“Se Evaristo tirou leite de pedra ao levar o Bahia ao título regional de 2001, ao estadual da temporada passada e uma positiva colocação no Campeonato Brasileiro, Bobô vem retirando leite e mel dos lajedos do Fazendão”.
(Armando Oliveira)
Saudações, Nação Tricolor!!!! É com imenso prazer que retorno às atividades de colunista do site ecbahia.com.br tentando manter a costumeira periodicidade quinzenal nas nossas colunas. Como todos já devem ter percebido, o assunto central desta coluna é atuação de Bobô como técnico do Bahia. Longe de ser defensor de Bobô ou de qualquer outra pessoa, pretendo apenas manifestar minha opinião, fundamentando-a com fatos irrefutáveis. Para começo de conversa, a escolha de Bobô para a função de treinador, embora prematura, já fazia parte do planejamento da direção Tricolor para o ano de 2003. A postura do ídolo, enquanto jogador, e suas próprias palavras antes e depois de assumir o cargo, criaram uma expectativa enorme na torcida
tricolor em ver um time extremamente ofensivo. Nada mais natural. O que temos que perceber é que nossa expectativa não era a de ter uma equipe com o mesmo grau de ofensividade que o time de Evaristo e, sim, uma equipe muito mais ofensiva que a do ano passado. Entretanto, nos esquecemos de um fator essencial: os jogadores, na maioria, eram os mesmos, com alguns desfalques e
a vinda apenas de Alan e Sérgio Alves como reforços externos. Todos os demais reforços vieram das divisões de base, na sua maioria, jogadores com um grande futuro pela frente, mas que naturalmente oscilarão boas e más apresentações, dada sua pouca experiência. Ou seja, o ponto importante aqui é enfatizar que Bobô encontrou à sua disposição um material humano, na melhor das hipóteses, similar ao do ano passado, sendo que podemos considerar uma certa inferioridade, dada a limitação do tamanho do elenco e, conseqüente, falta de peças de reposição em diversas posições.
Não bastassem as questões referentes a elenco e expectativa citadas acima, temos que levar em consideração o fator “responsabilidade” que é inerente ao cargo de técnico do Bahia. Para esclarecer este ponto, peço ao amigo Tricolor que se coloque na posição de um estudante recém-formado, ou seja sem experiência numa determinada profissão, e que recebe a oportunidade de ouro de presidir uma empresa com uma base superior a 1 milhão de clientes. A organização fechou o ano, antes de você assumir, com uma imagem positiva perante sua clientela, embora não tenha obtido resultados extraordinários. Isto é, superou as expectativas, pelo menos. Você, no seu primeiro dia como novo presidente, mudaria radicalmente a estratégia da empresa, adotando uma nova estratégia diametralmente oposta ? Ou procuraria manter a estratégia anterior e, quando ela começasse a apresentar falhas específicas iria ajustando-a até chegar numa estratégia diferente e melhor ? Se levarmos em consideração que, apesar de inexperiente, você é responsável e não quer ver sua imagem ir por água abaixo logo no início de carreira, provavelmente deve ter escolhido a segunda opção mais cautelosa e inteligente, para esta situação. Voltando ao Bahia, Bobô optou exatamente pela postura mais cautelosa e inteligente. Seria absurdamente irresponsável mudar a postura tática de uma equipe vencedora sob a batuta de Evaristo, principalmente considerando-se que o elenco foi reduzido. Se desse certo tudo bem, mas se perdêssemos uns dois jogos, já estariam todos pedindo a cabeça de Bobô muito mais enfaticamente do que pediram por ele não mudar.
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Tudo bem que ele esperou as conjunturas para mudar o time, ou seja, esperou que contusões o forçassem a efetivar Alan e, depois, Sérgio Alves no time titular. Mas lembrem que ele é um discípulo de Evaristo, que sempre seguiu este estilo. Quantas vezes Evaristo passava semanas ou até meses a fio insistindo numa formação titular que desagradava à torcida ? Em geral, tudo que a torcida pedia só vinha depois de alguma situação de contusão, e se desse certo, ele efetivava depois. A mesma linha do “Mestre” vem sendo seguida por Bobô. Claro que é uma opção de método de trabalho que tem benefícios e desvantagens. Mas não é nada muito diferente do estilo Evaristo.
Eu, particularmente, não esperava, principalmente em função da substituição do comando técnico, que o Bahia chegasse ao mês de abril com uma campanha destas: segundo colocado no Nordestão e classificado para as quartas-de-final da Copa do Brasil. Para mim, o trabalho de Bobô vem superando as expectativas. Como todo iniciante, ele ainda tem muita estrada para percorrer e muita coisa para aprender, mas se a torcida tiver, no mínimo, metade da paciência que tinha com Evaristo, confio que em breve teremos grandes resultados com Bobô comandando o Tricolor. Se pensarmos “menos com o coração de torcedor” e mais com a cabeça, racional e fria, veremos que o comando técnico Tricolor está num caminho certo, caminho de resultados a médio prazo, mas ainda assim correto.
Outro aspecto importante a ser analisado é a questão das contratações, mas este é um assunto que guardarei para a próxima coluna. Saudações Tricolores para a Nação Tricolor e parabéns especiais aos garotos do nosso time júnior pela conquista do Bicampeonato em Marseille. Tem gente no Aterro que já está babando de inveja…
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