é goleada tricolor na internet
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Publicada em 4 de novembro de 2014 às 00:00 por Autor Genérico

Autor Genérico

A Democracia não merecia isso

Pense um time que não consegue se articular em campo, não acerta um passe no meio, as jogadas de ataque sempre saem na base do lançamento e do passe longo (quase sempre errado), trezentos volantes fazendo uma muralha de pernas de pau no setor de criação… e tal time tem, muito frequentemente, o goleiro ou um zagueiro como “ídolo”. Dá a impressão de não ter gana, nem força… sabe aquela sensação de que a equipe agride o adversário e inspira confiança em um triunfo, mesmo que este triunfo não ocorra? Há tempos não se percebe tal sensação no EC Bahia.

Este primeiro parágrafo, com adaptações, poderia ilustrar colunas em qualquer época desde o longínquo 2003. Com um ou outro lapso, entendemos que não obstante a crise de qualidade dos atletas brasileiros, agravada pelo desastre canarinho na copa doméstica recente, parece que o Bahia não dá uma dentro quando o assunto é contratar jogador.

Para chegar a tal conclusão, basta olhar o último time escalado na derrota contra o Palmeiras e perguntar: quantos destes jogadores são oriundos das categorias de base? Dos que não vieram da base, quantos eram titulares absolutos em clubes do G12 do Campeonato Brasileiro ou de equipes internacionais com títulos expressivos? Decerto, para disputar um Brasileirão em condições de igualdade com o G12, é preciso ter “mercado”, com peças de qualidade à sua disposição. Há outra alternativa, mais aplicável a clubes pequenos e medianos, que é o investimento em longuíssimo prazo nas divisões de base, cujos frutos tem tempo incerto para brotar das flores do trabalho benfeito.

Além das contratações visivelmente sem critério, observa-se a zica de jogadores como o internacional Primo de Messi. Constatamos que este atleta, ao perder a essência do chorume canabravano incrustado em sua alma, voltou a ser um jogadorzinho mediano, inefetivo e bichado. DNA à parte, observo que o seu irmão menos famoso por ora merece continuar no Bahia… além do argentino ex-matador, até agora os quinhentos atacantes que vestiram o manto tricolor este ano, o bom Kieza incluído, não disseram a que vieram. Vamos combinar… com um meio-campo desses a bola chega lá na frente muito mastigada e queima o atacante também!

Como diria Ferran Soriano, a bola não entra por acaso. Por trás dos desencontros do Bahia dentro de campo, seguem os mesmos problemas vistos desde a instituição dos pontos corridos no Brasileiro, com raízes mais profundas no modelo mais do que desgastado de gestão dos clubes nordestinos, o qual vem sofrendo grave crise existencial. Os paradigmas de centralização político-administrativa, ingerências e interferências administrativas superiores diversas nas áreas finalísticas do clube (não delegar funções), partidarização da gestão, inclusive como trampolim eleitoral político-partidário (taí o Eterno que não me deixa mentir); culto à personalidade de dirigentes e complexo de vira-latas (traduzido em frases de outrora como “mercado aquecido demais” e metas vagas de sucesso) permanecem vivos, muito vivos não apenas no EC Bahia, como também em praticamente todos os outros grandes nordestinos como o rival, os três grandes pernambucanos e os dois grandes cearenses.

Com a instituição da Democracia e o mandato tampão do presidente Schmidt, houve no começo um fio de esperança em grandes mudanças, porém as mudanças havidas não tiveram impacto significativo na situação atual do clube e a triste situação financeira do Bahia tem piorado cada vez mais, culminando tal caldo de problemas em pedido de demissão de um dirigente no qual se depositou grande expectativa quanto à sua capacidade gerencial. Entretanto, como democracia (vou repetir de novo) é meio e não fim, os problemas voltaram a aparecer de forma bastante veemente e tudo continua no mais do mesmo.

A Democracia não merecia tudo isso, mas infelizmente esta é a dura realidade: o Bahia vai cair para segunda divisão, salvo um milagre de Todos os Santos que só costuma se repetir de Fast em Fast ou de Raudinei em Raudinei.

Após quatro anos na primeirona, aos trancos e barrancos, a queda parece mais próxima do que nunca. Comemorar classificação à Sulamericana não deveria ser meta: a verdadeira meta deveria ser o título desta competição propriamente dito.

Esta, inclusive, é a realidade de todos os nordestinos. O rival deve cair junto conosco, e o rubro-negro pernambucano deve ter uma breve sobrevida de um a dois anos. Os problemas do futebol nordestino são, antes de tudo, de mercado e de desenvolvimento. Pena que o desenvolvimento do futebol ainda não acompanha o rápido crescimento econômico observado na região Nordeste como um todo.

xxx

As eleições presidenciais da República passaram, e o resultado garantiu a continuidade do governo “do social” chafurdado na lama da corrupção e ineficiência administrativa. Apesar da vontade do povo, homologada pelas urnas, há setores sociais que ainda creem em fraudes, espalhando a dúvida por meio de boatos bem editados em redes sociais (a mando de quem?). O efeito colateral da democracia é que o choro é livre, e aqueles que detestamos podem perfeitamente se manifestar livremente como garante a Bíblia Democrática de 1988; inclusive quando nós mesmos somos os detestados…

Pela primeira vez na História do Bahia, várias correntes de pensamento disputarão o pleito com vistas a obter o honroso título de Salvador da Pátria de Itinga a Dias d’Ávila: fala-se no candidato “tutor” da Intervenção, o qual sob Juízo é uma coisa e sem Juízo é outra (tomara que tenha juízo de fato); fala-se também no distinto e educado senhor que tem livre trânsito nas hostes da cebeéfe; tem aqueloutro que é mestre em agenciar atletas talentosos, com grande trânsito na torcida… tem o distinto engenheiro que um dia levou um pescotapa do falecido que ria à toa; tem o advogado “dos caras”… gente ligada ao passado e gente com olho no futuro. E ainda dizem que a Democracia é ruim, que é coisa do partido tal, que o outro de antigamente era melhor… quer coisa melhor do que ter tantas opções???

Aprendemos com os erros mais do que com os acertos, pois errando menos, acertamos mais, sabendo bem o que não deve ser feito.

Um dia o Brasil nem podia escolher. Hoje temos dilemas de países desenvolvidos: servir ao Deus Mercado ou servir ao Povão? Pibinho ou Pibão? Corruptinho ou Corruptão? O senhor de blazer azul ou a senhora de terninho vermelho? Marx ou Mises??? Pois é: agora o Bahia também tem possibilidade de escolha.

Parodiando o roqueiro pernambucano: segue a tua, segue a sina a sua sede sanguinária/Sua arte sina cena de falar sua sentença!

Finalmente, parodiando o palhaço eleito democraticamente pelos raivosos paulistas para se homiziar no Cumbucas Tower em busca da aposentadoria: pior que tá, não fica!

Que Deus e todos os seus assessores protejam o Bahia e deem alento a sua mais que entristecida torcida.

Saudações Tricolores!

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