguez, goleiro que atuou no Bahia, vive hoje no Uruguai e mora em sua fazenda distante 228 km de Montevidéo. Cria gado da raça hereford e possui mais de cinco mil cabeças.
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João Evangelista Belfort Duarte, zagueiro central que jogou e foi campeão pelo América do Rio em 1913, morreu curiosamente no dia em que completava 35 anos. Por ser muito disciplinado e sem nunca ter sido expulso de uma partida, virou nome de troféu que premia aos mais disciplinados, BELFORT DUARTE.
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Jésum Gabriel (grande amigo), famoso ponta do Bahia, São Paulo, Cruzeiro e Gremio, mora atualmente em Uberlândia, onde possui escolinha de futebol e é técnico do Gremio Ypiranga.
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Renato do Valle, goleiro que em 82 defendeu o Bahia, jogou pelo Flamengo, Atlético Mineiro e Fluminense do Rio, vive hoje em Uberlândia onde é comentarista esportivo e possui fazenda. Encerrou a carreira de jogador nos Emirados Árabes, após sair do Bahia.
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Mário Brito, muito obrigado pelos elogios à minha coluna passada, colocando inclusive em link. Também não consigo escrever sobre a torcida do Bahia conforme merece, mas fiquei muito linsonjeado com o seu comentário. Obrigado!
comentários
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